As exéquias do João Paulo II, falecido sábado, prolongam-se por nove dias, como estipula a Constituição Apostólica, aprovada pelo próprio Papa, em 1996. Consideradas como um tempo de luto, as exéquias, que terão o seu momento alto quando da inumação do corpo, começaram sábado com a oração fúnebre «De Profundis», pronunciada pelo cardeal Angelo Sodano, logo após o anúncio do óbito. Hoje, cerca de cem mil féis e altos dignitários italianos e da Cúria Romana participaram numa missa solene na Praça de São Pedro. No final, o corpo de João Paulo II foi exposto, pela primeira vez, e mostrado pela televisão. A organização do funeral será discutida segunda-feira de manhã, numa reunião da Congregação dos Cardeais. Nesta reunião, deverá ser estabelecido o calendário preciso de todas as cerimónias, nomeadamente a data da inumação. Segundo a tradição, é nesta reunião que é lido o testamento do Papa defunto. Os cardeais deverão estabelecer quando é que o corpo do Papa João Paulo II será exposto em câmara ardente na Basílica de São Pedro e durante quanto tempo. Salvo decisão em contrário dos cardeais, o corpo de João Paulo II deverá ficar em câmara ardente a partir das 16:00 (hora de Lisboa) de segunda-feira, na Basílica de São Pedro, onde poderá permanecer três ou quatro dias. A inumação, cuja data ainda não foi marcada oficialmente, deverá acontecer quinta ou sexta-feira, na cripta da Basílica de São Pedro, onde estão já a decorrer trabalhos preparatórios. Segundo rumores postos a circular enquanto o Papa estava doente, João Paulo II poderia ser sepultado no seu país natal, na Polónia. A hipótese é contemplada na Constituição Apostólica de 1996, aprovada pelo próprio João Paulo II. Para isso, ele deveria ter expresso a sua vontade sobre o assunto, no seu testamento - o que não se sabe ainda se aconteceu. A congregação dos cardeais, que se reunirá segunda-feira, pode não divulgar publicamente os resultados da consulta ao testamento, mas Monsenhor Piero Marini, responsável pelas celebrações litúrgicas em São Pedro, dará, terça-feira, uma conferência de imprensa sobre os ritos e legislação apostólica, no caso de vacatura papal. Os cardeais deverão também decidir a data da convocação do conclave que elegerá o sucessor de João Paulo II, que deverá iniciar- se entre 15 a 20 dias depois da morte do Papa. Só os cardeais com menos de 80 anos podem votar. |