Embora o estímulo físico possa conter uma certa inércia, só com a permanente adopção de um estilo de vida activo se pode esperar uma redução da morbilidade e mortalidade do adulto. Perante a ausência de efeitos benéficos, após a cessação de um estilo de vida activo, é pertinente questionar-se acerca da possibilidade do jovem activo vir a ser um adulto activo, ou ainda da possibilidade do jovem inactivo continuar como inactivo enquanto adulto. Poucos estudos prospectivos têm analisado esta controvérsia, embora haja alguma evidência sugerindo que adultos que fizeram mais educação física durante a adolescência têm sempre melhor desempenho em testes de aptidão física do que os adultos menos activos. Na resolução do Conselho da União Europeia de 02 de Julho de 1994, é reconhecido que as doenças cardiovasculares são uma das principais causas de morte prematura. Complementarmente, na mesma resolução é considerado que “é possível prevenir estas doenças, actuando ao nível dos factores de risco, principalmente através da adopção de medidas preventivas, nomeadamente de higiene alimentar, de incentivo ao exercício físico?”. A promoção da saúde é considerada entre as acções prioritárias, definindo a “escola como a instância de importância vital para incutir nos jovens, de forma sistemática, uma forma de viver saudável que permita reduzir as doenças e acidentes” para o qual é determinante incentivar o desenvolvimento de uma aproximação integrada de promoção da saúde. Neste quadro, foi decidida como determinante a realização de intervenções que encorajem a adopção de estilos de vida e de comportamentos propícios à saúde, como ainda favorecer o conhecimento dos factores de risco ou doutros aspectos que melhorem a saúde dos jovens na União Europeia. A Organização Mundial de Saúde também defende a importância da actividade física para a prevenção das doenças cardiovasculares, referindo numa das suas posições institucionais que a Educação Física deverá exercer uma função importante na prevenção de muitas doenças não transmissíveis. Para este efeito, a preparação e formação adequada de professores para lidar com este objectivo é apontada como uma das prioridades de desenvolvimento. Num dos mais recentes documentos, a Organização Mundial de Saúde menciona várias vezes o sedentarismo como um dos factores que urge alterar para fazer face às doenças cardiovasculares e a outras doenças como a diabetes e a obesidade. Conjuntamente com o tabagismo, práticas sexuais impróprias e má nutrição, o sedentarismo é reconhecido como um dos comportamentos com mais implicações para a futura saúde dos adolescentes. As recomendações acerca do doseamento mais apropriado têm sido matéria de algumas posições institucionais e de grupos de especialistas. Em 1994, pela primeira vez, foi reconhecida a necessidade de se identificar duas recomendações para jovens com idade compreendidas entre os 11 e 21 anos. 1ª Recomendação: Os adolescentes devem fazer exercício diariamente, ou,na maioria dos dias da semana, através de vários desportos, jogos, recreação, transporte (bicicleta), educação física ou exercício estruturado no contexto familiar, escola ou comunidade. 2ª Recomendação: Os adolescentes devem fazer, pelo menos três vezes por semana, actividades de intensidade moderada ou intensa com uma duração mínima de 20 minutos. Nas nossas escolas do ensino básico, estas recomendações não se aplicam. Por isso pergunto: Os culpados são os professores, os programas escolares, o sistema ou as políticas de educação deste nosso país à beira mar plantado? Acácio Oliveira* *Dirigente desportivo |