A universidade e a câmara de Aveiro vão desenvolver até finais de 2007 várias acções para revalorizar a identidade das salinas locais, no âmbito de um projecto comunitário orçado em 5,5 milhões de euros, foi hoje anunciado. O projecto "Sal do Atlântico - revalorização da identidade das salinas do Atlântico, recuperação e promoção do potencial biológico, económico e cultural das zonas húmidas costeiras", que foi candidatado ao programa comunitário INTERREG III, conta com 30 parceiros de Portugal, Espanha, França e Reino Unido e será desenvolvido entre 2005 e 2007. Em Portugal serão revalorizadas salinas de Aveiro, Leiria, Figueira da Foz, Castro Marim e Figueira da Foz. Filomena Martins, coordenadora do projecto na Universidade de Aveiro, disse hoje em conferência de imprensa esperar que o projecto permita inverter a tendência para o desaparecimento das marinhas, contando que actualmente existem apenas nove na região a produzir sal, que "não se sabe se para o ano se manterão". "Os franceses estiveram numa situação de decadência idêntica à que hoje existe na Ria de Aveiro, há 30 anos atrás, e hoje são uma referência", afirmou. Para as acções a desenvolver em Aveiro estão afectados 680 mil euros, comparticipados em 30 por cento pela Universidade e pela Câmara, tendo como parceiro associado a Cooperativa Agrícola de Transformadores de Sais Marinhos da Ria de Aveiro. No entanto, segundo Filomena Martins, o "Sal do Atlântico" é apenas "o caminho para ir buscar outros programas financeiros" que permitam desenvolver outros projectos. Segundo a responsável, na década de 50 existiriam na região de Aveiro 270 salinas. Actualmente, apenas nove produzem sal, estimando que existam outras cerca de 150, "umas abandonadas mas em boas condições, outras rebentadas, e outras ainda que passaram a acolher a actividade piscícola". Entre as acções transnacionais que serão desenvolvidas em Aveiro está a valorização ambiental das salinas, com a realização de experiências tanto nas abandonadas como nas activas, "no sentido de ver o seu valor e interesse em termos de biodiversidade". Também a valorização da profissão de salineiro, organizando-a "em moldes mais modernos", é considerada fundamental. Filomena Martins referiu que, por exemplo, se actualmente, um salineiro quiser declarar a sua actividade na Segurança Social, "terá que contribuir de outra forma, porque ela não é reconhecida". E por que há "formas diferentes de fazer sal e sal de tipologias diferentes", o projecto quer também formar uma cultura da actividade salineira, com a transmissão do saber-fazer, da formação de novos salineiros e profissionalização dos produtores. A valorização turística é outro dos objectivos, com a criação e promoção de novos produtos, bem como o desenvolvimento de uma gestão integrada para as salinas, preservando a sua identidade paisagística. Segundo Filomena Martins, a Universidade de Aveiro ficará ainda encarregue de estudar "um protótipo que permita responder com eficácia aos processos erosivos a que as salinas estão sujeitas", quer em termos de protecção, quer de diminuição dos custos de manutenção. Compete-lhe também criar um fundo documental com a informação que for sendo adquirida, para depois difundir aos restantes parceiros, acrescentou. |