Em Anadia, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários já deu início aos mecanismos relativos a mais uma época de Verão e, consequentemente, de fogos florestais. Em entrevista a JB, o comandante Dias Coimbra fez o ponto da situação, revelando alguns projectos já em curso e outros que poderão vir a fazer toda a diferença, num Verão que se advinha quente e seco. Grupos de primeira intervenção O dispositivo de combate já está a ser desenvolvido, pois começou, no passado dia 15 de Maio, a nível nacional. Também no distrito de Aveiro, os primeiros passos já foram dados, o que, naturalmente implica que, em Anadia, esse dispositivo já se encontra a funcionar. Num concelho, onde a mancha florestal é considerável, estendendo-se sobretudo por três freguesias (Avelãs de Cima, Moita e Vila Nova de Monsarros) com zonas serranas de vital importância para inúmeras famílias que vivem exclusivamente da madeira e do que estas manchas florestais lhes dão, no terreno, já se encontra, pronta para qualquer eventualidade, uma equipa de primeira intervenção, composta por cinco elementos da corporação anadiense. Em alerta 24 sobre 24 horas, a verdade é que este grupo, de cinco bombeiros, não é suficiente para um concelho que possui uma extensa mancha verde. Assim, a 1 de Julho será disponibilizada mais uma equipa de primeira intervenção, na medida em que existem grandes receios com os fogos que podem surgir - devido à seca e à escassez de água. Uma situação que “obrigou” o poder central a antecipar, em mês e meio, a época de Verão e de alerta face aos incêndios florestais. Nos anos anteriores, este dispositivo iniciava-se apenas em Julho, mas, este ano, foi antecipado devido não só às condições meteorológicas propícias à proliferação de incêndios, como também devido à seca prolongada. Pontos de água “O governo entendeu, e bem, antecipar e avançar com um dispositivo a nível nacional, estando o concelho de Anadia em igualdade em relação ao restantes concelhos do país”, destacou o comandante Dias Coimbra. Como a quantidade de precipitação tem sido escassa, na região da Bairrada, que não foge à regra nacional, relativamente a anos anteriores, os bombeiros de Anadia mantêm-se em alerta, até porque, embora se mantenham nas zonas serranas do concelho os pontos de água habituais (Gralheira, Saidinho e Porcão), a verdade é que todos eles estão com menos água do que nos anos anteriores. “Os níveis estão consideravelmente mais baixos”, sublinhou aquele responsável, defendendo que “aqueles pontos de água poderão vir ser reforçados com a construção de mais dois, um em Ferreirinhos e outro no Corgo, ambos na freguesia de Avelãs de Cima.” A juntar a estas duas equipas (10 homens), destacadas para a primeira intervenção, os bombeiros de Anadia esperam ainda que, à semelhança de anos anteriores, o trabalho de vigilância e prevenção venha também a ser uma realidade. “Ainda não está em curso, contudo, como é habitual, a Câmara Municipal costuma candidatar-se a programas nacionais que, todos os anos, são realizados para este fim, recrutando jovens e pessoas desempregadas para estas tarefas”, explicou o comandante anadiense, até porque, no último ano, através destes programas ocupacionais, vigiaram a floresta e mata do concelho vários desempregados, num importante auxílio as gentes serranas e aos bombeiros. Todavia, em elaboração está também uma outra iniciativa que se prende com o designado “programa de voluntariado jovem para as florestas” a cargo do IPJ. Nesta quarta-feira, dia 25 de Maio, vai realizar-se, no Governo Civil de Aveiro, uma reunião com vista a desencadear este projecto quer a nível distrital, quer concelhio. Neste encontro, o comandante Dias Coimbra também estará presente dando, oportunamente, ao nosso jornal, conta das decisões. Contudo, este responsável, destacaria ainda em entrevista a JB que “para qualquer situação que venha a surgir, os Bombeiros de Anadia possuem os meios que possuíam nos anos anteriores. As viaturas estão prontas e operacionais”, destacou o comandante, reconhecendo que “eram necessários mais meios”, embora também aceite que “não podemos concentrar todos os meios num só corpo de bombeiros”. “Dos 11.500 hectares de floresta, sobretudo eucalipto e pinheiro, em parcelas onde predomina o minifúndio, em relevo bastante acidentado e com muitos vales”, a verdade é que a floresta anadiense até possui vários estradões e caminhos em bom estado de conservação: “apenas um ou outro precisa de ser recuperado, nomeadamente em Vila Nova de Monsarros e em Avelãs de Cima”, destacou. Grupos de reforço O comandante Dias Coimbra acredita que será “um Verão difícil e quente”, tendo em conta o estado em que se encontra a vegetação. Uma situação que poderá ser agravada pelos ventos de leste e pelas altas temperaturas, sem contar com a negligência e os actos criminosos, alertando ainda para a problemática das festas e arraiais populares onde se colocam bastantes foguetes que, muitas vezes, são causadores de incêndios tal como acontece com as queimadas feitas de forma descuidada. Dias Coimbra revelou ainda a JB que “as zonas de alto risco não foram descuradas e são alvo de cuidados especiais e estratégias próprias”. Daí ter sido preparado, através de um dispositivo distrital de combate a fogos florestais, grupos de reforço que ficarão sediados em zonas nevrálgicas. “Por exemplo, em Anadia, também está previsto ficar sediado um grupo de reforço para combate a incêndios não só no concelho como também em concelhos limítrofes ou distritais. Este grupo será constituído por elementos de outros corpos de bombeiros, disponíveis para qualquer eventualidade, em primeiro no distrito de Aveiro, e, depois, fora da região”. Este grupo de reforço de Anadia será composto por 22 homens (Anadia, Vagos e Aveiro Novos), quatro viaturas, um carro de comando e um outro para água e será activado em dias de grau de risco de incêndio florestal elevado. Um projecto, explicou “que no ano anterior, funcionou, a título experimental, com resultado muito positivo, razão pela qual se repete em 2005.” Contactos Rádio e Telemóvel Este responsável destacou ainda a existência, nas freguesia serranas do concelho, (Avelãs de Cima, Moita, Vila Nova de Monsarros) contactos rádio e telemóvel - que integram uma rede de comunicações, criada em 2004, numa parceria entre as Juntas de Freguesia, Câmara Municipal e Bombeiros e que também irá funcionar este ano. Uma rede suportada financeiramente pelas autarquias e que representou um grande investimento, rentabilizada pelos populares que, lá na serra, se vão revezando na vigilância.
Catarina Cerca catarina@jb.pt |