O lançamento público do Compromisso pela Bicicleta, na Murtosa, assume que a mobilização dos cidadãos para a realização de percursos entre casa e trabalho e casa e escola como a grande meta do projeto. José Carlos Mota, da Plataforma Tecnológica da Bicicleta (UA), assumiu o desafio como estruturante no futuro da comunidade intermunicipal.
“Queremos que mais pessoas andem de bicicleta na deslocação para o trabalho e para a escola. É uma iniciativa básica mas que enfrenta muitas resistências. Queremos envolver instituições do setor público e privado”.
Para dar o exemplo, alguns elementos da Universidade de Aveiro viajaram até à Murtosa utilizando comboio e bicicleta. O Reitor da UA, Manuel Assunção, diz que a Universidade já segue com “forte pedalada” e está preparada para assumir a condição de motor deste compromisso.
“É com toda a naturalidade e redobrada pedalada que assumimos o papel de compromisso com a bicicleta. É uma iniciativa que merece crédito e que envolve mais de 100 instituições subscritoras. Dá um sinal positivo e encorajador”, refere Manuel Assunção que destaca a integração do programa U-Bike, vocacionado para o desenvolvimento do uso da bicicleta em meio académico.
A cerimónia de ontem na Murtosa contou com a presença do Secretário de Estado do Ambiente, José Mendes, que realçou a importância de desenvolver o cluster das duas rodas e com essa aposta melhorar o desempenho económico e ambiental (com áudio).
“Quando recebi este grupo de pessoas pude conhecer dados sobre a importância da indústria na economia nacional e em particular na economia da região. Há um caminho a fazer para dinamizar esta alteração na mobilidade mas temos aqui um setor que pode atingir patamares de maior valor acrescentado”
O lançamento do "Compromisso pela Bicicleta" mobiliza as autarquias da Região de Aveiro. O presidente da CIRA, Ribau Esteves, defende que é necessário reprogramar os programas de fundos comunitários para, dessa forma, garantir o financiamento de ligações intermunicipais, fora dos centros urbanos.
“Há coisas a fazer no ajustamento do quadro de fundos comunitários e é preciso por em paz o POSEUR. As ciclovias não urbanas que eram elegíveis no POVT deixarem de ser elegíveis no POESUR. Há caminho a corrigir nesta pedalada positiva. Este compromisso é um bom contributo”.
O Compromisso envolve as principais instituições e organizações ligadas à bicicleta, nomeadamente a Associação Nacional das Indústrias das Duas Rodas (ABIMOTA), Federação Portuguesa do Ciclismo e Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta, entre outras associações como grupos cívicos que surgiram nos últimos anos para fomentar o uso da bicicleta.
Joana Ivónia, da Ciclaveiro, defende que esse trabalho em rede é essencial para mudar hábitos. “Não é necessário apenas investimento financeiro. É necessário investimento humano. É preciso mudar mentalidades. Pessoas que mudam pessoas e por tudo alinhado e em sintonia. Não é só porque sim”.
O "Compromisso pela Bicicleta" lança o desafio a autarquias, comunidades intermunicipais, universidades, organizações da administração pública, empresas e organizações do terceiro setor para promoverem atividades em prol do uso regular da bicicleta por motivo de deslocação para o trabalho e escola.
São colocados objetivos como a redução de emissões e a dependência energética dos combustíveis fósseis, aumentar para 10% a quota modal da bicicleta (atualmente apenas de 0,5% do total das deslocações casa-trabalho/escola), mas também reduzir em 10% o número de deslocações em veículo individual de curta distância (hoje representam 60% do total das deslocações casa-trabalho/escola) ou estimular a produção nacional neste setor.
É apontada também a necessidade de reduzir a sinistralidade rodoviária, bem como estimular estilos de vida saudáveis e qualificar o espaço público das cidades e vilas.
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