Neste fim-de-semana foi incontornável falar-se sobre o Papa João Paulo II. Nesta edição (em papel e electrónica www.jb.pt) vários serão os artigos e as opiniões sobre este tema que comoveu todos os homens de boa vontade no planeta que habitamos. A profecia do poeta polaco Juliusz Slowacki (1809 - 1849) tornou-se a mais bonita das realidades com a eleição do Papa Karol Wojtyla em 1978. O poeta romântico tinha escrito um século antes; “No meio das nossas discordâncias O Senhor lembra-nos de sua presença. Um grande sino está soando O trono sendo preparado para o papa eslavo. A espada não o fará fugir, Aparecerá bravamente como o Senhor. O mundo não é nada mais que poeira para ele, A sua palavra é a luz das multidões”. João Paulo IIcresceu e fez-se homem, vivendo debaixo das duas piores aberrações colectivas que a humanidade jamais produziu: o comunismo e nazismo. O Papa pregou e viveu como anunciou sua Fé ao Mundo. Usou a palavra e o amor como arma e os sacramentos como única força. Ofereceu a face e perdoou como Jesus, por exemplo, quando absolveu Ali Agca. Encarou o sofrimento como redenção e com isso alertou a sociedade ocidental para o isolamento com que ignora os idosos e doentes. A determinação sábia da sua vontade em abraçar todos os homens, qualquer que fosse o credo ou fé, abriram portas imensas no ecumenismo. A sua inquebrantável Fé moveu as maiores montanhas do totalitarismo de Leste, mas abalou igualmente as estruturas do capitalismo selvagem e desumanizado. A sua coragem na defesa e propagação dos valores essenciais do Cristianismo conferiram-lhe uma dimensão universal e serão exemplo para milhões de pessoas no mundo de hoje e de amanhã. João Paulo II foi um apóstolo dos tempos modernos e todos nós deveremos agradecer a Deus o termos tido a graça de podermos ter “conhecido” e “convivido” com um Homem como Karol Wojtyla. Deus saberá como recompensar este seu servo, mas enquanto homem, Karol Wojtyla, é daqueles cuja simples existência permitiu a ascensão àquele patamar que Luís Vaz de Camões maravilhosamente definiu quando escreveu; “Aqueles que por obras valerosas / Se vão da lei da morte libertando”.
António Granjeia* *Administrador do Jornal da Bairrada |