A Associação Industrial de Águeda (AIA), preocupada com o estado da economia portuguesa, escreveu uma carta ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, dando a conhecer as razões por que Portugal se tem afastado das metas de convergência Europeia. Profunda crise económica No documento a que o Jornal da Bairrada teve acesso, Ricardo Abrantes, presidente da AIA, explica as 13 razões por que o país se encontra mergulhado numa profunda crise económica, sublinhando que “Portugal enfrenta atrasos estruturais graves que impedem a retoma económica e que aumentam a periferia, face ao centro da Europa”. Ricardo Abrantes defende ainda que a economia tem que ser encarada do ponto de vista global porque este novo contexto internacional, da abertura de Leste e da liberalização do comércio aos países asiáticos, contribui para o aumento dos custos de periferia e, consequentemente para a perda da competitividade da indústria nacional. Este dirigente associativo afirma também que os custos de produção são dos mais elevados de toda a União Europeia, dando os exemplos das tarifas da energia eléctrica que são das mais elevadas da União, como o gás natural quando comparado com os preços praticados em Espanha - “situação que é estranha, quando a origem é exactamente a mesma”, sublinha este responsável. Recorda ainda que a criação do Mercado Ibérico da Electricidade ainda se encontra atrasada e os benefícios a curto / médio prazo são discutíveis. “Excessiva burocracia” Já a existência de “uma excessiva burocracia” do Estado Português que vai desde os processos de licenciamento industrial e comercial aos processos judiciais em nada contribui para a eficiência dos sistemas produtivos, como a rigidez da regulamentação laboral é também um factor impeditivo da retoma e do crescimento económico. Ricardo Abrantes relembra que Portugal possui o nível mais baixo da União Europeia a 15, de onde derivam algumas vantagens competitivas, mas também é verdade que a produtividade é cerca de 50% da média dos 15 e cerca de 35% da Alemanha. “A produtividade apresenta níveis muito baixos no contexto da União, mesmo considerando os novos países membros. Até aqui a pequena vantagem competitiva em matéria salarial que poderíamos usufruir é eliminada”, acrescenta. Relembra ainda que Portugal possui a mais baixa taxa da população com o ensino secundário e com ensino superior o que afirma nada contribuir para o crescimento da produtividade. Inibidora do crescimento Relativamente ao crédito às empresas, por um lado, nomeadamente às Pequenas e Médias Empresas, praticada pelas instituições financeiras, “embora decorram de critérios definidos pela Brasileira II, também é inibidora do crescimento das empresas que tem contribuído drasticamente para a quebra do investimento em novos factores de competitividade como a inovação, o design e a utilização de equipamentos de tecnologias mais eficientes. Por outro lado, Ricardo Abrantes afirma que “constatamos que o crédito à Administração Pública tem aumentado, nos últimos anos, em detrimento do crédito concedido às PME’s para as quais tem existido uma política de forte restrição”. O dirigente da AIA apela, finalmente, a Durão Barroso que, num próximo quadro comunitário de apoio, pela política desenvolvida pela Comissão Europeia, se definam metas e que se promova a regulação do funcionamento de sectores estratégicos da economia portuguesa. “Só assim poderá a industria nacional recuperar a competitividade que perdeu nos últimos anos e convergir com a média da União Europeia”.
Pedro Fontes da Costa pedro@jb.pt |