Em declarações à Agência Lusa, Isabel Jonet disse ainda que esta campanha revelou um acréscimo de donativos em 10 por cento, quando comparada com a mesma iniciativa desenvolvida em Dezembro do ano passado (altura em que foram recolhidas 1.120 toneladas).

O Banco Alimentar desenvolve anualmente duas campanhas de recolha de alimentos, em Maio e em Dezembro, sendo que é nesta última que recebe mais doações, o que a responsável explica pela proximidade da quadra natalícia.

No último fim-de-semana, o Banco Alimentar recolheu um total de 1.233 toneladas de alimentos em 525 supermercados do país, um resultado apurado já esta madrugada, depois do fecho da contagem dos 10 bancos distribuídos pelo país.

A campanha, que este ano escolheu o lema "Muita gente ignora que há milhares de portugueses que continuam a passar fome - Não passe ao lado deste problema", decorreu em supermercados das zonas de Abrantes, Aveiro, Coimbra, Évora, Lisboa, Porto, Setúbal, Cova da Beira, Leiria-Fátima e S. Miguel.

A iniciativa do BACF coincidiu com o Dia Mundial do Voluntariado, assinalado domingo, e movimentou uma equipa de cerca de 10.500 voluntários na recolha, transporte e armazenamento dos alimentos, que serão distribuídos por mais de 1.000 instituições de solidariedade social a mais de 200 mil pessoas com carências alimentares.

O BACF pretende também com esta iniciativa movimentar a sociedade civil, para que substitua "com vantagem o Estado na resolução de problemas com que se confrontam as sociedades modernas".

Além das recolhas à porta de supermercados, o Banco Alimentar recolhe doações de géneros alimentares efectuadas por empresas, normalmente "excedentes de produção dos sectores agrícola, industrial e comercial ligados ao ramo alimentar que, de outro modo, teriam como destino a destruição", refere a nota.

Segundo dados da instituição, no ano passado "os dez Bancos Alimentares Contra a Fome operacionais em Portugal distribuíram um total de 12.221 toneladas de alimentos (um valor global estimado de 17,6 milhões de euros), o que corresponde a um movimento diário médio de 48,8 toneladas (70,4 mil euros)".

Citando números da União Europeia, o BACF lembra que cerca de 20 por cento da população portuguesa vive abaixo do limiar da pobreza, uma realidade que nos grandes centros urbanos se traduz principalmente em situações de carência alimentar.