Para Litério Marques, que se vai recandidatar à câmara de Anadia, “o interesse municipal está acima de qualquer questiúncula partidária” e passa “por melhores estradas, melhores escolas, mais saneamento, melhor abastecimento de água, mais apoisos às associações”. Uma das áreas prioritárias será a educação, enquanto as acessibildades, que considera o grande problema do município, vão continuar a merecer uma atenção muito especial. JB - Afirmou na apresentação que “sou candidato e tenho um ante-projecto para quatro anos”. Afinal, quais as grandes linhas de força e obras constantes deste novo desafio? LAM - O ante-projecto da minha candidatura baseia-se, essencialmente, na continuação do trabalho desenvolvido neste mandato. Trata-se, naturalmente, de um projecto que visa o desenvolvimento do concelho, na vertente das vias municipais, das instalações desportivas, culturais e sociais, e em continuar a fazer chegar as redes de saneamento a todas as Freguesias do concelho. Estamos a pugnar pela qualidade de vida dos cidadãos, apostando, essencialmente, nas obras, ainda que pequenas, mas que possam dar resposta ao apelo constante dos munícipes. JB - Na altura, apresentou-se sozinho, sem ninguém da Comissão Política concelhia ou figura nacional. Se não significa que é um homem só, quer dizer que é um homem forte para o leme, que sabe o que quer para Anadia e onde quer chegar no próximo mandato, se for o vencedor? LAM - Naturalmente que nunca podemos fazer seja o que for sem estarmos integrados numa equipa. Essa, à partida, já existia. Uma equipa com provas dadas, portanto, conhecedora dos problemas do Município. A apresentação da candidatura de forma isolada, não significa homem forte ou solitário, representa, sim, o assumir de um compromisso para com os meus munícipes, que pretendia concretizar com uma equipa que, após esse acto, iria convidar. A ausência de figuras nacionais justifica-se de uma forma plena, uma vez que as mudanças governamentais que se sucedem levam a concluír que uma Autarquia tem de ter a capacidade de trabalhar com todas as forças políticas, não se vinculando, naturalmente, a qualquer uma delas. O interesse municipal está acima de qualquer questiúncula partidária. O que queremos, naturalmente, se vencermos, é que Anadia decida, sem a pressão daqueles que só pretendem reivindicar aquilo que nem sempre é do interesse dos Anadienses. JB - Afirmou, ainda, que “vai ser um mandato em beleza e dedicado às freguesias e suas gentes”. a)Que quer dizer com um “mandato em beleza”? Vai dedicar-se à urbanização de largos, por exemplo? b)Que vai concretamente fazer nas freguesias para servir as suas gentes? LAM - Um mandato em beleza é aquele que é possível fazer sem condicionamentos de ordem financeira ou programática, ou outros constrangimentos, relativamente ao mandato que agora vai terminar. Concretamente as obras serão sempre aquelas que os cidadãos reivindiquem e que venham a justificar uma mais valia no desenvolvimento do concelho. A urbanização de largos, ou de outros locais que embelezam as nossas Freguesias, será sempre conseguida, se as solicitações das Juntas de Freguesia ou das Comissões demonstrarem a sua real utilidade. As pessoas das Freguesias sabem bem o que querem e aquilo que nos solicitam no dia-a-dia são melhores estradas, melhores escolas, mais saneamento, melhor abastecimento de água, mais apoio às Associações, em suma, mais obras que venham a beneficiar esses agregados urbanos de forma a que aí vivam e se sintam bem. JB - Ao fim e ao cabo, quais as grandes obras que podem mobilizar os eleitores? LAM - Todas aquelas que, pelo seu impacto, possam gerar, em cada estrato social, o gosto de viver no concelho de Anadia. JB - Afirmou ainda que, olhando para as candidaturas da oposição, “não existem projectos de vulto, mas sim, coisas avulso”. Especifique e compare, por exemplo, um projecto do partido socialista. LAM - Não comento projectos que desconheço. Todavia, a imaginação das pessoas, felizmente, é fértil, e nunca me recusarei, caso seja eleito, a dar corpo a qualquer projecto, quer seja proposto pelos partidos, pelas associações ou por pessoas de forma individual. JB - Afinal, qual é o projecto que “vai levar Anadia a sobressair de todos os municípios da região”, conforme afirmou na apresentação? LAM - Já hoje Anadia se distingue, ou sobressai, dos concelhos limítrofes. Basta olhar para a magnífica localização da Feira da Vinha e do Vinho e para o sucesso