Sabemos que a vida não está fácil, todos sabemos e sentimo-lo no dia-a-dia. Esta realidade atinge - certamente -- nove em cada dez famílias. Com esta estatística a fotografia social é arrepiante. Assim, temos uma sociedade civil dilacerada, atulhada em dívidas e com um Estado comatoso em áreas tão importantes como a Educação, a Justiça, a Saúde e a Administração Pública. Como não vivemos isolados e estando a nossa economia totalmente aberta, o ambiente internacional não é favorável (a Europa está anémica, o Médio Oriente encontra-se em colapso, a única potência mundial -- EUA -- tem uma liderança errática e perniciosa para o planeta e o preço do petróleo assemelha-se a uma roleta russa) estamos a afundar. Inexoravelmente. As famílias, as empresas, não estão nada satisfeitas com a actual situação. Esta situação não pode continuar . Estamos a enterrar o Presente e a destruir o Futuro. Há dois anos e meio iniciou-se em Portugal um novo ciclo político, após o desmoronamento do último governo socialista (1999-2001). O País foi a votos, e acreditou na credibilidade das promessas de quem ferozmente criticou o esbanjamento dos dinheiros públicos, o compadrio, o clientelismo, os ‘jobs for the boys’. Foram enganados. Não cumpriram. Fugiram às responsabilidades com o discurso da ‘tanga’. E o Partido Socialista encolheu-se arcando com a demonização populista da actual Maioria. O PS não teve a auto estima pelo que de positivo e real proporcionou a Portugal, em particular na integração do EURO, na Agenda de Lisboa e nas políticas sociais implementadas. Certamente, aprendeu a lição: um partido que queira governar Portugal tem de cumprir tudo aquilo que promete e não prometer o que não é possível cumprir. Para que tal ocorra o PS deve saber responder - com clareza -- a duas ou três questões: ècomo implementar boas políticas económicas com justiça social? ècomo financiar serviços públicos de qualidade sem por em causa a estabilidade orçamental? ècomo reformar o Estado com consistência e clareza, criando serviços públicos transparentes e eficientes e fazer da educação uma solução para os problemas do país e não o problema do país? Por último, consideramos que ao não se reformar o Aparelho de Estado existente que é arcaico, ineficiente, gastador e clientelar, Portugal será sempre uma sub-região da Europa, de europeus de terceira, e que viverá das ‘esmolas’ de Bruxelas, com elites subservientes e domesticadas. A actual situação política não tem solução. É óbvio e irrecusável. A hora é do PS, esperando que este partido tenha aprendido a lição e não repita a dose naquilo que foi mais detestável nos últimos anos da sua governação: o amiguismo, e a subserviência aos poderes instalados no Estado, nas autarquias e na economia real.
José Salavisa*
*economista salavisa@yahoo.com |