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08-03-2005

O novo gabinete


Editorial

Pensando duma forma anglo-saxónica, poderíamos pensar chamar gabinete ao novo governo. Até acho elogioso dada a discrição com que o PM negociou e ajustou o seu novo governo. Sócrates esteve bem e cumpriu o prometido pelo seu ajudante de campo, António Vitorino, ao esclarecer que não iria formar o seu governo na rua, ou seja, nos jornais, nem sob a influência dos média.

Os portugueses gostaram e aplaudiram. Viram Vitorino a começar a trabalhar, apoiando o seu líder e a mostrar músculo.

A plebe nacional simpatiza com estes posicionamentos enérgicos, mas sem excessos. Sócrates foi então a Belém mostrar ao Presidente Jorge Sampaio a sua lista de ministros e de ministérios. No final da visita, acidentalmente marcada para a hora dos telejornais, falou de improviso para os jornalistas presentes e disse, no essencial, estar muito satisfeito por ter conseguido reunir uma equipa forte e competente. Estranhamente remeteu os jornalistas, mas sobretudo os portugueses curiosos e expectantes que o estavam a ouvir em directo, para os faxes da redacções dos jornais, ao não revelar qualquer nome dos ministros.

Sócrates borrou a pintura porque estava a anunciar ao País em directo que tinha um governo confiável, mas não queria dizer os nomes dos ministros.

Pareceu uma birra, até porque, 45 segundos depois, já os jornalistas lhe estavam a perguntar se Diogo Freitas do Amaral era a segunda figura do governo ao que ele não respondeu.

Quanto ao governo, só se podem analisar as pessoas (o que é muito desconfortável) e a estrutura do governo. Estou certo que os escolhidos darão o seu melhor na difícil tarefa de governar e seria injusto, para já, e antes de se conhecer o programa do novo executivo, tecer considerações sobre a sua actuação futura. Mas, sobretudo, pode-se comentar as ausências e a estrutura política em que assenta este governo. Sócrates tentou misturar independentes com os melhores personagens do guterrismo. Aparentemente, conseguiu, mas também deixou de fora figuras em que os portugueses depositavam alguma esperança e dessas, a mais visível é António Vitorino. Foi o coordenador do programa eleitoral do PS e nada justifica que tenha ficado de fora. Vitorino começa a comportar-se com um D. Sebastião socialista. Plagiando um conhecido anúncio publicitário, Vitorino diz que vem, que vem, que vem, mas fica sempre à porta. Não tem espírito de missão e perdeu a coragem. É pena que se tenha habituado aos muitos euros que ganhava na Comissão e, agora, já só tenha garganta.

Quanto à estrutura do governo, Sócrates tentou ser salomónico. Pelas personagens que nomeou, tentou ser igualmente agradável aos seus colegas de partido e dar um sinal de querer governar Portugal ao centro. Como ganhou essencialmente as eleições ao centro, o chefe do executivo não queria resvalar muito para a esquerda. Como consequência, terá os mais extremistas, até do seu partido, a cobrar, mais tarde ou mais cedo, essa concessão ou desvio.

Temos depois o caso de Diogo Freitas do Amaral. Em princípio, todos lhe reconhecem capacidade e mérito e seria legítimo e até saudável que qualquer governo pudesse recorrer a um ex-governante da oposição. Acontece, porém, que DFA apenas tem dado parte de ser vaidoso e querer recuperar protagonismo que perdeu com a saída do CDS. Em política, o que parece é, e parece, mesmo que assim não tenha sido, que Freitas se deixou seduzir por muito pouco. DFA já começou a mandar recados ao dizer que só aceitou ir para este governo, depois de conhecer a lista dos ministros. Vai ser uma espinha cravada na garganta de Sócrates. Já viram o DFA a dar prévio avale a qualquer remodelação ministerial? Os portugueses nunca gostaram muito de vira-casacas e o tiro vai sair de certo pela culatra.

Mas mais grave é que este governo ainda não está empossado e já está a dar flancos. Luís Campos e Cunha, o novo ministro das finanças tem, é, certo, um vasto currículo académico mas não é um político profissional. Gaba-se da sua independência de espírito e gosta de dizer aquilo que pensa, mas este atributo é um pecado nas actuais circunstâncias políticas. Duma forma reflectida ou ingénua, o novo ministro acaba de dar razão à política do governo que vai substituir.

António Granjeia*
*Administrador do Jornal da Bairrada


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