O desespero é tal (por já não saber a quem recorrer) que as lágrimas lhe correm pela cara abaixo, sempre que recorda o martírio que tem de passar, diariamente, para sair e entrar em casa. Embora JB, em Fevereiro, tenha denunciado o problema de Dulce Alves, residente na freguesia de Sangalhos, a verdade é que, até à data, nada foi feito, não existindo qualquer solução - minimamente aceitável - para ultrapassar o isolamento a que foi votada com a construção da nova variante. Bombeiros desesperam para chegar à habitação Dulce Alvese a sua mãe, Leontina Leitão estão isoladas do resto da povoação de Sá, tudo por causa da construção da nova variante que lhes veio “cortar” o acesso à estrada que durante décadas utilizaram, a escassos vinte metros de casa. Com as obras da nova via, que liga Sangalhos a Oliveira do Bairro, estas habitantes de Sá estão com o acesso à sua habitação condicionado e sem nenhuma alternativa digna. Na verdade, a nova e larga via veio cortar o acesso à única estrada que tinham para chegar a casa. Neste momento, o único acesso à habitação, onde residem, é feito por um estreito caminho de terra, ou melhor dizendo, “caminho de pó e de lama”. Uma situação agravada pelo facto de Leontina Leitão ser uma septuagenária doente que, frequentemente, necessita de se socorrer dos bombeiros que desesperam para chegar à habitação. Em Janeiro, teve de ser transportada de urgência para o hospital e os bombeiros, por não conseguirem chegar com a ambulância até casa da idosa, tiveram de ficar do outro lado de lá da variante, na altura ainda sem vedação, e atravessar a senhora ao colo de casa para a ambulância. O insólito caso passa-se na Rua dos Olheiros (Sá) que mais parece uma rua terceiromundista que nunca viu alcatrão, ou coisa parecida. Embora a empresa a quem foi adjudicada a construção da variante tenha já alcatroado, parcialmente, uma via paralela à variante, que passa junto à sua casa destas moradoras, a verdade é que a estrada permanece, até hoje, inacabada. Para o lado poente o trajecto faz-se pelo meio de um caminho rural, em terra batida e onde dificilmente passa um ligeiro. Para nascente - em direcção à Caramula - o trajecto faz-se por uma estrada em tout venant, inacabada, que vai ligar à nova variante. Para trabalhar, Dulce Alves, que se desloca de scooter, nenhuma das alternativas é boa, já que a estrada está, ora para um lado inacabada, ora para o outro quase intransitável. De qualquer forma, é obrigada a percorrer o troço que se encontra em pior estado e no qual existe ainda uma grande ratoeira - uma vala por alcatroar - e o resto do estreito caminho, onde, nalgumas zonas, muito dificilmente consegue passar um carro. O caminho que é agrícola, até ao momento, servia apenas para os proprietários se deslocarem às suas hortas. Agora, é a única estrada por onde Dulce e Leontina podem passar, muito embora, por ironia do destino, mesmo em frente à sua porta, vá passar uma das melhores vias da região. Resolução poderá estar para breve Contactado Sérgio Aidos, presidente da Junta de Freguesia, avançou que o problema não está esquecido e que a obra será concluída, passando a moradora a poder utilizar a estrada alcatroada que passa em frente à sua porta em direcção à Caramula ou então o caminho que utiliza presentemente que será alvo de um arranjo assim que a Junta de Freguesia conseguir chegar a acordo com os proprietários uma vez que tem havido alguma resistência quanto à cedência de alguns metros para que a autarquia possa em definitivo alargar e alcatroar o resto da via. O autarca que apela à calma e a mais alguma paciência, defende ainda que a Junta de Freguesia “está no terreno” a acompanhar caso a caso: “as pessoas têm de compreender que se trata de uma obra complexa e que exige algum tempo. O IEP é uma instituição de bem e, até ao momento, tem cumprido com as suas obrigações. Aliás, após a conclusão da variante, a empresa deverá permanecer na região por mais um ano, a recuperar vias danificadas e a resolver dezenas de questões como esta, que existem entre os dois concelhos, ao longo do traçado da variante”, acrescentou, destacando ainda que “de qualquer forma, as pessoas têm de compreender que se trata de situações provisórias cuja resolução poderá estar para breve, uma vez que, naquele local, deverá ainda ser construída uma pequena ponte e um muro de suporte e protecção”.
Catarina Cerca |