Alberto Souto afirma que “Aveiro foi longe” com Girão Pereira. Fala de “um político hábil, afável e respeitador” que “neutralizou as oposições com obra e fidelizou as populações com ela”. O antigo presidente da Câmara, eleito pelo PS, é uma das vozes que abordou o falecimento o presidente de Câmara eleito em eleições livres no Portugal democrático.
“Fomos adversários, mas inevitáveis cúmplices. Desde as farpas jornalísticas de juventude com que o mimava até aos dossiers que dele herdei, conheciamo-nos muito bem. Havia coisas que só nós sabíamos. Em nome de Aveiro - e da boa educação cívica – respeitámo-nos e nunca precisámos de deslustrar o cargo violando esse tácito pacto de confidência. Sempre nos combatemos politicamente e sempre nos demos bem pessoalmente”.
Alberto Souto admite o peso do exercício de cargos públicos durante longos anos mas assume não cair na tentação de julgamentos partidários. “Nenhum autarca sai imune de 18 anos de poder. Mas o julgamento partidário simplista era redutor. Nunca caí nessa tentação. Preferi dignificar 18 anos de progresso. Olhar em frente. Como ele soubera fazer”.
A homenagem de Aveiro a Girão Pereira concretizou-se em vida e Souto entende que se fez justiça com a história. “Quando o Executivo a que presidi deliberou, em nome de Aveiro, atribuir-lhe a medalha de Ouro, senti que estávamos a ser justos com a História. A fotografia apanhou-nos sisudos, talvez graves da circunstância. Do orgulho em dar e da emoção de receber. Este luto municipal e comoção cívicas honram o político e a obra”.
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