A reitora da Universidade de Aveiro (UA), Helena Nazaré, lamentou hoje que o financiamento do Ensino Superior ignore a qualidade e só seja "capaz de premiar a quantidade". Discursando na cerimónia entrega de diplomas Helena Nazaré lamentou que, na UA, à melhoria das taxas de sucesso académico tenha correspondido uma redução das verbas transferidas. "Infelizmente, o ministério da tutela continua a descurar a obrigação que tem de, com a sua presença nestas ocasiões, encorajar as instituições para que se faça mais e melhor", registou a reitora, assinalando a ausência de um representante do Ministério da Ciência e do Ensino Superior. Ao todo foram entregues 1360 diplomas, 1146 dos quais correspondem a licenciaturas, bacharelatos e complementos de formação, 149 de mestrado, 53 de doutoramentos e 12 de agregação. "Continuamos a cumprir o programa dirigido à melhoria da qualidade do processo de ensino e de promoção do sucesso escolar. O balanço dos dois últimos anos mostra que houve um aumento de cinco por cento do número de diplomados e também ao nível das disciplinas mais problemáticas houve melhoria significativa nas taxas de sucesso", realçou Helena Nazaré. "Paradoxalmente essas medidas tiveram um impacto negativo ao nível do financiamento da Universidade", referiu ainda. "A despeito das reiteradas afirmações de incentivos à qualidade, o Ministério só foi capaz de premiar a quantidade. Assim viu a Universidade diminuir o orçamento transferido em cerca de 4,5 por cento", criticou. Por seu lado, a presidente da Associação Académica, Rosa Nogueira, ao felicitar os que obtiveram "o passe para uma nova etapa", criticou "a desresponsabilização do Estado, a sobrecarga do esforço dos estudantes e das suas famílias" e a "penalização dos esforços e da qualidade pela redução no financiamento". "Enigmática e perigosa opção", classificou Rosa Nogueira, frisando que o financiamento não é o único factor que "confunde o reconhecimento e o percurso dos universitários". Reportou-se ao que considera ser "o afastamento dos estudantes dos órgãos de gestão, a neutralização de um espírito crítico e construtivo, a proclamação da representatividade mas não da participação". A presidente da Associação Académica recusou que os estudantes sejam "os únicos penalizados e responsáveis pelo insucesso escolar". Rosa Nogueira considerou ainda que "a ausência de critérios claros de avaliação" e a falta de "avaliação pedagógica do corpo docente" têm também responsabilidades nos casos de insucesso e mesmo abandono escolar. |