do evento, para o espectacular Complexo Desportivo, sem esquecer, no entanto, a qualidade de desenvolvimento urbano do nosso município que, embora condicionado por um PDM que teimosamente se mantém por aprovar, tem havido o cuidado, mesmo por parte do cidadão comum, de não construír de forma anárquica, como, infelizmente, se vê por todo o lado. JB - Vai manter “a continuação do não pagamento da taxa de lixo, manter as taxas do Imposto Municipal de Imóveis mais baixas de toda a região”? LAM - Tenho a noção da dificuldade dos Anadienses, em especial, em tempo de crise. Decidimos, muito antes do “anúncio das vacas magras”, ajudar, de alguma forma, os nossos munícipes, fazendo aprovar taxas meramente simbólicas sobre a recolha do lixo e, inclusivamente, em ano de seca, baixar o preço da água e reduzir o valor do IMI (Imposto Municipal de Imóveis) para a taxa mínima permitida por lei. É lamentável que se entreguem às Câmaras Municipais novas competências, mas que, ao mesmo tempo, lhes sejam determinados pagamentos de taxas que, efectivamente, nem sempre estão ao alcance de todas as bolsas. JB - Que quer dizer com “é necessário restaurar o equilíbrio entre o centro e a periferia”? LAM - Quando iniciei as minhas funções de Presidente da Câmara Municipal, o concelho estava num grande marasmo. Tínhamos de começar por algum lado. A lógica do investimento, os apoios conseguidos, dirigiam-se para infra-estruturas que ainda não existiam na sede do concelho e que era urgente executar. Assim fizemos. Hoje, o nível de desenvolvimento na sede permite-nos alguma disponibilidade financeira para acreditarmos que o mesmo possa, finalmente, chegar à periferia. Assim, tudo faremos para que os projectos de que as freguesias mais careçam possam, em breve, ser concretizados. JB - Mas a sua candidatura vai naturalmente dar atenção à cultura e ao ambiente? LAM - A cultura, em Anadia, passa pela utilização, por parte das populações, das obras que foram inauguradas, a pouco e pouco. São exemplo disso, o Museu do Vinho Bairrada e o Centro Cultural de Anadia. A Feira da Vinha e do Vinho é o expoente de uma cultura popular que os Anadienses acarinharam e sobre a qual prestaram os maiores elogios. Outras instalações irão surgir, tais como, o Cine-Teatro, a Biblioteca, a Pista de Ciclismo de Sangalhos, inúmeros polivalentes desportivos, nomeadamente, Moita, Famalicão, Sá, Amoreira da Gândara, Cerca, Poutena, entre outros, que são locais onde a cultura e o desporto, respectivamente, se encontram de mãos dadas. Quanto à questão do ambiente, continuaremos a apostar na limpeza de matas, na recolha de lixo e na limpeza dos rios. Naturalmente, uma grande aposta irá para o saneamento, sendo exemplo disso, a rede de saneamento da Malaposta até à ETAR de Sangalhos, cuja primeira fase se encontra em execução, e para a qual se está a efectuar uma grande esforço financeiro. Prioridades JB - E quanto a políticas de ordenamento e qualificação urbana? LAM - A principal política de ordenamento que gostaríamos de concretizar será, sem dúvida, a aprovação do PDM (Plano Director Municipal), já que será este o instrumento que definirá as regras principais de ordenamento do território do concelho. Por outro lado, vamos apostar na expansão de novas zonas urbanas, bem como em novas zonas industriais, ampliando, também, já algumas existentes. Todo este grande projecto obriga, necessariamente, ao investimento na qualificação urbana que, para além da construção das várias infra-estruturas e das acessibilidades, carece de espaços verdes e de lazer. Porém, existe, ainda, algum trabalho a ser realizado nas zonas urbanas existentes, nomeadamente no reordenamento do trânsito, na melhoria da sinalização, em mais e melhor apoio na recolha dos lixos, limpeza dos arruamentos, na beneficiação de passeios e na reformulação da iluminação pública. JB - Que outras áreas são igualmente prioritárias? LAM - Uma das áreas prioritárias será, sem dúvida, a educação. Temos de continuar a lutar e a trabalhar para garantir que os nossos alunos tenham a mesma qualidade de ensino e de instalações que os alunos dos grandes centros. Continuaremos empenhados a trabalhar no âmbito da acção social, nomeadamente: - distribuir às crianças das Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, a refeição na hora do almoço; - apoiar as famílias carenciadas na reabilitação das suas habitações. Estaremos igualmente empenhados em desenvolver vários projectos que