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26-05-2004

Homenageou sócios fundadores das Caves Primavera


Rotary Club de Águeda

O Rotary Club de Águeda promoveu, no último sábado, dia 22 de Maio, uma homenagem profissional aos irmãos Vital e Lucénio de Almeida, sócios fundadores das Caves Primavera que, este ano, completam 60 anos de vida. Uma homenagem que contou com a presença de muitos convidados, entre os quais, António Marcelino, Bispo de Aveiro e José Manuel Pinho Leão, Governador Civil de Aveiro. BANHO DE MULTIDÃO A homenagem, que contou com a presença de mais de três centenas de amigos, começou pelas 10 horas, com celebração de missa presidida pelo Bispo de Aveiro, D.António Marcelino, na Igreja de Aguada de Baixo. Já passava das 11 horas quando, nas Caves Primavera, empresa fundada pelos irmãos Vital e Lucénio, foi descerrada uma placa alusiva ao evento. Pelo meio houve ainda lugar a apresentação do 3º livro de Lucénio de Almeida, “A razão do meu ser”. (ver caixa) A cerimónia de homenagem profissional foi realizada durante um almoço, promovido pelo Roatary Clube de Águeda, no salão de eventos Artur III, em Barrô. Um acontecimento que começou com o habitual protocolo rotário e a saudação às bandeiras. António Manuel Rés, presidente do Rotary Clube de Águeda, começou por explicar que a homenagem aos irmãos Vital e Lucénio “se devia ao percurso profissional de 60 anos de actividade das Caves Primavera, sendo seus fundadores e sócios em pleno exercício”. Uma homenagem promovida pelo Rotary de Águeda “um clube de serviço, integrado num movimento de âmbito mundial que, actualmente dispõe de mais de um milhão e duzentos mil rotários, sendo o maior clube privado do mundo”, fazendo ainda uma breve alusão aos objectivos do Rotary, “de estimular e fomentar o ideal de servir, promovendo e apoiando o desenvolvimento do companheirismo, de forma a alcançar a melhoria da comunidade, visando a consolidação das boas relações, da cooperação e da paz entre as nações e ainda semeando a solidariedade.” Sobre esta homenagem profissional, António Manuel Rés diria ainda tratar-se de “dois homens do nosso concelho de Águeda”, merecedores de tal reconhecimento. VIDA DIFêCIL, MAS DE SUCESSO Seguiu-se um dos momentos mais comoventes. Coube a Celestino Almeida fazer o percurso da vida dos irmãos homenageados, desde o seu nascimento. Socorrendo-se de uma projecção de fotografias antigas, pertencentes ao vasto álbum de recordações e memórias destes dois ilustres bairradinos, Celestino Almeida, de uma forma brilhante, traçou, com bastante rigor e pormenor, a vida difícil, mas de sucesso de Vital e Lucénio. SERIEDADE, HUMILDADE Por seu turno, José Manuel Pinho Leão (Governador Civil de Aveiro) recordou a época em que era criança e na casa de seus pais, então comerciantes, se habituou a ver o Sr. Vital. Para José Manuel Pinho Leão não restam dúvidas que o sucesso das Caves Primavera se deve a uma conjugação de factores, sendo a seriedade, humildade dois dos mais importantes. Já, Pinho Galvão, vereador da autarquia aguedense não deixaria de sublinhar “tratar-se de um tributo ao exemplo de vida que todos devemos seguir”, congratulando-se ainda por ter no seu município “pessoas e empresas de sucesso” que ajudam a engrandecer o concelho. Horácio Marçal, presidente da Assembleia Municipal de Águeda não deixaria também de referir que o município de “Águeda tem crescido à custa de muita gente que tem trabalhado arduamente e se dedicado, de corpo e alma, ao progresso do município”. UMA EMPRESA DE REFERÊNCIA NO SECTOR VINêCOLA Bastante emocionado Vital de Almeida, hoje com 79 anos, recordou o longínquo ano de 1943-44, em que, conjuntamente com seu irmão, decidiu deixar os trabalhos agrícolas e enveredar pela actividade comercial e industrial. Assim, nasceu a Vinícola Primavera, primeiro, instalada numa velha casa no centro de Aguada de Baixo, local onde começaram a comercializar vinhos, a fabricar licores e xaropes. O crescimento, a partir daí, foi contínuo e mais tarde nascera, já nos anos 60, as Caves Primavera. Como diria “uma empresa de referência no sector vinícola”. Vital Almeida agradeceu ao Rotary Clube de Águeda a distinção concedida à empresa, agradecendo ainda a todos os colaboradores, amigos, clientes que, na região, no país e no estrangeiro, “sempre nos respeitaram, consideraram e nos ajudaram a fazer da empresa Vinícola Primavera, hoje, Caves Primavera”. SONHO DE JUVENTUDE De igual forma Lucénio Almeida recordou como “há 60 anos atrás embarcámos num sonho de juventude, “confiantes apenas na nossa capacidade e muito esperançados num projecto a que chamámos Vinícola Primavera”. Recordou os anos de “muito trabalho, sem horário e em condições duras”, acrescentando ainda