Uma centena de caloiros recebe árvores e bolotas para plantar no Buçaco a pensar no futuro. No Departamento de Biologia da UA praxe significa plantar uma árvore. A iniciativa, que pretende estimular a ligação à Natureza entre os futuros biólogos e professores de Biologia e Geologia, transformando-os em baby-sitters de carvalhos, vai ainda mais longe. Cada um dos novos estudantes tem também mas mãos uma bolota que terá de semear e fazer germinar para que sejam os caloiros do próximo ano a plantar a árvore.
O projeto batizado de ”Biologia a Plantar o Futuro” nasceu no ano passado pela mão da Comissão de Faina de Biologia, em parceria com a Unidade de Vida Selvagem da UA, o Herbário do DBio e a Fundação Mata do Buçaco, e faz parte da receção aos novos alunos daquele departamento. Pelo segundo ano consecutivo, e desta vez com a participação da Comissão de Faina de Biologia e Geologia, a iniciativa quer continuar a ajudar a reflorestar a Mata Nacional do Buçaco que por ação do forte temporal de janeiro de 2013 perdeu cerca de 2 mil árvores.
Esta sexta, Dia da Floresta Autóctone, cada um dos estudantes vai plantar o seu bebé na Mata Nacional do Buçaco. A plantação está integrada na 5ª edição do Sement Event, que visa a apresentação e discussão das atividades desenvolvidas no âmbito do Projecto Life + BRIGHT (Bussaco’s Recovery from Invasions Generating Habitat Threats), uma iniciativa financiada por fundos comunitários que tem como objectivo combater as espécies exóticas invasoras, uma das principais ameaças ao património natural único da Mata do Buçaco.
“À semelhança do ano passado, foi entregue um pequeno carvalho a cada um dos caloiros, para eles tomarem conta até à plantação”, explica Milene Matos, bióloga da UA e criadora do Serviço Educativo da Fundação Mata do Buçaco.
“Os grandes objetivos desta iniciativa, ao proporcionar aos novos alunos o contacto direto com uma ação de conservação, são os de lhes aumentar o sentido de ligação ao mundo natural, fomentar-lhes a responsabilidade perante o património natural e o espírito de missão, demonstrando-se que cada ação individual conta”, relata a bióloga vencedora do prémio internacional Terre de Femmes 2015 com o projeto BIO Somos Todos, que chamou a si a logística e o pagamento do transporte dos alunos até à mata para plantarem as árvores.
A escolha do carvalho-alvarinho, para planta adotiva, não foi feita ao acaso. Por um lado, aponta a bióloga, “é uma espécie relativamente resistente e, por isso, aguenta o tempo que os alunos a tiverem em casa”. A segunda razão da escolha é pedagógica: “O carvalho-alvarinho é uma das espécies da nossa floresta original, sendo já raras as manchas de carvalhal bem conservadas”.
E, pela primeira vez, serão entregues aos caloiros bolotas que terão de semear e fazer germinar. “As árvores dos caloiros do próximo ano serão o resultado dessa germinação”, antevê Milene Matos.
A entrega das bolotas aos estudantes “reforça os objetivos da plantação, mas pretende estimular também o altruísmo e espírito de camaradagem, ao simular a responsabilidade social na proteção da natureza e simbolizar uma certa passagem de testemunho". O gesto, aponta a bióloga, quer fazer passar a mensagem de que, para que a conservação funcione, “tem de haver o compromisso de todos, das várias gerações, independentemente de quem semeia, de quem planta ou de quem vê as árvores já adultas”.
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