envolvam os jovens e os mais idosos, no âmbito da rede social. E por falar em jovens, gostaríamos que estes cada vez mais desfrutassem da utilização dos vários espaços desportivos e culturais que o Município lhes oferece, bem como do apoio que vamos dando na implementação das novas tecnologias, nomeadamente no espaço Internet disponível. Como já foi referido, outra das nossas prioridades será o saneamento e a qualidade do Ambiente, em geral. Temos pronto o projecto para a construção de um canil municipal, que irá ser iniciada já em Setembro. Esta tem por objectivo resolver, de uma vez por todas, o problema dos animais abandonados no concelho. Estamos, também, disponíveis para estabelecer uma parceria com a Associação ASADIA, que tem em vista a construção de uma obra que poderá ser complementar ao Centro de Recolha Municipal. O nosso grande problema JB - Como vamos tratar as acessibilidades? LAM - As acessibilidades são o nosso grande problema, ainda que a questão das rotundas da Curia e Vale da Bica esteja em fase de resolução. No entanto, continuamos a pensar que qualquer Executivo tem o direito de continuar a reivindicar o nó da Auto-Estrada, a Variante ao IC2, ou a construção do IC12, a qual já foi preterida pelo alargamento do IP3. É um facto que a inexistência de boas acessibilidades condiciona o desenvolvimento. Contudo, continuamos a acreditar que a criação da Universidade da Curia/Anadia ainda representa, para nós, um trunfo, uma vez que já decorre, neste momento, o processo de reconhecimento de interesse público. Lutamos por aquilo em que acreditamos e consideramos que os direitos só deixam de o ser quando, efectivamente, os mesmos tiverem sido realizados. A escolha de Anadia para Centro de Estágio Oficial do UEFA Euro 2004 e, agora, para a realização do jogo PortugalxLetónia, de Sub-21, no âmbito da qualificação para o Campeonato da Europa, são bons exemplos da forma como Anadia é vista de fora. Acredito, sinceramente, que esta tem de ser a luta que qualquer Anadiense, de bom senso e, independentemente da sua ideologia, terá de prosseguir. JB - Acredita que a sua equipa é suficientemente capaz para levar a bom porto esses projectos? LAM - A minha equipa demonstrou, neste mandato, capacidade de trabalho e determinação. Agora, relativamente renovada, tenho a certeza de que, com o conhecimento e experiência adquiridos neste mandato, será a equipa que Anadia precisa. JB - Caso vença as eleições, quais vão ser as grandes diferenças em relação ao presente mandato? LAM - Este mandato foi de trabalho, persistência, dedicação e sacrifício. O próximo será rigorosamente igual. Não consigo adivinhar o futuro, portanto, não me ficaria bem prometer, como é vulgar os políticos fazerem. Caros munícipes, penso que o slogan que pode responder a todos os outros slogans se resume a duas palavras, trabalho e confiança. JB - Tem necessidade de afirmar que “a governação do Prof. Litério Marques é transparente, honesta e qualquer tipo de insinuação é meramente especulativa”? LAM - A transparência, a simplicidade e a honestidade são atributos que todos os cidadãos gostariam de possuir e que eu faço questão de honrar. Por isso, espero que os cidadãos o constatem e o reconheçam. Diga, Excelência Quem é Litério Marques? LAM - Um professor primário, que desde muito jovem se dedicou ao serviço público, através da participação em Associações, Juntas de Freguesia e Câmara Municipal. É um “durão” dentro e fora da Câmara? LAM - Sou um conversador, em alta voz, por deformação profissional. Qual o político que mais admira? LAM - Khofi Annan, pela sua imparcialidade e capacidade de diálogo com todas as vertentes políticas. Defina os candidatos do PS, CDS e CDU. LAM - Até prova em contrário, são todos bons. Que género de livros lê? LAM - Livros sobre temas científicos. Que tipo de música ouve? LAM - Gosto de toda a música, preferencialmente portuguesa. Qual o seu hobby preferido? LAM - Refugiar-me no espaço agrícola. O contacto com a natureza fortalece-me o espírito. Não estando na Câmara, onde gosta de estar? LAM - Junto dos amigos e da família. Tem alguma coisa a ver um professor com um presidente de Câmara? LAM - Talvez não. Mas o certo é que, em ambas as situações, temos de aprofundar os nossos conhecimentos para podermos estar à altura dos grandes projectos. Qual o prato regional que mais lhe é apetecível? LAM - Leitão assado à Bairrada. Que leitura faz das cartas anónimas? LAM - Já não as leio. |