agora “é com satisfação do dever cumprido e com a alegria própria por rever os amigos” que aqui estamos. Apresentação do 3º livro de Lucénio de Almeida “A razão do meu ser” Coube a Rosinda Oliveira a tarefa de apresentar a terceira obra de Lucénio de Almeida. Intitulado “A razão do meu ser”, trata-se de uma obra onde são “apresentados vários pensamentos, estrofes poéticas e narrações, além de outros bons bocados de prosa”. “A razão do meu ser” é, no fundo, uma viagem pela vida, desde a infância, de Lucénio Almeida, mas também pela vida de seu irmão, Vital. Como diria Rosinda Oliveira “na página 16 – onde e por onde a vida tem passado, pela sua terra – Aguada de Baixo – que envolve o autor e a família que o marca, que o acarinha, que o torna vivo e que ele quer preservar nas suas raízes, nos seus valores e fundamentos”e, continuando, refere: “aqui vem o miolo de toda a obra envolta num doce e fresco lirismo, os versos jorram, ora mais espontâneos, ora mais trabalhados e repensados, numa expressão correntia e extravasante, de uma alma que se mostra sempre adornada pela bondade, humildade, dedicação, carinho e ternura”. TRÊS GRANDES EIXOS – A FAMêLIA, A Fƒ E O TRABALHO Para Rosinda Oliveira “A razão do meu ser” “não é mais do que a razão do seu ser, do seu existir, do seu eu, da sua personalidade e carácter”, acrescentando ainda que “nesta obra todo o labor intelectual gira à volta de três grandes eixos – a família, a fé e o trabalho”. Linhas mestras que, “como baluartes, orientam e apoiam todo o discurso, arrancando da alma e das entranhas do autor, todo um rico manancial de emoções, afectos e sentimentos que se espraiam perante nossos olhos em cascatas flamejantes de luz e cor, sacudindo suaviosas queixas, desalentos e mágoas que atingem o poeta, por vezes, ao de leve, mansamente, ou de um modo mais agressivo e doloroso, mas tudo suplantado por uma força dinâmica que o autor é capaz de sempre encontrar, nem que seja lá bem no fundo do seu ego, desamparado, mas nunca desiludido”, diria, acrescentando ainda que “embora uma suave tristeza e solidão cubram estas páginas, dado os dois factos trágicos que muito marcaram o autor – a morte das duas mulheres que muito amou: a mãe e a esposa”, o livro põe ainda a nu “o entusiasmo, a força e a coragem de um lutador nato que fez do trabalho o seu escudo e o seu lema para vencer os desafios da vida, do tempo e do mundo.” Segundo a apresentadora, “a obra mostra a sua razão de ser, de viver, de se ir construindo – vai o poeta cantando a sua família, sempre num misto de amor e muita dolorida saudade, em especial da mãe e da esposa – grandes perdas que o marcaram profundamente e cujas cicatrizes se sentem em toda a obra.” Mas, sublinharia Rosinda Oliveira “se a família é o fundamento e sustentáculo indispensável em toda a organização psicológica, intelectual e moral de Lucénio de Almeida, essa vida só parece ter sentido norteada por um outro grande padrão – o amor ao trabalho”. Rosinda Oliveira diria mesmo que “o trabalho tem sido decisivo em toda a escrita deste autor”. Todavia, diria também que “é à volta da fé e na fé que o autor bebe e expande toda a sua genuína inspiração” e, continuando, acrescenta ainda que “é sobretudo, na sua gratidão ao Altíssimo que mais se nota a sua fé”. Sempre presente “o apego ao irmão Vital, quase como se os dois formando uma só peça neste trabalhoso processo, ao longo dos 60 anos de vida das Caves Primavera”. Um livro onde se nota, para além de “uma certa preocupação didáctica na transmissão de ensinamentos e alguns conceitos, que nem sempre as palavras dizem tudo, ou seja, “a mensagem nem sempre está no que se vislumbra numa primeira leitura, está principalmente para além das palavras”. Para a apresentadora da obra “falar deste livro é descobrir na emoção, o trabalho, a fé e a humildade de um homem que, com o irmão e o apoio da família e dos amigos, foi capaz de construir uma grande empresa, começando quase do nada” e nunca esquecendo os outros, sejam eles parentes ou empregados ou qualquer um seu semelhante.” Após a brilhante apresentação Rosa Maria, Diana e Cláudia maravilham os presentes com belas declamações de alguns versos que integram a obra apresentada. O autor aproveitaria para recordar que a obra agora editada “é uma colectânea de pensamentos que reuni”, não deixando também de referir que “as datas têm uma simbologia própria, e com a experiência própria da minha idade vos digo que todo o homem devia anotar as datas que lhe marcaram o percurso e com elas ajudar a fazer a sua história, pois a vida por fora é um reflexo daquilo que somos por dentro”. Seguiu-se um espumante de honra e uma breve sessão de autógrafos. Catarina Cerca

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