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14-04-2016

UA estuda colonização biológica na mata do Buçaco que pode alterar obras de reabilitação.



A Universidade de Aveiro quer identificar no Buçaco forma mais eficaz de combater colonização biológica. Resultados de estudo científico serão conhecidos em 2017 e prometem introduzir alterações significativas nos cadernos de encargos das obras de reabilitação de edifícios.

A Mata Nacional do Buçaco está a ser palco de uma investigação científica - única em Portugal - que pode vir a implicar alterações significativas, já em 2017, nos cadernos de encargos das obras de reabilitação de edifícios afetados pela colonização biológica, ou seja, com paredes ou azulejos danificados por líquenes, musgos, micro-organismos, plantas ou outros seres vivos.

O objetivo do estudo, coordenado pela Universidade de Aveiro (UA), é o de identificar com rigor o biocida mais adequado para combater o problema, evitando perdas de tempo, gastos desnecessários de dinheiro e, pior ainda, danos colaterais nocivos nos edifícios e no meio ambiente (recorde-se que os biocidas são produtos químicos).

A investigação aqui em causa, desenvolvida no âmbito de uma tese de mestrado de uma aluna de Biologia da UA, junta pela primeira vez no mesmo trabalho académico os departamentos de Engenharia Civil e Biologia. “É um trabalho pioneiro de complementaridade de saberes, no qual entra a conservação/reabilitação do património, que é neste momento um dos cursos do Departamento de Engenharia Civil da UA”, salienta Ana Velosa, docente no referido departamento e orientadora da tese de mestrado de Ana Raquel.

Ana Velosa explica os pormenores da investigação científica em curso nas paredes exteriores do Convento de Santa Cruz do Buçaco e nas ermidas e capelas da Via-Sacra (única no Mundo à escala de Jerusalém) existente na referida Mata Nacional: “na área da reabilitação do património, é frequente e necessário tratar aquilo que é designado de colonização biológica, que é praticamente tudo o que sejam líquenes, musgos, micro-organismos, plantas, que colonizam as paredes dos edifícios, os azulejos. Para eliminar essa colonização e devolver ao edificado uma imagem renovada/limpa, os cadernos de encargos não pormenorizam, por desconhecimento, quais os produtos em concreto que devem ser usados nesse combate.  E o que normalmente acontece é que por vezes não há uma escolha do biocida adequada”. 

Na opinião da docente do Departamento de Engenharia Civil da UA, “o problema da colonização biológica não está a ser tratado, nos cadernos de encargos das obras, de forma adequada. Parte-se para uma obra sabendo apenas que há colonização biológica, mas sem se dominar a sua especificidade e, por conseguinte, sem saber com exatidão qual o biocida concreto a aplicar”.

Ora, com este estudo, o que se pretende, conforme explica o docente Artur Alves, do Departamento de Biologia da UA e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, é identificar as necessidades reais de cada edifício que carece de reabilitação, nomeadamente a adequabilidade dos biocidas para cada caso identificado e acabar com os cadernos de encargos com referências genéricas aos produtos a usar, que continuam a ser aplicados de forma indiscriminada, com prejuízos de vária espécie”. “A problemática da colonização biológica não se resume apenas e só a uma questão estética, na medida em que a colonização por determinado tipo de seres vivos ou micro-organismos pode claramente resultar na deterioração do próprio edificado, provocando danos muito graves”, alerta o docente universitário.

Artur Alves e Ana Velosa acreditam que esta interdisciplinaridade patente na tese de mestrado de Ana Raquel, que deverá ficar concluída até final de 2016, “irá resultar na mudança de paradigma dos orçamentos das empresas de construção civil que se dedicam à reabilitação urbana - uma área em franca ascensão -, uma vez que os resultados que contamos obter através deste estudo universitário irão introduzir alterações ao nível dos cadernos de encargos”.

“O próprio restauro que vier a ser feito, de ora em diante, a pensar no projeto de candidatura da Mata Nacional do Buçaco a Património Mundial da UNESCO já irá beneficiar dos conhecimentos resultantes da investigação academia ali em curso”, lembra Ana Velosa.

Texto e foto: UA


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