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05-01-2005

O que hoje é mentira amanhã é verdade


Canto Directo

Há alguns anos, uma frase de Pimenta Machado, antigo presidente do Vitória de Guimarães, ficou célere e correu mundo. “O que hoje é verdade, amanhã é mentira”.

Os tempos mudam, o comportamento de alguns dirigentes e treinadores também e, por tal razão, sou forçado a trocá-la ao contrário.

O desporto e em particular o futebol está, por vezes, cheio de discrepâncias, de escárnio e mal dizer, de posturas e actos, que em nada dignificam o desporto-rei.

Há dirigentes que têm o rei na barriga, que têm a mania da perseguição, que sabem tudo, mas não sabem nada.

Ao aceitarem os cargos que ocupam, não deviam meter-se em áreas que não lhe dizem respeito, como feitura da equipa, tácticas, etc.

Por vezes, o futebol é incendiado por dirigentes sem a mínima noção do que é a realidade do futebol, quiçá sem a mínima cultura.

A sua missão, já de si nobre, porque não é todos os dias que um sócio de um qualquer clube aceita fazer parte de uma direcção, é de louvar a sua atitude. Mas não é tudo o que o futebol precisa.

O contrário já não se passa. No exercício das suas funções, deve, acima de tudo, ser transparente nos seus actos, na forma como aborda os assuntos do clube que dirige, não se esquecer do importante papel da Comunicação Social, que precisa do clube, como o clube precisa da Imprensa, para dar notícias dos seus acontecimentos, sejam elas do agrado ou não do presidente do clube A B ou C.

Também sabemos que há dirigentes que se aproveitam desse estatuto para, mais tarde ou mais cedo, treparem outros degraus da nossa sociedade, alguns à procura de um “tacho” político. Não condeno esse possível rumo, pois, cada um está no direito de seguir o que é melhor para si, contudo, não devia ser o futebol ou outra modalidade qualquer a servir de trampolim para o exercício de eventuais cargos.

A pressão dos resultados, o querer ganhar, por vezes a todo custo, já não se usa, como também se deve usar a pressão que é exercida sobre os jogadores, com vocabulário intimidativo, que os leva a não render dentro do campo o que está ao seu alcance.

Esta é que é a verdade, porque a mentira, em alguns dirigentes, está sempre com a chama acesa, capaz, na primeira esquina, para a opinião pública, de atear labaredas de cinismo e frustração.

Manuel Zappa
zappa@jb.pt


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