O Núcleo Regional de Aveiro da Quercus faz balanço ao ano 2017 e coloca os incêndios como o pior momento do ano.
O elevado número de incêndios que deflagraram no distrito de Aveiro destruiu milhares de hectares de floresta. Vastas áreas de ecossistemas valiosos nomeadamente floresta com matos, pinheiros e carvalhos foi ameaçada.
“A plantação de grandes áreas de eucalipto põe em risco a sustentabilidade do ecossistema, provocando a diminuição da biodiversidade e o consumo de grandes quantidades de nutrientes e recursos hídricos”, acusa a associação ambientalista.
Refere que apesar do Governo ter apresentado o compromisso político de aumento das áreas destinadas a espécies autóctones, travando a expansão da área de eucalipto, até à data não se verificou qualquer alteração no terreno.
“A actual monocultura do eucalipto, que se verifica em muitas áreas da nossa região, é um dos maiores fatores de risco para a propagação e elevada extensão dos incêndios que vão ocorrendo um pouco por todo o lado”, afirma a Quercus.
Chama ainda a atenção para a necessidade das autarquias cumprirem os Planos Municipais de Defesa de Florestas Contra Incêndios e os Planos Operacionais Municipais, alguns ainda sem aplicação.
Define como preocupante a expansão descontrolada de algumas espécies exóticas, como o jacinto-de-água, a acácia e a erva-das-pampas na região. “É urgente o reforço das medidas para monitorizar e controlar este problema, dado que sem uma ação concertada contra a propagação descontrolada destas plantas invasoras, os custos ambientais e económicos serão enormes e os danos irreversíveis”.
A Quercus tem registado também um aumento de ninhos de vespa-asiática detectados na região de Aveiro. “A expansão acelerada da espécie exige um novo e enérgico plano de monitorização e combate desta espécie invasora, a qual está a pôr em causa não só o equilíbrio ecológico mas também a sobrevivência de muitas colmeias e a consequente produção de mel por parte de muitos pequenos produtores”.
Questões como as descargas poluentes nos rios e ribeiras, a inexistência de saneamento básico em diversos pontos do distrito, o impacto do ruído na estrada EN109 e na ligação Travassô-Esgueira, a sobreexploração dos recursos e captura ilegal na Ria de Aveiro, a desertificação crescente, associado à escassez de recursos hídricos e as podas abusivas continuam na lista de factos preocupantes.
Quanto aos melhores factos ambientais de 2017, a Quercus destaca o Projeto Cabeço Santo numa área de intervenção de mais de 100 hectares, as ações de voluntariado, os eventos de promoção e valorização do património natural, o Projeto de Valorização da Pateira de Fermentelos, as parcerias estabelecidas entre o Núcleo Regional de Aveiro e várias associações regionais, a criação da plataforma “Alvorecer Florestal” que agrupa diversas associações e movimentos com o objetivo de apoiar a causa da regeneração da floresta autóctone na região, o início da recuperação ambiental da Barrinha de Esmoriz e a adesão de empresas aos sistemas Fotovoltaicos.
No lançamento do novo ano, a Quercus defende o trabalho das autarquias na opção por alternativas aos herbicidas nos espaços públicos, a melhoria das condições da Linha do Vouga, a melhoria sensível das condições dunares a sul da Barra de Aveiro.
“Infelizmente, o balanço ambiental acumulado desta operação é negativo, já que se consumiu combustíveis e emitiu gases de efeito de estufa para retirar tais inertes da Ria de Aveiro e do mar para um monte no Porto de Aveiro e agora vai-se emitir mais gases de efeito de estufa para voltar a repor tais inertes no mar, quando a operação, como sempre a Quercus defendeu, deveria ter sido a extração de tais inertes da Ria e da entrada da Barra de Aveiro, bem como da praia em S. Jacinto junto ao molhe Norte, com a sua imediata deposição a sul da Barra de Aveiro”.
Entre os melhores exemplos, em questões ambientais, a Quercus diz que estão os Municípios de Águeda, Arouca, Castelo de Paiva, Murtosa, Ovar e Sever do Vouga.
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