O Grupo Desportivo da Mealhada garantiu, na noite do passado sábado, no terreno do Mourisquense, o título de campeão distrital da II Divisão da AFA. O jogo ficou marcado pela ausência de público, o que deixou presidente e treinador tristes com a postura dos seus adeptos. O título passou ao seu lado. A festa foi feita apenas entre jogadores e meia dúzia de dirigentes. “Esperava mais das pessoas da Mealhada” No day after do título de campeão distrital, o terceiro na história do clube bairradino, Manuel Rochinha era um presidente com dois sentimentos: um de alegria, outro de alguma amargura. Sobre este último ponto, Manuel Rochinha disse: “É verdade que o jogo foi à noite, algumas pessoas nem sabiam o seu horário, mas, conhecida a vitória, já em nossa casa, esperava mais das pessoas da Mealhada. O título passou completamente ao lado de todos aqueles que gostam do clube”. Questionado de como é que tinha vivido este título, o presidente do Mealhada aflorou que “o sabor foi muito grande. Para além de ter ganho este título como jogador, ganhá-lo como presidente foi muito importante, para repor o clube num patamar mais alto das provas associativas”. A época correu às mil maravilhas no campo desportivo, mas, ao nível dos apoios, Manuel Rochinha mostrou-se de novo desagradado: “Se a massa associativa não apoiou como todos estávamos à espera, que dizer do comércio e de alguns empresários? A luta foi tremenda para arranjar apoios e, se os adeptos querem que o clube atinja outros voos, terão que apoiar mais”. Tudo isto é motivo para Manuel Rochinha não continuar como presidente: “Não vou continuar, a menos que haja um volte face muito grande. Sinto-me cansado, saturado, pois são muitos anos no clube e, com a ingratidão de algumas pessoas... Nem eu merecia, nem o clube”. O futuro do clube passa já por uma assembleia-geral, a realizar no final de semana, e sobre a continuidade de João Garrido, que já afirmou publicamente que não irá continuar como treinador, Manuel Rochinha acredita que, depois de uma conversa franca e aberta, João Garrido poderá mudar de ideias. Sensação diferente João Garrido foi um dos artífices do sucesso. Para o treinador, os dois jogos com o Mourisquense foram tremendos, sobretudo ao nível das arbitragens: “No jogo da primeira-mão, em casa, terminámos a partida com nove jogadores. Na Mourisca, o segundo e terceiro golos do Mourisquense foram precedidos de falta ao nosso guarda-redes”, frisou João Garrido, que acrescentou que “fomos mais fortes e mais equipa”. Sobre o sentimento de ser campeão, o técnico do Mealhada referiu que “Não foi a primeira vez que fui campeão. Já tinha sido ao serviço da equipa de juniores. Mas é uma sensação diferente, o culminar de uma época de sucesso”. João Garrido não esquece que este não era um objectivo traçado no início da época, mas a conquista do título acabou por ser muito importante, até do ponto de vista de futuro, pois, para qualquer treinador, como sustentou, é um momento alto. A exemplo do que referiu na recente entrevista a Bairrada Desportiva, João Garrido voltou a lamentar-se da falta de apoio da massa associativa: “Senti mais qualquer coisa, diferente do campeonato, mas nada igual quando subi a equipa de juniores da segunda à primeira divisão distrital. Quem chega até aqui, subir de divisão e somar a isso o título de campeão, a festa devia ser diferente”, concluindo que o seu futuro não passa pelo Mealhada. |