A exemplo de outros clubes, era mais ou menos previsível que, à primeira Assembleia-geral do Anadia para encontrar uma direcção, os sócios e quem ainda está à frente do clube, não tivessem luz verde para substituir o actual presidente, Lino Pintado, que, de uma forma clara, disse aos cerca de 40 associados presentes que o seu reinado de quatro anos à frente dos Trevos da Bairrada tinha chegado ao fim. Assim sendo, a Assembleia ficou suspensa, tendo ficado decidido que a sua continuidade ficasse marcada para o próximo dia 28 de Maio, mas, se, neste período de tempo, não for encontrada uma solução, a mesa da Assembleia terá poderes para resolver a situação. A noite ficou marcada pela decisão da autarquia ter decidido que os seniores não treinavam e nem jogavam mais no relvado do estádio Eng. Sílvio Cerveira (o último jogo, com o S. João Ver, será em Oliveira do Bairro), uma medida assumida por causa de um novo tratamento do relvado, com vista ao estágio da Letónia. SENTIDO DE MISSÃO CUMPRIDA Depois de anunciar o que já se sabia – que não ia recandidatar-se, Lino Pintado fez uma pequena resenha do que foram os seus quatro anos de mandato: “Nestes quatro anos, o Anadia ganhou alguma dimensão e projecção, os resultados desportivos foram satisfatórios”. Sem se deter, o presidente do Anadia, disse: “Saio de consciência tranquila, sentido de missão cumprida, mas saio com alguma mágoa e um bocado triste”. Foi, então, que abriu o livro. As suas palavras evocarem tratamento e falta de respeito por parte da Câmara Municipal de Anadia: “Fomos expulsos, entre aspas, da nossa casa, de treinar e jogar, num processo repleto de confusões, cheio de contradições, que me deixa perplexo. Neste processo, não tive uma única palavra do presidente da Câmara, apenas do Jorge Sampaio. Quero que fique bem claro que sou a favor da Letónia vir para cá. Com a sua vinda, as condições serão melhoradas, mas, neste momento, o relvado encontra-se em perfeitas condições”. E, para ilustrar ainda mais o seu sentimento de revolta, Lino Pintado afirmou que, através de Adriano Henriques, o Anadia contribuiu com dez mil contos para o estádio, e que para o arrelvamento, o clube, através de candidatura, deu 2.500 contos. Com tudo isto, a autarquia propôs que os seniores treinassem uma hora, às terças e quartas-feiras, no relvado sintético. À quinta, o treino é em Oliveira do Bairro, tal como o derradeiro jogo, não sabendo o clube onde treinar à sexta-feira. Contactado por JB, o vereador Jorge Sampaio apenas disse que houve uma reunião entre ambas as partes, o acordo foi total, e toda esta situação está mais do que esclarecida. Sobre a polémica do relvado, o autarca disse ainda que esteve um técnico do Euro/2004 em Anadia e o tratamento tinha que ser iniciado agora. Lino Pintado diria ainda que, a dado momento do seu mandato, pediu à autarquia balizas e bancos, que lhe foram negadas. No entanto, para a Letónia estão a ser colocadas, o que lhe provocou esta reacção: “Sou a favor da vinda da Letónia, mas o Anadia não merecia este tratamento”. Alguém propôs que o clube se manifestasse perante a Câmara, mas Lino Pintado limitou-se a dizer que “a minha indignação fica por aqui”. Outro sócio perguntou por que o presidente não tinha explicado as razões da sua demissão. O ainda líder anadiense clarificou que “o meu mandato chegou ao fim. Os estatutos são de dois anos, eu estive mais dois. O desgaste foi tremendo e vivi algumas humilhações”. Quais? Alguém perguntou Lino Pintado respondeu que “não senti por parte do poder local grande receptividade. Merecia, no mínimo, mais respeito”. Por aqui se ficou. Na Assembleia ficou-se a saber que há um grupo, liderado por José Carlos Canas, disposto a assumir a secção de basquete, tendo Lino Pintado proposto aos sócios uma votação, sem resultado vinculativo, de forma a dar ao grupo algum ânimo para a sua continuidade, proposta aprovada por unanimidade. No uso da palavra, o presidente da mesa da Assembleia-Geral, João Pedro Matos, sobre a situação atrás aflorada, disse que “são situações embaraçosas, mas de futuro o clube irá usufruir de melhores condições”.

Manuel Zappa