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02-06-2004

Professor negou alegada autoria de sete crimes sexuai


Anadia

O Tribunal de Anadia começou, na última segunda-feira, a julgar à porta fechada um professor, de 49 anos, acusado pela alegada autoria material de sete crimes de abuso sexual de crianças, cinco dos quais agravados sob a forma continuada. “NEGOU A ACUSAÇÃO” De acordo com a acusação, António M., de 49 anos, conhecido pelo “Prof. Tó”, terá cometido os crimes de abuso sexual a crianças, do sexo feminino, entre os anos lectivos de 1997 a 2002. Numa altura em que as crianças teriam entre 10 e 13 anos de idade e no âmbito das funções que o docente desempenhava no Colégio Salesiano S. João Bosco, em Mogofores, Anadia, como professor de Educação Visual e Tecnológica. Segundo o advogado de defesa, António Ribeiro, o arguido “, ao longo da manhã, colaborou e respondeu sempre que foi questionado ”, acrescentando que “contou vários factos ao tribunal, mantendo sempre a sua postura e coerência”. Já, José Esteves, advogado das vítimas, limitou-se a dizer que o arguido negou todos os factos que vinha sendo acusado. Aliás, o que já tinha feito durante o debate instrutório. Entretanto uma das alegadas vítimas desistiu da queixa. Os pais dizem que “a filha estava com problemas do foro psíquico e que os acontecimentos que deram origem ao processo foram por ela inventados”. Segundo o processo, os relatos das menores, alegadamente, abusadas são coincidentes no modo de operar do alegado pedófilo que foi alvo de um processo disciplinar instaurado em finais de 2002 pela Inspecção-geral de Educação, por proposta emitida no âmbito de um outro de averiguações conduzido pelo mesmo organismo, instaurado em Maio de 2002. No âmbito destas averiguações, “foi apurada matéria passível de consubstanciar a prática do crime de abuso sexual de crianças”. Uma psicóloga, que exerceu funções no Colégio já tinha alertado os responsáveis da escola que o “Prof. Tó” tinha um relacionamento demasiado afectuoso com as alunas e que “às vezes apareciam no seu gabinete a dizerem que o Prof. as apertava um bocadinho”. “FRAGILIDADES DA CARNE” No início da audiência, Paulo Valério, juiz presidente, determinou que o julgamento decorresse à porta fechada, dado estarem em causa crimes sexuais e as vítimas serem menores – “O direito da exclusão de publicidade”. Durante o primeiro dia foram ouvidas as vítimas e as testemunhas de acusação, tendo ficado para o dia seguinte, terça-feira, a audição das testemunhas arroladas pela defesa. Entre estas conta-se o causídico Adelino Novo, advogado e amigo do professor, que disse ao JB conhecer o arguido há 20 anos e “não ter elementos que lhe indiquem que pudesse, em consciência, cometer tais actos”. “Ele também é pai”, admitindo que “as pessoas possam ter um lado negativo da sua personalidade que não revelam”. “Não sei se cedeu perante as fragilidades da carne, mas não lhe conheço rigorosamente qualquer antecedente”, acrescentou. “CONFIO NA JUSTIÇA” Entretanto, o pai de uma das vítimas, disse ao JB confiar plenamente na justiça e naquilo que a sua filha lhe contou. No entanto, prontificou-se a explicar que “os responsáveis pelo Colégio nunca marcaram nenhuma reunião para esclarecer os factos”. Este pai diz que foi um dos primeiros a levantar a questão e que escreveu uma carta registada aos responsáveis pelo Colégio, afirmando desconhecer onde estará o documento que enviou. “No processo não está”. Recorde-se que dezenas de alunos escreveram ao “Prof. Tó” manifestando solidariedade. Afirmam em várias cartas que “a escola está mais triste” depois da sua saída. As missivas são subscritas por alunos e, em alguns casos, por professores que dizem não acreditar nas suspeitas.

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