“Rir c’o vinho” e “Topografias da Vinha e do Vinho” são as duas novas exposições temporárias parentes, desde o passado sábado, dia 23 de Outubro, no Museu do Vinho Bairrada, as quais se inserem numa estratégia continuada de colocar o projecto museológico numa dimensão central, não esquecendo nunca o carácter específico da Região Bairradina. Foram inaugurados por Manuel Queirós, em representação da Ministra da Cultura. “DESAFIO PARA CONTINUAR” Para o autarca, Litério Marques os cerca de 15 mil visitantes que já passaram pelo Museu do Vinho, desde a sua inauguração, a 27 de Setembro do último ano, fazem dele “uma referência de excelência no que diz respeito à preservação e divulgação do Vinho Bairrada.” Um facto que deixa a autarquia orgulhosa “mais confiante e fortemente motivada para a contínua prossecução dos objectivos a que nos propusemos - preservar e divulgar o Vinho Bairrada nas suas mais diversas facetas”, diria ainda. Assim, traçando um balanço “muito positivo” não deixa de reconhecer tratar-se de um “desafio para continuar”, sendo todo o trabalho realizado “fruto do enorme esforço, dedicação e profissionalismo que os recursos humanos da Câmara Municipal de Anadia têm dedicado ao Museu”. Considerando que é seu objectivo ”colocar o Museu do Vinho Bairrada na rota da cultura portuguesa”, não deixou de referir a “função social e pedagógica do Museu do Vinho Bairrada”. Segundo o autarca, “a pedagogia tem vindo a adquirir um papel de destaque cada vez maior”, uma vez que muitos têm sido os eventos aqui realizados, de parceria com as mais variadas áreas da sociedade civil e institucional - seminários, cursos, acções de formação, eventos desportivos e participação em diversos certames de âmbito local e nacional, “articulados sempre com a promoção turística e a valorização do património, maximizando as potencialidades de interacção e dinamização de toda uma Região - A Bairrada.” Ainda de acordo com o edil anadiense, as novas exposições temporárias, agora expostas, são a prova do dinamismo do Museu e a “manifestação de uma forte marca de contemporaneidade com uma assinalada componente de valorização cultural da região.” E, tendo em consideração que “a promoção e a divulgação de artistas e iniciativas locais e num sentido mais amplo, a divulgação dos artistas contemporâneos Portugueses, sempre foram máximas a atingir”, referiu-se às duas novas exposições: “Topografias da Vinha e do Vinho” (numa parceria de organização com a Comissão Vitivinícola da Bairrada) e “Rir c’o Vinho”, do artista plástico anadiense, Fernando Jorge, como “um novo passo para a concretização efectiva das nossas pretensões e um convite efectivo à visita real a esta nossa Terra.” ALGUNS “RECADOS” Aproveitando a presença de Manuel Queirós, Litério Marques não perdeu a oportunidade para endereçar alguns “recados” à Ministra da Cultura. De acordo com o edil anadiense, para além da importância do Museu, a cultura em Anadia irá passar ainda pela Biblioteca Municipal e pelo Cine-Teatro que avança lentamente e com grandes dificuldades por ainda não se encontrar financiado pelo poder central, dando a conhecer aos muitos presentes que “na última semana, recebi uma carta da Senhora Ministra a dizer que, por se tratar de um Cine-Teatro pequeno, teremos de aguardar, já que em primeiro lugar estão as grandes salas das capitais de distrito e de outras cidades que ainda não têm este tipo de equipamento. ”Uma resposta que, para além da “mágoa”, considerou ser quase um insulto ao povo de Anadia, fazendo questão de dizer ainda: “eu não peço um milhão de contos. Peço 150 mil contos apenas, na medida em que esta obra representa um enorme esforço financeiro para a autarquia”. Uma obra que, embora seja para “concluir”, terá, obrigatoriamente, que contar com mais apoios estatais. Embora as críticas e recados à Ministra tenham recebido a melhor atenção de Manuel Queirós, este responsável não adiantou nada em matéria de comparticipações, dizendo apenas ser “o portador das suas preocupações junto da Senhora Ministra”. Lisonjeado com o convite, felicitou os artistas e a obra que é o Museu. CAIXA “Rir c’o Vinho” trata-se de uma exposição original, composta por 31 cartoons, concebidos, propositadamente, para o Museu do Vinho Bairrada, pelo artista plástico anadiense, Fernando Jorge. Esta exposição dedica-se exclusivamente ao Vinho e põe o traço preto no branco do papel, numa exposição de grande originalidade, não só pelos trabalhos apresentados, mas também pela concepção global do evento.
Por seu turno, as ”Topografias da Vinha e do Vinho”, anteriormente expostas na Cordoaria Nacional e na Künstlerhaus Bethanien (Berlim), podem agora ser vistas no Museu do Vinho Bairrada. Uma colecção de fotografia resultante de um projecto da Comissão Vitivinícola da Bairrada, que teve a intenção primordial de promover a Região e de criar uma colecção de fotografia contemporânea. Os fotógrafos (António Júlio Duarte; Duarte Belo; Inês Gonçalves; José Manuel Rodrigues; Luís Palma; Nuno Cera; Paulo Catrica; Pedro Letria; Pedro Loureiro e Valter Vinagre) que participaram neste projecto, deixaram a generosidade dos seus olhares fotográficos, observando o carácter social e geográfico dos locais, legando-nos as suas sensibilidades artísticas e de autor com preocupações de documentar algo mais do que o resultado de meras descrições pessoais. Uma colecção de fotografias que regista as diversas fases/etapas da Vitivinicultura e da Enologia, as transformações e modificações na paisagem e a revelação de toda uma cultura e identidade relacionadas com a Vinha e com o Vinho na região da Bairrada. Catarina Cerca |