Os 80 trabalhadores da Cardifil, empresa têxtil de Arrancada do Vouga, Águeda, que está à beira da falência, vão esperar mais quatro meses pela derradeira Assembleia de Credores que ditará o fecho ou não desta unidade têxtil. Tentativa de viabilizar Na penúltima terça-feira foram informados que a Assembleia estaria suspensa por mais 120 dias, a pedido do gestor judicial, depois de, há um mês, ter sido suspensa devido à entrada de um Procedimento Extrajudicial de Conciliação, ao Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI), como forma de viabilizar a empresa. Catarina Fernandes, advogada do Sindicato Têxtil de Aveiro, disse ao Jornal da Bairrada que “ou há, efectivamente, um grande interesse em viabilizar a empresa ou então alguém pretende passar as férias descansado”. Advogada referiu ainda que não acredita nesta viabilização e afirma que os créditos da Cardifil são muito poucos: “Passam apenas pelas máquinas que poderão não dar para pagar a totalidade dos direitos salariais a todos os 84 funcionários”, uma vez que as instalações são de outra empresa. Já Paulo Tavares, delegado sindical e trabalhador da Cardifil, explicou que “os trabalhadores encaram esta suspensão como uma falta de respeito”, frisando que o gestor judicial “faltou às reuniões marcadas”. O sindicalista afirmou ainda que a empresa tem recorrido ao trabalho extraordinário, ao sábado, para dar cumprimento às encomendas que tem. Afastar o encerramento Recorde-se que na última Assembleia, João Pereira, gestor judicial, disse aos credores, em plena Assembleia, que o pedido efectuado ao IAPMEI é a única possibilidade de afastar o encerramento da empresa e a consequente falência. O gestor Judicial garantiu ainda que “para um período de três meses, a empresa ficará com contratos de produção que garantirão a laboração, assim como o pagamento dos salários”, acrescentando que “os créditos dos empregados serão tratados na respectiva reestruturação financeira". “Tenho procurado arranjar forma de conciliação e viabilização da empresa. No entanto, a tarefa não tem sido nada fácil por causa das garantias que os credores exigem e da retoma das contribuições”, afirmou João Pereira, sublinhando que “são problemas técnicos, mas de alguma gravidade”. “Não acredito na viabilização” Os problemas na Cardifil começaram - segundo Isabel Tavares, do Sindicato Têxtil de Aveiro - há cerca de três, e a empresa há longo tempo que experimenta dificuldades, que “se reflectem também no não pagamento dos salários e subsídios aos trabalhadores”.Isabel Tavares refere ainda que o sindicato está muito apreensivo neste processo, por que os documentos do projecto de viabilização a que teve acesso não apresentam dados concretos de um futuro estável. Ovalor total das dívidas da Cardifil, perante dezenas de credores, é de 2 Milhões e 788 mil euros. O Centro Regional de Segurança Social é o maior credor com um milhão e 200 mil euros. |