Numa organização da AAMARG (Associação dos Amigos dos Moinhos e Ambiente da Região da Gândara) e ASCDRL (Associação Sócio-cultural e Recreativa de Leitões, está patente ao público, de 5 a 31 do corrente mês, uma exposição de fotografia, intitulada “Fragmentos da Gândara” e rotativa (Juntas de freguesia de Mira, Praia de Mira, Seixo e Carapelhos e ainda S. Caetano, do concelho de Cantanhede, que, por sua vez, apoiam este evento, bem como a câmara de Mira e governo civil de Coimbra. As fotografias têm a assinatura de Adriana Terrível, António Pinto, Bruno Oliveira, Euclides Griné, Francisco Leal, Hélder Patrão, Ilda Silva, João Luís Pinho, João Petronilho, José Vingada, Nuno Rico, Pedro Soares e Rui Terrível. Os objectivos são: Dar a conhecer o património cultural e natural da Gândara, através de um conjunto de 124 fotografias, distribuídas por 5 locais; Sensibilizar os que fruem das riquezas patrimoniais e ambientais da Gândara para a sua preservação e promoção; Promover a fotografia como instrumento de recolha de informação, de conservação e de valorização cultural e ambiental; Afirmar, de forma responsável, a vertente formativa e a dimensão cívica do associativismo. Na perspectiva dos organizadores, a Região Gandareza, onde os Concelhos de Cantanhede e de Mira se inserem, não tem sido tão divulgada e enaltecida, como, em nossa perspectiva, merecia. O gandarês, familiarizado que está, ou julga estar, com o chão que pisa, acha-se sapiente de tudo, quando muito ignora. O que passa, repara na vastidão do oceano, da duna e da floresta, mas não vê a têmpera dos que ainda lavram a terra e o mar, a fibra das mulheres, o pardal que furta a semente, indiferente ao espantalho, o chiar dos eixos sem unto de carroças desconchavadas, os veios de água que vagarosamente deslizam nos regos da leira e emprenham a terra. A Gândara despertou o interesse de poetas. Dessa alvorada de rimas, já mal se ouve o eco? Invente-se nova poesia. É um repto. Verdadeiros poetas da imagem, os fotógrafos amadores aceitam-no. E invadem a floresta, trepam a duna, desafiam o mar. E saltam. Saltam muros de quintais, como cachopos. E depois de tudo verem, reparam em algo nunca visto: a dimensão do seu ser, feito de memória, de verde e de espanto. |