A seca que tem atingido a maior parte das regiões do Continente, está a provocar graves prejuízos na agricultura. As consequências negativas não são visíveis, apenas, no imediato, mas irão prolongar-se por todo o ano agrícola. Este fenómeno tem provocado quebras que rondam os 70%, face a 2004, na produtividade dos cereais, pelo que se antevê uma das piores campanhas das últimas décadas. Existem igualmente fracas perspectivas para as sementeiras de Primavera/Verão, pois a falta de humidade no solo e a escassa disponibilidade de água para a rega retraiu os agricultores que optaram por reduzir as áreas habitualmente semeadas. No sector pecuário, a existência de uma deficiente alimentação natural para o gado e a escassez de reservas forrageiras tem obrigado ao consumo extraordinário de rações industriais, bem como à aquisição de palhas fora do mercado nacional. E esta é uma realidade com consequências como o aumento dos custos de produção, ou a diminuição da qualidade dos produtos de origem animal. Também a destruição das culturas de cereais, além dos prejuízos causados às entidades patronais, retirou aos trabalhadores da agricultura (a maior parte deles sazonais e alguns permanentes) a oportunidade de emprego nas colheitas. Acredita-se que a oferta laboral pode agravar até Setembro, época por excelência das colheitas agrícolas. O problema centra-se no facto de 90% dos trabalhadores agrícolas serem ilegais, o que inviabiliza a sua inscrição nos centros de emprego. Esta situação ganha contornos ainda mais graves quando sabemos que estes trabalhadores não beneficiam de seguros, Segurança Social ou de qualquer direito a subsídios para sobreviverem. Assim, os agricultores esperam que as medidas do Governo possam ajudar a minimizar a perda de rendimentos, de forma a poderem garantir os seus postos de trabalho. José Encarnação |