“Incrivelmente esta população, de cerca de 100 pessoas, a que se juntam, nesta altura do Verão, muitos emigrantes, ainda não tem água da rede pública de abastecimento nem saneamento básico, pelo que tem na fonte a única forma de abastecimento para consumo humano”. Esta situação motivou uma acção de contacto com a população do Vidoeiro por parte do PCP, no último domingo.
“COLIFORMES TOTAIS ACIMA DO PREVISTO POR LEI”
Quem o afirma é o PCP, de Aveiro, que, em documento a que JB teve acesso, avança que a Comissão Concelhia do PCP de Anadia enviou cartas para o presidente da junta de freguesia de Sangalhos e para a delegada de Saúde do concelho de Anadia. Por outro lado, a água nem estará em boas condições para consumo. Segundo análises, feitas em 27 de Maio deste ano, e expostas na Junta, o valor dos coliformes totais está acima do previsto (0/100). O problema foi levantado pelo eleito pelo PCP na Assembleia de freguesia de Sangalhos, António Morais, na reunião de 20 de Junho e a DORAV do PCP “considera estranho que este edital esteja exposto no edifício da Junta, a cerca de 7 quilómetros da referida fonte, sem indicar claramente se a água é ou não própria para consumo”. Segundo as análises expostas, os coliformes totais (10/100/ são valores acima do permitido pelo Decreto-Lei 243/01. Com os mesmos valores se encontra a água da Fonte do Castelinho. Na carta enviada ao presidente da junta de Sangalhos, questiona o PCP: “vimos solicitar-lhe nos informe da vossa avaliação do risco para a saúde pública na referida fonte, designadamente se considera a água própria para consumo humano, bem como das medidas que eventualmente tenha levado a cabo para minimizar efeitos negativos”. Mais quer saber se foi alertada a delegação de Saúde.
AVALIAÇÃO DO RISCO
O Decreto-Lei, no seu artigo 10º é muito claro. Sempre que surjam análises que ultrapassem os parâmetros (0/100), a junta “deve, de imediato, investigar as causas e assegurar as medidas correctivas necessárias para restabelecer a qualidade da água destinada ao consumo humano, tendo especialmente em atenção o desvio em relação ao valor paramétrico fixado e o perigo potencial para a saúde humana”. Ao mesmo tempo deve comunicar o caso à autoridade de saúde do concelho. No que se refere ao conteúdo da carta remetida para a delegação de saúde de Anadia, o conteúdo essencial não diverge muito das questões colocadas na informação do PCP nem da carta para o autarca. Neste caso, o partido comunista solicita que seja informado da “avaliação do risco para a saúde pública da água na referida fonte, designadamente se considera a água própria para consumo humano, bem como das medidas que eventualmente tenha sugerido à entidade gestora a fim de serem adoptadas para minimizar efeitos negativos”, ao mesmo tempo que solicita seja informado de “qualquer situação de incumprimento por parte da entidade gestora (junta) e nesse caso das medidas correctivas adoptadas ou em curso e dos resultados das mesmas.
SOLIDÁRIO COM A POPULAÇÃO
Contactado o autarca Sérgio Aidos, este avançou não compreender a razão por que numa fonte com água tão instável (“numa análise está boa, na seguinte já não está”) a Delegação de Saúde de Anadia não realiza a análise à água mais frequentemente até porque, como disse, “em causa está a saúde pública”. O autarca avança ainda que à Delegação de Saúde de Anadia já foi solicitada a análise mensal à água, sem que o pedido tenha sido realizado, já que as últimas análises que a junta de freguesia possui datam de Maio. Sérgio Aidos admite que o problema se arrasta há tempo demais, embora já tenha envidado todos os esforços para resolver esta questão. Assim, revelou a JB que, se, por um lado, já “solicitei análises mais frequentes”, também já alertei a Câmara Municipal de Anadia para a falta de água da rede pública, neste lugar da freguesia, que se situa no limite do concelho com o vizinho município de Águeda. Para o autarca sangalhense, “é uma questão de vontade política”, ou seja “existem duas opções: transformar um pequeno caminho - que liga o Bicaranho, passando pela Póvoa do Salgueiro até ao Vidoeiro – em estrada e que em linha recta não são mais de 300 metros, por forma a colocar saneamento e água, evitando assim ter de entrar no concelho de Águeda, ou então fazer um protocolo com a autarquia de Águeda para que a água e o saneamento no Vidoeiro sejam colocados por aquela autarquia, já que a povoação está no limite do concelho de Anadia com Águeda”. De acordo ainda com o autarca, “a freguesia de Aguada de Baixo tem água e saneamento e seria mais barato para a autarquia anadiense estabelecer um protocolo com a Câmara aguedense, tal como tem com Oliveira do Bairro. O problema daquelas pessoas estaria resolvido”, admitindo ainda estar “inteiramente solidário com a população”, dizendo já ter feito tudo o que estava ao seu alcance: “a junta limpou toda a nascente, colocou nova canalização e tem no local uma pessoa que tem a chave da mina/nascente”. Neste momento, só me posso disponibilizar para acompanhar a população e ir à Câmara Municipal defender os seus interesses, já que o assunto se arrasta há tempo demais”, acrescentou.
|