Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) desvendou alguns aspetos essenciais do mecanismo da síntese de nanopartículas metálicas utilizando extratos de plantas como agentes redutores e de estabilização. A nova metodologia pode ser utilizada com uma grande variedade de extratos vegetais, tem baixo custo de produção e permite valorizar os resíduos da indústria agroalimentar e agroflorestal. Por isso, garantem os investigadores da UA, o uso de extratos de plantas ou de resíduos de biomassa é uma alternativa às estratégias convencionais de síntese de nanopartículas muitas das quais envolvendo reagentes perigosos que representam elevados riscos para o ambiente e para a saúde humana.
“As metodologias químicas utilizadas atualmente para a síntese de nanopartículas metálicas em soluções coloidais, e que permitem um controlo preciso do tamanho e da morfologia, são normalmente baseadas no uso de agentes redutores, tais como a hidrazina, o boro-hidreto de sódio ou a N,N-dimetilformamida, tipicamente associados a elevados riscos para o ambiente e para a saúde humana”, esclarece Carmen Freire, investigadora do CICECO - Aveiro Institute of Materials. Este problema, aponta a coordenadora do estudo, “é particularmente relevante quando pensarmos em produções industriais onde são usadas elevadas quantidades destas substâncias tóxicas”.
No caso de se usarem extratos vegetais ou resíduos da indústria agroalimentar e agroflorestal, aponta Carmen Freire, “esses riscos não existem uma vez que estes extratos não representam qualquer risco ambiental”. Outra das grandes vantagens encontradas é que “o método pode ser facilmente introduzido na indústria que produz estas nanopartículas porque não envolve nenhum equipamento específico e é bastante simples”.
A área da nanotecnologia, nomeadamente do desenvolvimento e produção de nanopartículas com tamanhos e morfologias específicas, é atualmente uma das áreas de maior relevo devido às inúmeras aplicações deste tipo de materiais, como sensores, pigmentos, em têxteis inteligentes, células de combustível, embalagens funcionais, libertação controlada de fármacos, materiais antimicrobianos, biomarcadores, entre muitas outras.
As conclusões obtidas pelo trabalho da UA, que para além de Carmen Freire envolveu o trabalho dos investigadores Ricardo Pinto, Sónia Santos, Paula Marques, Sílvia Rocha, Carlos Pascoal Neto e Armando Silvestre, podem ser extrapoladas para uma vasta gama de extratos naturais. Nesta perspetiva, acredita a equipa, estes resultados podem ser uma força motriz para a otimização da síntese verde de nanopartículas metálicas de modo a obter um controlo cada vez mais eficaz das suas propriedades.
Texto: UA
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