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22-04-2005

Atletismo de pedra e cal


Outeiro de Baixo

Os rumores que davam conta da extinção da secção de atletismo do Centro Cultural e Recreativo do Outeiro de Baixo (CCROB) tiveram alguma razão de ser, mas a direcção, a tempo e horas, pôs cobro às especulações. Reuniu com os seus responsáveis, atribuiu-lhe mais responsabilidade e os resultados são visíveis.

“Há massa humana e é uma questão de dedicação”

Joaquim Aguiar, actual presidente do CCROB, foi o pioneiro do atletismo no Outeiro de Baixo. O Centro nasceu em 1994 e, durante quatro anos, comandou os destinos da colectividade. Foi uma das figuras, juntamente com outros elementos (ele que não esquece as outras direcções e enaltece a sua postura) para que o atletismo tivesse uma posição de destaque na região e no país.

Outras direcções passaram pelo Centro, mas, por esta ou aquela razão, no ano passado, esteve fechado (Abril e Maio), durante dois meses, no período de transição e de uma direcção para a outra.

Foi, então, criado um movimento de trinta pessoas da terra, e, depois de um claro consenso, Joaquim Aguiar foi nomeado para presidente. Arranjou uma equipa de trabalho e continuou a dar vida a uma colectividade que se orgulha das duas equipas de atletismo (infantis, iniciados, juvenis e veteranos), num total de 23 atletas, e no ponto de encontro dos habitantes de Outeiro de Baixo, o Centro Cultural.

Colocada a máquina em andamento, um grupo de atletas e treinador apresentaram um projecto, onde se comprometeram em participar nas provas mais mediáticas. A secção passou a ser autónoma, mas só a nível desportivo, enquanto a direcção se prontificou a dar 50 euros semanais, carrinhas, seguros, inscrições e outras regalias.

Em Outubro, já com a época em andamento, a direcção constatou que as coisas não estavam a correr de feição, a começar com a falta de pagamento de inscrições na Associação de Atletismo de Aveiro, nem com o comprimento do projecto, optando a secção por participar mais nas provas organizadas pelo Inatel.

“Como os objectivos do projecto eram zero, a direcção teve que tomar uma posição”, disse Joaquim Aguiar, para logo acrescentar que “os jovens acomodaram-se, mas a sua postura está a mudar. Há massa humana e é uma questão de dedicação”.

Questionado sobre o boato da secção de atletismo se extinguir, o presidente do CCROB foi peremptório ao dizer que era verdade, mas depressa se apressou a dizer também que não sabe de onde partiu a notícia, como também assegurou que “o atletismo não acaba enquanto eu for presidente do Centro. Esta direcção tem mais um ano de mandato. Financeiramente, o Centro está bem, mas é bom dizer que esta direcção partiu do grau zero”.

“Neste momento está bem”

Sobre o momento da secção, Joaquim Aguiar afirmou que “neste momento está bem. É óbvio que tem que levar mais uns apertos, umas chamadas de atenção, para que as coisas corram bem”, terminando esse dossier que foi um erro tornar a secção autónoma em termos desportivos.

Na conversa que mantivemos com Joaquim Aguiar deu para ver que a direcção está unida, com ideias e, interrogado se a direcção se sentia frustrada ou não com algo, o presidente disse: “Para já, não. Outeiro de Baixo é uma terra de brandos costumes, as pessoas não vivem muito para o Centro. As pessoas acomodaram-se um pouco. Envolveram-se na altura (1994) da construção e pouco mais. Gostava que a população se envolvesse mais, não ficasse em casa quando promovemos qualquer evento”.

O primeiro foi a VII Meia Maratona «Todos pela Justiça», que se realizou no penúltimo domingo, em que o CCROB teve papel de relevo.

A outra iniciativa terá lugar a 8 de Maio, com a realização do IV Grande Prémio do Outeiro de Baixo. Sobre as perspectivas, Joaquim Aguiar disse: “Vamos ser modestos. Não vamos entrar em loucuras, mas pretendemos manter o mesmo nível de edições anteriores, sabendo que os tempos são outros no aspecto económico. Tudo irá depender dos clubes convidados e do nível dos prémios”.

FUTURO

O Centro, ou sede social, ex-libris de Outeiro de Baixo, tem recebido vários eventos. A direcção regozija-se, por isso, como também pela adesão da juventude. Para isso, deu condições aos jovens de usufruir com mais frequência do bar da sede com uma funcionária a tempo inteiro e outra em part-time.

Com o apoio da junta de freguesia de S. Lourenço do Bairro, a direcção tem o objectivo de ver o saneamento acabado, como pretende embelezar todos os muros envolventes ao Centro, sem esquecer o campo de futebol, que precisa de uma rede e pintura nova.

A direcção gostaria de contar com mais apoios. A junta de freguesia e Câmara Municipal dão o que podem, segundo testemunhos da direcção, daí esperar mais compreensão do poder político.

A direcção diz que a grande receita vem do bar, mas existem algumas prioridades como mais patrocinadores para as carrinhas.

No que toca a projectos, a direcção, cujo mandato termina em Março do próximo ano, espera alcatroar o parque do recinto de festas, existindo já uma promessa da autarquia em apoiar a infra-estrutura, fazer uma garagem e comprar mais uma carrinha.

Outro dos objectivos é não arranjar complicações para quem vier a seguir e criar condições de autonomia para que o CCROB não passe pelos problemas de ter de fechar a porta.

Manuel Zappa


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