O tradicional prato de bacalhau, com batatas e grelos, regado com azeite genuíno, uma das ementas dos jantares de aniversário da União Recreativa Ferreirense, que completou na data da sua fundação, dia 2 de Dezembro, a bonita idade de 88 anos, encheu de satisfação as mais de 150 pessoas presentes, em particular os convidados de honra, nomeadamente Elísio Carneiro, presidente da AFA, que se fez acompanhar do seu vice, Tomás da Fonseca, num repasto que contou ainda com as presenças de Litério Marques, presidente da Câmara Municipal de Anadia, Guilherme Duarte, presidente da junta de freguesia da Moita, Vítor Alegre, presidente do Anadia, Manuel Neves, presidente do Moita Rugby Clube da Bairrada, e Ricardo Ribeiro, em representação do Moitense. Todos os intervenientes estiveram em sintonia relativamente à função social que a colectividade de Ferreiros tem dado, cujos pontos de referência são a sua sede e equipa de futebol feminino. Foi também uma noite de pedidos, ajudas e promessas que irão brevemente ser cumpridas. ALDEIA DO FUTURO António Sousa, presidente do Ferreirense, na sua breve alocução, lembrou todos aqueles que construíram e deram corpo a um clube de uma pequena aldeia, agradecendo também todo o apoio que as Caves S. Domingos, Câmara e AFA têm dado para a sobrevivência do clube. Elísio Carneiro encheu as medidas a todos os presentes. O presidente da AFA, antecipadamente sabedor da ementa, começou por elogiar a mesma, classificando-a de um jantar especial e original, como também elogiou a participação maciça dos sócios e amigos, logo num dia de semana. O homem forte do futebol distrital aveirense sublinhou que a história do clube “é simples na sua essência. É também um local (sede) de confraternização, de amizade, onde as pessoas se encontram e passam algumas horas de lazer”. No campo desporto, Elísio Carneiro deixou o registo da AFA em contar com mais uma equipa de futebol feminino e o maior número de atletas inscritas. E o seu agrado é de tal ordem que a AFA, junto da FPF, se candidatou a realizar a final da Taça de Portugal: “Se ganharmos, gostava muito que a final fosse nesta zona, que muito tem feito pelo futebol feminino”. O momento continuava a ser de elogios. Alcino Oliveira, presidente dos Rouxinóis da Bairrada, também não se esqueceu da ementa, como do grupo que lidera: “Os Rouxinóis, há cerca de dois anos, fazem desta casa, sua casa. Temos sido recebidos de mãos abertas, num espírito fraterno e solidariedade”. Seguiu-se a intervenção de alguns sócios. Um deles, Frutuoso de Almeida e Silva, uma presença assídua nos aniversários do Ferreirense, agradeceu a todos o facto de terem proporcionado uma vez mais o jantar anual. Depois disse: “O presidente da AFA ficou admirado do que aqui viu. Esta é uma aldeia diferente de Portugal. Esta é uma colectividade ímpar, de união e fraternidade, de uma aldeia onde, há uns anos, denominei de aldeia do futuro”. Frutuoso de Almeida e Silva fez ainda um pedido ao presidente da Câmara Municipal: “As Caves S. Domingos são a grande referência desta aldeia. Nesta estrada circulam dezenas de carros e autocarros. Alargue, por favor, um bocadinho a nossa estrada”. A MINHA ADMIRAÇÃO PELA OBRA Hernâni Silva, um dos elementos da secção do futebol feminino, enalteceu todo o apoio das empresas, do esforço das atletas e do que foi conseguido na época passada: o terceiro lugar no campeonato distrital, que deu direito à subida aos nacionais e a vitória na final da Taça do Distrito. Para a nova época, já em curso, Hernâni Silva reforçou que “as exigências são muito maiores. Irá ser criada a futura 1.ª e 2.ª divisão. Na segunda, vamos ficar, de certeza”, pedindo ajuda para que os responsáveis autárquicos melhorem o parque desportivo, nomeadamente um novo piso e iluminação. Vítor Alegre, presidente do Anadia, também usou da palavra: “A título pessoal, a minha admiração pela obra que aqui encontrei, para a grandeza deste clube, com uma casa digna, que é a sua sede”. O líder dos Trevos da Bairrada referiu que “o clube cumpre a sua maior função, a acção social. Ficarei sócio deste clube. O Anadia ficará à vossa disposição no apoio que vos possa ajudar. Não por obrigação, mas sim por devoção”. E na continuidade dos apoios, Manuel Neves, presidente do Moita Rugby Clube da Bairrada, recebeu uma das maiores ovações da noite, quando proferiu que o Ferreirense podia utilizar o campo relvado, e desejou que a final da Taça de Portugal fosse na Moita. RECUPERAÇÃO DO PISO DO CAMPO Uma vez mais, Litério Marques sentiu-se em casa. O presidente da edilidade anadiense aflorou que “pediram pouco, têm património, e os desafios que fizeram foram de pouca monta. Mesmo assim, quero-vos dizer que a Câmara, a exemplo do que tem feito, vai ajudar na recuperação do piso do campo, com máquinas e materiais, bem como a iluminação”, reforçando que ia dar já uma resposta aos pedidos. Sobre o alargamento da estrada, Litério Marques referiu que tinha uma dívida para com Fructuoso de Almeida e Silva, prometendo que, no início da Primavera, o novo pavimento será uma realidade, como salientou que, no início da estrada, iria ser colocada uma placa “Aldeia do Futuro”. Rosa Nunes, treinadora da equipa de futebol feminino, achou que devia pedir a palavra. Assim aconteceu, tendo realçado “a coragem que nunca ninguém teve”, referindo-se, obviamente, a Manuel Neves, do apoio que deu as suas pupilas em poderem utilizar o relvado. Com alguma emoção pelo meio, Rosa Nunes disse: “Damos nome a este clube, trabalhamos com dedicação, estamos aqui porque gostamos, e às vezes não somos reconhecidas. Ajudar, pouca gente ajuda e, por vezes, não somos compreendidas. Há ocasiões, em que só uma palavra de agradecimento ou de carinho, chegava”.
Manuel Zappa zappa@jb.pt |