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10-08-2004

Grito desesperado-Campanha de solidariedade


Vila Verde

Maria Teresa Martins Silvano Simões, é um mulher que dá nas vistas. Pelo piores motivos, clinicamente falando. É obesa, pesa mais do dobro do que deveria pesar, nada menos do que 160 kilos. E, como se isso ainda fosse pouco, - segundo relatório clínico, é “considerada  doente de alto  risco”-, sofre de hipertensão e de outras mazelas. Vive com muitas dificuldades, não  consegue trabalhar, nem em casa, e não tem dinheiro para a tal intervenção cirúrgica aconselhável para esta situação - a colocação de uma banda gástrica, quando ainda quer viver mais uns anos.
Mais dois anos à espera da operação, se não forem mais, que pode assim não chegar a fazer, vive em desespero, há anos, e sofreu já de grave depressão.

Mal arrasta as pernas

Maria Teresa Martins Silvano Simões, meio século de vida,  é natural de Fermentelos e, depois de estar  a residir em Eiras, Coimbra, de onde é natural o marido, Adriano Gomes Simões, que acaba de entrar na câmara, após  um ano de espera, depois, na rua da Estação e na Amoreira, reside agora em Vila Verde, numa casa de Alípio Sol, onde já gastou algum dinheiro.
“A renda era muito cara, não podíamos pagar. Agora é mais baratinha”, comenta.
Enquanto teve saúde, trabalhou de ombro forte, em fábricas, como a Fabricel, no Vale do Grou e outras.
Hoje mal arrasta as pernas, autênticos madeiros, deslocando-se aqui e ali de scooter. Em casa mal se move, “não faço comida, não faço limpeza”, comenta rosto triste e algum desânimo à mistura. Por vezes, descasca as batatas que o marido, antes de ir para o trabalho, lhe deixa em cima da mesa e ali ficam à espera que o marido “as meta na panela”.
“Isto é uma doença que rouba a vontade às pessoas”, desabafa, para de seguida lamentar-se mais:” Não posso baixar-me, é o meu marido que me calça, ando cansada do cérebro. Fico desesperada”. Por vezes, as frágeis cadeiras onde se senta não aguentam o peso e desfazem-se.
Maria Teresa Martins Silvano Simões, para além de tudo isto, que já não é pouco carrego, não dispõe de dinheiro para a desejada operação que passa pela colocação da chamada banda gástrica.
Só em medicamentos gasta todos meses 150 euros (trinta contos). Tem no entanto a ajuda da Misericórdia. “Elas é que vão à farmácia aviá-los”. Se assim não fosse, estava bem aviada, morreria à fome. Além disso, duas mulheres do Apoio Domiciliário da mesma instituição é que vão lá a casa fazer a limpeza...

Quer lutar pela vida

Maria Teresa Silvano desde os 37 anos que sofre de obesidade, e de outras graves mazelas. Segundo relatório do Centro de Saúde de Eiras, Coimbra, de 25 de Outubro de 1995, sofria de osteo-articular degenerativa crónica, obesidade, não podendo trabalhar de forma contínua.
Com a fixação em Oliveira do Bairro, inscreveu-se no Hospital de Santo António, no Porto, onde tem andado a ser assistida, nas consultas de endocrinologia, desde Fevereiro de 2002, graças ao médico de família, Hélder Humberto, do Centro de Saúde de Oliveira do Bairro, que “foi um grande amigo, um pai”, considera.
Segundo relatório, assinado pela drª. Helena Cardoso, a paciente sofre de uma série de males: hipertensão arterial, apneia obstrutiva do sono, esteatose hepática, lictícia vesicular, além da obesidade, concluindo que “perante a gravidade da sua obesidade e co-morbidade que apresenta, é considerada de alto risco e portanto com indicação para cirurgia”.
Encontra-se mesmo em lista de espera. Só que vive atormentada pela demora. A lista está com quatro anos de atraso e teme pela sua vida, que é bastante pesada. “A gente chora porque vemos que estamos a morrer e ninguém nos deita a mão. Quem depende da Caixa não tem hipótese”. Vai mesmo mais longe e avança: “ainda morro sem fazer a operação, mas quero lutar pele vida. Ainda sou muito nova”.
Só que, com a lista de espera e a situação a agravar-se de dia para dia, queria ser operada a pagar, mas a operação custa dois mil contos e não tem tostão. E, se tem quatro filhas, em Miranda do Corvo, Condeixa, Trofa e Sangalhos, “elas dizem que não me conhecem. Não tenho que lhes dar, não tenho para mim. Passei tanta fome para as criar e agora não me conhecem de lado nenhum. Passei tanta amargura e trabalhei tanto na fábrica de blocos para as não deixar morrer à fome e agora dizem que não me conhecem”, lamenta-se, acrescentando de imediato: “eu só queria que me dessem carinhos”.
Daí que tenha vindo ao JB expor  o seu drama e pedir para sermos o eco do seu SOS, do seu grito de esperança.
É o que estamos a fazer, a partir de hoje, e vamos fazer nos próximos tempos, esperando gestos de solidariedade. Está aberta a campanha, na sequência de outros de grande êxito, junto do jornal.

Armor Mota
 


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