No próximo dia 7 de Novembro, a paróquia de Arcos irá inaugurar, com toda a pompa e circunstância, a nova residência paroquial que se encontra em fase de acabamentos no Vale Santo, junto ao Centro Cultural de Anadia bem como à nova Igreja de Arcos que, apesar dos esforços e boa vontade de muitos paroquianos, continua bastante atrasada na sua construção. DERRAPAGENS ORÇAMENTAIS Caberá a D.António Marcelino, Bispo de Aveiro, a "tarefa" da inauguração, num dia em que irá também celebrar a missa dominical no interior do futuro templo, ainda em construção, onde terá igualmente lugar um ofertório solene, para "que cada um contribua com o que pode", acrescentou o padre António Torrão, pároco da freguesia de Arcos. A JB este adiantou ainda que, "será uma forma de dar a conhecer o futuro templo ao maior número de pessoas possível", uma vez que, após a missa, terá lugar uma visita guiada ao complexo paroquial, por forma "a que todos tenham contacto com a obra que está a ser feita e compreendam a demora na sua conclusão". Paralelamente, haverá no exterior algumas barraquinhas de comes e bebes para que as pessoas possam ainda contribuir com mais alguma coisa, ao mesmo tempo que, em convívio, poderão almoçar no local. De qualquer forma, esta "operação de charme" visa alertar consciências e entusiasmar os paroquianos para a necessidade de contribuírem mais para com uma obra que é de todo e única no município de Anadia. Na realidade, a construção da nova Igreja Matriz de Arcos e do Centro Paroquial (localizados numa das encontras do Vale Santo, em frente ao Quartel dos Bombeiros Voluntários de Anadia) é uma das mais complexas e dispendiosas obras religiosas em curso no concelho de Anadia, mas que tarda em estar concluída devido às inúmeras "derrapagens" orçamentais de que tem sido alvo. UMA OBRA URGENTE E NECESSÁRIA As obras iniciaram-se durante o ano de 1998, ainda sob a alçada do Padre Vilarinho das Neves, entretanto falecido, e então pároco desta freguesia. Contudo, caberá agora ao jovem Padre António Torrão a difícil e árdua tarefa da conclusão da mesma. Embora por fora a obra pareça adiantada, muito ainda há por fazer e, segundo revelou a JB "a Igreja não está sequer totalmente alvorada". Com contornos já bem definidos, nomeadamente no que concerne ao corpo da Igreja, das duas casas mortuárias, do auditório, sacristia, sanitários, quatro salas de catequese e terraço com vista panorâmica sobre uma parte da vila de Anadia, a verdade é que ainda faltam umas largas dezenas de milhares de euros para que a obra possa ser colocada ao dispor da paróquia. Só a terceira fase da obra que se relaciona com a construção da residência paroquial (orçada em 25 mil contos) é que teve uma evolução mais feliz. Iniciada em Março de 2003 está quase concluída e pronta a inaugurar. Segundo o pároco de Arcos "esta era também uma obra urgente e necessária na medida em que a velha e degradada residência paroquial, onde residiu durante décadas o padre Vilarinho, foi desactivada por já não reunir as condições mínimas de habitabilidade" e, entretanto, vendida por forma a suportar os custos com a construção da nova residência. Em sua substituição a Comissão Fabriqueira alugou um apartamento. Uma solução meramente temporária, agora com os dias contados. Na realidade, e olhando um pouco para todo o processo que envolveu o início da construção do novo templo, até parece que a nova Igreja foi "amaldiçoada". Orçada inicialmente em cerca de 122 mil contos, na construção já foram investidos mais de 74 mil contos, mas insuficientes para concluir a primeira fase da construção. um projecto ambicioso O projecto, nasceu ainda sob a alçada do então autarca de Anadia, Sílvio Cerveira e, como agora a Comissão Fabriqueira reconhece, "nasceu mal", pois "foi um projecto elaborado de forma atabalhoada e com um número elevado de erros técnicos e omissões". Aliás, as falhas ao longo dos anos foram tantas e tão graves que chegaram ao ponto de no caderno de encargos não estar previsto um mapa de acabamentos, a construção da torre da Igreja ou a cobertura do templo. Assim, com tantos erros, pela obra já passaram vários empreiteiros, tendo a Comissão Fabriqueira, entretanto, rescindido contrato com o construtor, pois como revelaram ao nosso jornal "a partir de agora a obra irá avançar por administração directa e só quando houver dinheiro". O último passo dado, realizado já por administração directa, destinou-se à colocação da cobertura da nave principal da Igreja, estando prevista para breve a impermeabilização dos terraços e a cobertura da zona da entrada para o templo. "É, sem dúvida, um projecto ambicioso e tendo em vista o futuro da paróquia e não o imediato", disse-nos o padre Torrão, mas embora reconhecendo o exagero na dimensão da obra, também explicou que "peguei na criança assim e assim ela terá de ser terminada. Já não há nada a fazer a não ser reaproveitar alguns espaços mal dimensionados". Para o pároco Torrão, um outro lamento prende-se com o "divórcio" muito grande existente entre os paroquianos e a Igreja, que não conhecem: "a maioria não imagina a dimensão do projecto em curso que se estende por mais de 11 mil metros quadrados", acrescentou. Embora a autarquia tenha contribuído com o projecto, terrenos e máquinas, colocando ainda ao dispor da Comissão Fabriqueira alguns engenheiros e topógrafos, a verdade é que a Comissão está a braços com uma obra demasiado dispendiosa. Daí que não esteja fora de questão a hipótese de hipotecarem a nova residência paroquial à banca, caso haja alguma entidade bancária disposta a fazer um empréstimo para a construção da nova Igreja. Isto, porque a comparticipação do Poder Central não tem sido elevada, apenas 43 mil contos, distribuídos por tranches, para uma obra que irá ultrapassar os 200 mil contos, uma vez que os trabalhos a mais vieram fazer disparar o orçamento inicialmente previsto. Acrescente-se ainda que no âmbito desta grande obra a Comissão Fabriqueira tem promovido algumas acções de angariação de fundos. Para além de alguns peditórios esporádicos e rifas, o padre Torrão não deixa de alertar que numa angariação de fundos, a favor da Igreja, que teve lugar no Colégio de Famalicão, em 2003 e que contou com a presença do padre Borga, a sua vinda foi inteiramente gratuita ao contrário do que algumas vozes menos esclarecidas disseram. Catarina Cerca |