Embora os sete pontos agendados para a Assembleia Municipal fizessem prever alguma controvérsia, sobretudo em matérias como a “prestação de contas, referentes ao exercício de 2004” e “1ª revisão dos documentos previsionais do exercício de 2005 do Município de Anadia”, a verdade é que todos os pontos foram aprovados, sem grandes polémicas, no passado dia 29, no auditório do Museu do Vinho Bairrada. situação da Quinta dos Cabrais Ainda no período antes da ordem do dia, a deputada Lígia Seabra, da bancada Social Democrata aproveitou para questionar Litério Marques, relativamente ao ponto de situação da Quinta dos Cabrais, na freguesia de Tamengos, na medida em que ali se encontra em construção uma das obras mais significativas e dispendiosas deste mandato que levou mesmo a Assembleia Municipal a aprovar, em Fevereiro deste ano, o aumento de capital social da WRC - Web para a Região Centro - ADR, SA que ali se encontra instalada. Litério Marques avançou então que, “neste momento, se procedem a algumas obras de acabamento nalguns dos edifícios ali construídos, assim como ao arranjo de todas as zonas envolventes aquele complexo”. O edil anadiense sublinhou ainda os esforços que estão a ser desenvolvidos no sentido de “procurar e estabelecer parcerias com a PT e outros, sobretudo no que concerne à incubadora de empresas”, pois considera importante na medida em que se trata de “um complexo que irá criar muitas dezenas de postos de trabalho especializado em áreas como as ciências económicas e informática”. PS dá nota medíocre Relativamente aos edifícios, onde vão ficar instalados um Centro de Dia, refeitório, jardim de infância e ATL, Litério Marques avançou estarem em curso acordos com a Segurança Social a fim de estabelecer parcerias por forma a que estes espaços se encontrem a funcionar dentro de três meses. Relativamente à prestação de contras, referentes ao exercício de 2004, bem como apreciação do património do município de Anadia, o edil anadiense reconheceu que “apesar dos esforços ficámos aquém do que prevíamos”, contudo, lá foi dizendo que “mesmo assim, foi melhor do que no ano anterior”, destacando que “uma taxa de realização de 56% é já muito razoável”, acrescentando apenas que “as contas reproduzem de forma fiel a actividade desta Câmara Municipal”. As explicações do autarca não convenceram os Socialistas. O deputado José Carlos Coelho foi, ao longo de toda a Assembleia Municipal, uma das vozes mais críticas, dizendo mesmo que “fazendo uma análise ligeira, encontramos valores dispares em várias rubricas”, nomeadamente “nos serviços culturais em que as receitas previstas diferem em cerca de 987% das realizadas”. Estas discrepâncias de valores, diria ainda, “persistem nas receitas de capitais, em vendas de bens de investimento, na habitação, no plano plurianual, nas despesas de capital entre muitos outros pontos” que o levaram a dizer que “a actividade e taxa de concretização da Câmara não merece outra nota que a medíocre”, agravada pela “grande falta de rigor nos documentos apresentados”. Quem não gostou das críticas foi o deputado “laranja”, Luís Santos que logo se apressou a justificar “o grande rigor na elaboração dos documentos que espelham a gestão, a forma de trabalhar da Câmara Municipal”, congratulando-se ainda pelo “enorme volume de obras realizadas por administração directa, com todas as vantagens que têm sobre as obras adjudicadas”, sem esquecer que “a Câmara de Anadia possui um saldo positivo de 2 milhões e quinhentos mil euros, numa altura em que muitas autarquias atingiram o limite de endividamento.” De igual forma Litério Marques justificou que “45,6% se trata de realização em termos de despesa de capital que é ilusória, na medida em que não é possível quantificar o que é feito por administração directa e que atinge um grande volume”, dizendo mesmo “gostava que os senhores vissem aquilo que toda a gente vê”. Este ponto seria aprovado por maioria com quatro abstenções (PS). A 1ª revisão dos documentos previsionais do exercício de 2005 do Município de Anadia seria aprovada por unanimidade, com 28 votos a favor, o mesmo acontecendo com a prestação de contas referentes ao exercício de 2004 e apreciação do património dos SMAS e a 1ª revisão dos documentos previsionais do exercício de 2005 dos SMAS, assim como a atribuição de mérito excepcional, para efeitos de redução de tempo de serviço, com vista à progressão na carreira, ao funcionário Victor Martins de Almeida. Abandono de Maçãs Por último, também o pedido de suspensão de mandato apresentada pelo deputado socialista, Acácio da Conceição Maçãs (que deverá ser substituído pelo ex-presidente da Concelhia Socialista - Manuel Quintas, nome este que se segue na lista socialista) mereceu vários comentários. Manuel Campino, em nome da bancada “laranja”, não deixou de considerar que “vamos sentir a falta do Maçãs. É pena que uma pessoa como ele intervinha se ausente”, enquanto que da bancada socialista, José Carlos Coelho também diria: “é com muito pesar que vemos o nosso camarada ausentar-se. Ele é insubstituível. Trata-se de uma pessoa com enorme cariz.”, tendo ainda Litério Marques dito que “se trata de um amigo de longa data”, manifestando “tristeza pelo seu abandono. Embora tenhamos estado, muitas vezes, em confronto, toda aquela vivacidade e controvérsia era salutar”, terminando dizendo que “quando regressar, que venha com a mesma vontade de discutir os interesses para Anadia”.
Catarina Cerca |