Soluções criadas por investigadores da Universidade de Aveiro (UA) permitem medir, simultaneamente e em tempo real, vários parâmetros físicos do vinho e visualizar a informação num tablet ou smartphone. Estes sensores e outros produtos são comercializados pela Watgrid, empresa instalada na Incubadora de Empresas da UA (IEUA), e já estão a ser usados por grandes produtores de vinho da região de Bordéus e em Portugal e por um grande produtor de espumantes da região de Champagne. Preparam-se também soluções para pequenos produtores.
Conseguir a medição simultânea e em tempo real, lida num smartphone ou num tablet, por exemplo, de parâmetros do vinho, como a turvação, cor, densidade (indicadores da percentagem de álcool e de açúcar) e o nível de líquido reservado, normalmente em cubas de fermentação e armazenagem, barricas e pipas, é uma vantagem dos sensores comercializados pela Watgrid (http://watgrid.com/) que começa a ter reflexo na aceitação do mercado. Grandes produtores de vinho, nomeadamente na zona de Bordéus e em Portugal, já estão a usar os sensores Winegrid desenvolvidos por esta empresa IEUA.
Em 2013, venceram o “Building Global Innovators”, o concurso IUL-MIT Portugal Caixa Capital, com o que designavam solução para monitorização da qualidade da água em tempo real e em linha, duplicando a eficiência na redução da água não faturada. Entretanto a prioridade passou a ser o sector do vinho.
“Não só o sector do vinho se revelou mais rápido a decidir, porque é mais concorrencial e de capital essencialmente privado, como os sensores da Watgrid mostraram estar também ajustados ao vinho, monitorizando os principais parâmetros para avaliar a qualidade na sua produção”, explica Rogério Nogueira, investigador do Instituto de Telecomunicações da UA (IT-Aveiro) e um dos promotores da empresa em parceria com Lúcia Bilro, também investigadora do IT-Aveiro.
Com estas novas soluções evitam-se a demora e as despesas associadas à recolha de amostra em momentos pré-definidos da produção e a análise em laboratório, com a agravante de, em alguns casos, não haver laboratório próprio e ser necessário esperar pelos resultados. Os dados assim obtidos de modo agregado e em tempo real podem ser comparados com registos anteriores e dão uma perspetiva da evolução da produção.
Para além destes parâmetros que os sensores já medem está ainda prevista a medição de outros, como o pH e o oxigénio dissolvido, numa fase posterior de desenvolvimento dos produtos. Neste sentido, foi preparada uma candidatura, no âmbito do Portugal 2020, entretanto aprovada, em parceria com o Departamento de Química da UA. Em perspetiva está ainda a adaptação ao mercado das bebidas espirituosas.
Em 2014, a Watgrid foi assinalada pela SapoTek como uma das quatro empresas com ideias inovadoras para resolver problemas concretos do mercado e que deveriam ser acompanhadas com atenção nesse ano. Ainda nesse ano, a Watgrid venceu a competição Vinocamp Lisboa 2014, promovida pela 33entrepreneurs, uma aceleradora de startup nos sectores do vinho, gastronomia e turismo.
“Após a fase de validação dos produtos, durante o ano passado, o enfoque, neste momento”, afirma Rogério Nogueira, “é nos mercados francês e português, trabalhando de modo diferenciado o mercado profissional de grandes produtores e o mercado de pequenos produtores”.
Rogério Nogueira, antigo aluno de Engenharia Física da UA e doutorado em Física, ex-professor do departamento dedicado a esta área científica, é também o Diretor Geral do Parque de Ciência e Inovação e um dos coordenadores da Plataforma Tecnológica dos Moldes da UA, vice-presidente e cofundador da Sociedade Portuguesa de Ótica. Foi gestor de inovação da Nokia Siemens Networks Portugal e Coriant Portugal, é autor e coautor de seis patentes relacionadas com sensores óticos e comunicações. Rogério Nogueira possui um Certificado MIT Sloan em Gestão e Liderança e um certificado COHiTEC em empreendedorismo.
Lúcia Bilro concluiu o doutoramento em Física na UA sob orientação de Rogério Nogueira. Foi professora no Instituto Politécnico de Viana do Castelo e é, neste momento, investigadora no Instituto de Telecomunicações. É membro da direção da Sociedade Portuguesa de Óptica e Fotónica. Foi aluna do Curso de Empreendedorismo de Base Tecnológica (CEBT), uma parceria entre as Universidades de Aveiro, Beira Interior e Coimbra, em parceria com o CEC – Câmara de Comércio e Indústria do Centro. Lúcia Bilro é especialista no desenvolvimento de soluções baseadas em tecnologias ópticas para aplicações em sensores.
Texto e foto: UA
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