Uma rede europeia de especialistas e instituições, criada, ontem, em Aveiro pela ex-primeira-dama Maria Barroso, vai estudar a influência dos media nos comportamentos violentos, tentando encontrar soluções éticas para lidar com essa realidade. A rede SUDcom pretende reunir académicos, jornalistas, políticos, estudantes e instituições de países do Mediterrâneo, do Sul da Europa e do Norte de África, dedicando-se às temáticas da comunicação e violência. Maria Barroso, actualmente presidente da Fundação Pró Dignitate, justificou o lançamento da SUDcom, que em Portugal será enquadrada pela Universidade de Aveiro, com as preocupações quanto à formação cívica das crianças e jovens, face à sua exposição às mensagens dos media. "Tenho uma grande preocupação com a influência que as mensagens de violência têm na formação dessas crianças e jovens, que hoje estão muitas vezes sozinhas em casa. Estamos permanentemente a banalizar a violência através de imagens televisivas e a preparar cidadãos indiferentes para o futuro e não podemos deixar andar esse estado de coisas", disse Maria Barroso. A oradora, que assume a presidência da rede em Portugal, salientou que as exigências a fazer "não têm nada a ver com a vontade de impor a censura". "Vamos partir para os projectos que temos, alguns deles em conjunto com Espanha, cujo chefe do governo está também preocupado com os problemas da violência televisiva", anunciou. Hélder Castanheira, presidente da organização não governamental CIVITAS, que se associa ao SUDcom, destacou as conclusões de diversos estudos americanos que apontam os programas violentos dos media como um dos factores da violência nos EUA e concluiu pela necessidade de serem elaborados trabalhos sobre a realidade portuguesa, um dos propósitos da rede hoje lançada. A Universidade de Aveiro vai apoiar a iniciativa através de uma equipa de investigação coordenada por Conceição Lopes e deverá criar um laboratório de pesquisa da violência. A reitora da Universidade de Aveiro, Helena Nazaré, justificou o acolhimento da SUDcom como parte da missão da instituição que dirige, estatutariamente dedicada à formação humana. |