Os trabalhadores dos transportes públicos de Aveiro, em greve há três semanas, reúnem-se hoje em plenário para decidir novas formas de luta contra a criação da empresa municipal de mobilidade. Augusto Pires, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), que convocou a greve às primeiras duas horas laborais de cada turno, disse à Lusa que o balanço da greve "é positivo, com um nível equilibrado de adesão, já que em 28 autocarros de cada turno só saíram três". "Apesar das pressões, foi uma boa acção, que levou a demonstrar que os trabalhadores estão contra a integração [dos transportes públicos na recém-criada] empresa de mobilidade e hoje vamos realizar um plenário para ver as formas de luta a adoptar no futuro, com a presença do presidente do STAL", disse. Para fazer face à greve, a Câmara de Aveiro contratou transportadoras privadas para fazerem os percursos escolares, alegando que não estavam garantidos os serviços mínimos, numa decisão que o STAL considerou ser uma violação do direito à greve. O Tribunal Administrativo de Viseu deu razão à Câmara de Aveiro, mas Augusto Pires disse à Lusa que a decisão judicial está a ser analisada pelo gabinete jurídico do Sindicato e admitiu a hipótese de apresentar recurso para o Supremo Tribunal Administrativo. A par disso, o STAL apresentou, pelos mesmos motivos, uma queixa-crime no Tribunal de Aveiro, na segunda-feira. A greve foi convocada em protesto contra a criação da "MoveAveiro", uma empresa municipal proposta pela Câmara e aprovada pela Assembleia Municipal para integrar a frota de autocarros, os transportes fluviais, as bicicletas gratuitas e o estacionamento urbano, desmembrando o sector dos Serviços Municipalizados, que têm a seu cargo a distribuição de água e o saneamento. A medida é vista com preocupação pelo STAL, que, apesar das garantias dadas pela autarquia de que os direitos dos trabalhadores serão mantidos, vê na nova empresa um meio para uma possível futura privatização. |