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NOTÍCIAS | | | 01-04-2003
| Contenção marca corsos
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| Carnaval
Contenção marca corsos de inspiração brasileira deste ano
A crise chegou ao Carnaval e, com ela, fugiram os artistas famosos dos corsos espalhados pelo país e apenas os locais de festejos mais tradicionais parecem não estar preocupados com o dinheiro.
Provando isso mesmo, muitos corsos têm menos estrelas internacionais, normalmente pagas a peso de ouro, governando- se com a prata nacional e com a «lata« de foliões anónimos.
Nomes brasileiros e grandes carros alegóricos são quase oásis num ano em que os orçamentos foram reduzidos ou, pelo menos, se mantiveram face a 2002.
Noutros casos, os desfiles foram mesmo anulados, como sucedeu em Alcobaça, onde depois da actuação de estrelas como Ronaldo, Susana Werner, Tiazinha ou Karen Jardel, um dos Carnavais mais brasileiros de Portugal foi anulado por falta de orçamento da autarquia, que organizou o evento nos dois últimos anos.
No distrito de Aveiro, a crise também bateu à porta e orçamentos iguais ou mais reduzidos que em 2002 marcam os festejos em Estarreja e Mealhada.
Estarreja vai fazer a festa pelos mesmos valores do ano transacto (160.000 euros) e a Mealhada tenciona gastar menos 25.000 euros, fixando o orçamento em 200.000 euros, tendo recorrido a formas imaginosas de conter gastos, como encomendar parte dos fatos no Brasil.
Nos dois casos, as organizações esperam arrecadar metade das verbas orçamentadas em receitas de bilheteira e a Mealhada experimenta uma nova modalidade de ingressos, que permite poupar a quem queira ver os corsos de pé.
Na Mealhada, a aposta brasileira centra-se no rei Luigi Baricelli, («Alexandre« da telenovela «Sabor da Paixão«) e no padrinho dos corsos, o também actor Óscar Magrini (telenovela «Esperança«), estando ainda prevista a presença de Yolanda Cardinalli, filha do empresário circense Vítor Hugo Cardinalli.
Aqui, a influência brasileira estende-se ainda aos fatos de duas das quatro escolas de samba, confeccionados no Brasil pelo estilista Nanynho, com atelier de costura em São Vicente, litoral do estado de São Paulo.
Por seu turno, a organização do Carnaval de Estarreja anunciou reis distintos para os corsos programados: domingo é a vez a cantora Ruth Marlene e do actor Fernando Mendes e na terça-feira a soberana será a actriz Maria Vieira, demonstrando que altura não é sinónimo de «realeza«.
Os festejos carnavalescos mais abrasileirados no distrito de Aveiro completam-se com cortejos em Aveiro e Ílhavo, ambos com entradas gratuitas.
Na capital do distrito, o Carnaval, organizado pela Paróquia da Glória há mais de 20 anos, esteve para não se realizar por falta de dinheiro.
Contudo, a organização acabou por assegurar os habituais cortejos pelo centro da cidade, porque a Câmara pagou o subsídio referente à edição do ano passado.
No entanto, e devido à contenção de despesas, a tradicional chegada de barco do Rei Glorius XX, pelo Canal Central, foi removida do programa, mantendo-se os cortejos de domingo e de terça-feira.
Em Ílhavo, o programa começou em 22 de Fevereiro1 com o «Tó-Có-Corno«, uma tradição local, que a associação «Os Baldas«, organizadora do Carnaval de Vale de Ílhavo há mais de cinco anos, decidiu recuperar.
O desfile do corso carnavalesco, com a participação do casal real D. Furão Manhoso e Dona Forreta Leite, tem lugar no domingo «gordo«, repetindo-se na terça-feira de Carnaval.
Depois do centro de Portugal, o trono cabe também ao sul do país, mais propriamente no Algarve, onde o entrudo é comemorado um pouco por toda a região com festas de rua e em unidades hoteleiras e colectividades.
Nos corsos do secular Carnaval de Loulé vão participar cerca de duas dezenas de carros alegóricos e duas escolas de samba, que sob o lema «Tesos, de tanga... mas felizes«, vão transformar a avenida José da Costa Mealha num autêntico «Sambódromo«.
Nas tardes de domingo, segunda e terça-feira, a par de milhares de foliões, vão desfilar 17 carros alegóricos que procurarão satirizar a actual situação político-financeira do país.
Os desfiles vão ainda ser animados com a presença de artistas e figuras televisivas como Sónia Araújo, Manuel Melo, Ruth Marlene e o actor Fernando Mendes (estes últimos a dividir a quadra com Estarreja).
Em Vila Real de Santo António, os corsos vão ter este ano como lema «Pós Apocalipse«, com carros alegóricos feitos a partir de materiais recicláveis, designadamente salvados e sucatas de viaturas automóveis.
Veículos recuperados nas sucatas, pedaços de chapa, ferro forjado, rolamentos e restos de pneus, tudo serviu para construir os carros carnavalescos que vão desfilar nos dias 02 e 04 de Março, numa ideia da companhia de teatro «Fech´O Pano«.
Este Carnaval reciclado vai animar as ruas de Vila Real de Santo António e de Monte Gordo, mostrando aos foliões que após o apocalipse a vida pode continuar com o aproveitamento do que resta, num invulgar apelo à reciclagem de produtos e materiais.
Subindo o país, num passeio pelo mapa dos Carnavais, Elvas é uma cidade que tenta conquistar o título de capital alentejana do Carnaval.
Para isso, apresenta um desfile nocturno, que coroa como rei do Carnaval 2003 o cantor local Jorge Góis.
O programa dos festejos carnavalescos envolve três corsos, com 24 carros alegóricos, seis grupos organizados portugueses (de 50 a 90 pessoas cada) e ainda comparsas espanholas, oriundos das localidades de Badajoz, Santa Amália, Barcarrota e Gévora.
No distrito de Leiria, a vila de Pataias parece tentar suceder à sede de concelho (Alcobaça) como principal centro do corso na região.
Para isso, conta com a presença de Pedro Miguéis, da Academia de Famosos da TVI, acompanhado por Juliana Santos, uma jovem residente na vila.
Alfeizerão, Turquel, Leiria, são outros dos pontos de paragem do espírito carnavalesco mas é na Figueira da Foz, que se prevê uma das maiores enchentes do centro do país.
Nesta cidade, o sucesso de mais um corso na marginal parece garantido, com a participação do apresentador João Melo (TVI) e da ex-Masteplan Gisela.
As ruas da avenida do Brasil, em Buarcos, vão encher- se de foliões, constituindo um dos pontos altos da promoção da Figueira da Foz durante a época baixa.
Samba e ritmos brasileiros compõem este ramalhete de boa disposição que vai contagiar muitas vilas e cidades de Portugal.
Lusa
(28 Fev 03 / 15:38) |
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