A Direcção-Geral da Saúde elevou hoje para laranja o nível de alerta dos efeitos do calor sobre a saúde em Leiria, Santarém, Lisboa, Setúbal, Castelo Branco, Évora e Beja, considerando que são previsíveis efeitos sobre a mortalidade. O alerta laranja é o segundo mais grave na escala de quatro cores (azul, amarelo, laranja e vermelho) definida pela Direcção-Geral de Saúde (DGS) no âmbito do Plano de Contingência para as Ondas de Calor. Este alerta corresponde a uma situação de onda de calor, em que as elevadas temperaturas sentidas ao longo de alguns dias levam a que sejam esperados "efeitos graves em termos de saúde e mortalidade". Entre o final de Julho e 15 de Agosto de 2003 a onda de calor que afectou Portugal terá causado 1.953 mortes, das quais 14 foram directamente atribuídas às altas temperaturas (golpe de calor). José Robalo, sub-director geral da Saúde, pormenorizou, em declarações à Agência Lusa, que a decisão de aumentar o nível de vigilância para alerta laranja visa precisamente "prevenir" efeitos sobre a mortalidade, chamando a atenção da população para a necessidade de se proteger das temperaturas elevadas. José Robalo realçou que a DGS não tem, até ao momento, indicações que haja um aumento da procura de cuidados de saúde motivada pelo calor. O responsável da DGS adiantou também que, no âmbito do nível de alerta laranja, os Centros Regionais de Saúde Pública (CRSP) devem identificar abrigos, ou seja, locais mais frescos, como centros comerciais ou igrejas, para onde possam vir a ser transportadas pessoas mais sensíveis ao calor. Cabe também aos CRSP identificar quais as populações que poderão ter necessidade de beneficiar desta medida, como, por exemplo, os residentes em lares de idosos. Porém, o sub-director geral da Saúde frisou que não foi necessário proceder à transferência de ninguém para estes abrigos e manifestou-se confiante de que "é capaz de não vir a haver necessidade disso". "Se as temperaturas elevadas se mantivessem para além de Domingo, talvez houvesse necessidade, mas uma vez que se prevê que estas baixem, pode ser que não seja necessário", explicitou José Robalo. Os distritos agora colocados em alerta laranja estavam em alerta amarelo (o segundo menos grave, em que são previsíveis efeitos sobre a saúde) desde quarta-feira. Neste nível de alerta estão hoje os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real, Bragança, Aveiro, Coimbra, Viseu, Portalegre e Faro. No nível mais baixo de alerta, o azul, que corresponde a uma situação de vigilância, está o distrito da Guarda. A DGS salienta que as populações dos distritos em alerta laranja e amarelo, em particular as pessoas mais vulneráveis ao calor (idosos, pessoas acamadas ou que vivem isoladas, doentes crónicos, bebés e crianças), devem tomar medidas de protecção. Entre estas está o evitar esforços físicos e a exposição directa ao sol nas horas de maior calor (entre as 11:00 e as 16:00), recomendando-se ainda que as pessoas permaneçam "pelo menos duas a três horas por dia num ambiente fresco". O aumento da ingestão de líquidos - embora sejam de evitar "bebidas alcoólicas, gaseificadas e com cafeína, porque podem provocar desidratação" - é recomendada pela DGS, que lembra também que a Linha de Saúde Pública (808 211 311) está disponível para fornecer mais informações. |