Carros completamente autonomizados, sem necessidade de condutor, e cadeiras de rodas guiadas pela voz do utilizador são alguns dos projectos em curso na Universidade de Coimbra que poderão ser aprofundados no recém constituído laboratório associado HuMTec. O laboratório foi criado por três unidades de investigação, mas para o seu funcionamento pleno é necessária a aprovação de um financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia que permita o recrutamento, por cinco anos, de 15 investigadores doutorados em dedicação exclusiva. Segundo Teresa Vieira, coordenadora deste laboratório vocacionado para projectos que ajudem a mobilidade humana, se o financiamento não for aprovado terão de ser seleccionados alguns projectos e o ritmo de investigação será mais lento. Para os promotores, o HuMTec é um laboratório pioneiro no mundo por congregar áreas como os transportes, energia, aeronáutica, espaço, nanomateriais e nanotecnologia. Teresa Vieira disse aos jornalistas durante a apresentação dos projectos, na Universidade de Coimbra, que estes são apenas dois exemplos de trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos pelos cientistas da Universidade. Robots para desminagem, filtros que transformam os gases poluentes para não serem nocivos ao ambiente, células de combustível para utilização em automóveis e edifícios e robots para assistência médica e cirurgia robotizada são outros exemplos de projectos desenvolvidos na Universidade de Coimbra. O HuMTec resulta da integração de três unidades de I&D (investigação e desenvolvimento) da Universidade de Coimbra - o Instituto de Ciência e Engenharia de Materiais e Superfícies (ICEMS), o Centro de Engenharia Mecânica da UC e o pólo de Coimbra do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR). Uma grande parte dos projectos em curso têm sido desenvolvidos integrados em grupos internacionais, como é o caso do carro completamente autonomizado, denominado por "cibercarro". O consórcio de investigação do "cibercarro", que decorria desde 2001, e encerra este ano, envolveu sete centros de investigação, entre eles o ISR-Coimbra e os das empresas automobilísticas FIAT e Yamaha. Ao cento de investigação de Coimbra, que hoje deu a conhecer algumas das capacidades dos veículos, coube desenvolver os sistemas de navegação e de anti-colisão destes veículos. Traça de Almeida, responsável pelo ISR, adiantou à Agência Lusa que há interesse da China em que este projecto prossiga, para poderem utilizar estes veículos no transporte de pessoas durante os Jogos Olímpicos a realizar no país. Além da imagem de país desenvolvido que poderão querer transmitir durante as Olimpíadas, segundo Traça de Almeida, é uma solução de grande potencial para um país como a China, por contribuir para a diminuição da poluição atmosférica e do ruído, bem como dos congestionamentos de tráfego. O projecto do HuMTec candidatou-se ao programa de Laboratório Associado da Fundação para a Ciência e Tecnologia e os promotores esperam "um bom acolhimento", dado o perfil dos três centros de investigação envolvidos, dois com a classificação internacional de "excelente" e o terceiro considerado "muito bom". Para Traça de Almeida, o financiamento seria também uma forma de coesão nacional, visto que na zona de Coimbra ainda não existe qualquer laboratório das engenharias financiado pela Fundação e que o HuMTec teria "uma grande importância económica e social". No HiMTec, além dos 15 investigadores em dedicação exclusiva, iriam trabalhar mais cerca de seis dezenas de doutorados e outros tantos não doutorados, ligados aos três centros. |