O Tribunal de Aveiro começou hoje a julgar quatro homens acusados de sequestro e tentativa de homicídio de uma jovem, que alegadamente terão amordaçado e atirado ao Rio Vouga na madrugada de 11 de Março de 2005. Os quatro arguidos, um reformado, um isolador de edifícios, um talhante e um desempregado, todos em prisão preventiva, optaram por não prestar declarações ao Tribunal. São acusados da prática dos crimes consumados, em co-autoria, de sequestro, roubo e dano e ainda de homicídio qualificado, na forma tentada, sendo um deles também acusado de um crime de detenção de arma proibida. Celso Cruzeiro, advogado da vítima, anunciou aos jornalistas que pretende "pedir o máximo da moldura penal, em qualquer dos crimes". "Se não for o máximo legal, será muito próximo do máximo. A intensidade do dolo é uma coisa dificilmente repetível e até imaginável", comentou. Durante o dia de hoje, o Tribunal ouviu o relato da vítima, a jovem que na madrugada de 11 de Março, quando regressava a casa, foi raptada e atirada ao Rio Vouga, conseguindo desembaraçar-se das fitas com que tinha sido amordaçada e escapar com vida. Foram ainda ouvidas várias testemunhas, entre inspectores da Polícia Judiciária ligados à investigação e pessoas próximas da vítima, bem como os moradores de Cacia a quem ela pediu socorro nessa noite. De acordo com a acusação, os quatro arguidos decidiram assaltar pessoas que circulassem sozinhas na estrada que liga as praias da Costa Nova e da Vagueira. Terá sido o que aconteceu à rapariga que, ao volante do seu carro, foi ultrapassada por um dos carros dos assaltantes, que se atravessou no seu caminho. Ao tentar inverter a marcha, foi bloqueda por outro carro e ainda tentou pedir socorro pelo telemóvel, que lhe foi arrancado, depois de lhe terem partido o vidro do carro, que havia trancado. à força, foi depois metida na bagageira do carro e levada para um local ermo, onde teve de revelar os códigos do Multibanco. Não satisfeitos e temendo ser denunciados pela vítima, os quatro tê-la-ão imobilizado e vendado com um rolo de fita isoladora, transportando-a para as imediações da ponte de Cacia, onde a atiraram ao Rio Vouga, num local de grande caudal e com uma profundidade de três metros e meio, dando depois o mesmo destino ao carro. Segundo a acusação, "apenas não morreu devido ao facto da fita adesiva, que a atava, em contacto com a água e aos movimentos por si efectuados, se ter descolado, permitindo-lhe soltar-se e regressar à margem". O julgamento prossegue dia 19, pelas 09:30, com a audição das restantes testemunhas. |