"Não há razões para preocupação" com o Petcoke na Gafanha da Nazaré. A afirmação é do líder da Administração do Porto de Aveiro, José Luís Cacho.
A população queixa-se de "mal estar permanente" e existe "preocupação” sustentada nos eventuais efeitos nocivos do Petcoke que é descarregado a céu aberto na área portuária, na Gafanha da Nazaré. Sobre esta matéria, José Luís Cacho, Administrador do Porto de Aveiro, em declarações à Terra Nova, assegura que "não há motivo para preocupações".
O processo de licenciamento da empresa que movimenta Petcoke, para cargas e descargas, "está a decorrer", disse, sublinhando que "não há nada que cause problemas aos moradores". "Não temos nada a ver com o licenciamento da operação de descarga do Petcoke. As coisas estão a ser resolvidas. Deixo uma mensagem de tranquilidade. Não há nada que nos indique que haja problemas para os cidadãos. Não há indícios nenhuns de contaminação de nada. As pessoas que estejam tranquilas", vincou.
Neste contexto, contactado esta tarde pela Terra Nova, Humberto Rocha, médico e ex-Presidente da Câmara de Ílhavo, um dos cidadãos mais activos nesta luta permanente contra a movimentação deste derivado do petróleo, sem protecção, que deu origem a um abaixo assinado com mais de mil assinaturas, voltou a dizer que o Petcoke “é nocivo para a saúde humana” e que o estudo realizado pela Universidade de Aveiro (UA) à qualidade do ar na Gafanha, enferma de “algumas imprecisões”, reforçou.
“O estudo foi feito em três pontos de recolha de poluentes (dois na Gafanha e um em Ílhavo), muito longe da fonte poluidora. Não apresentaram nenhum ponto de referência antes da pilha de Petcoke, a montante. Para se saber se o ar é bom, teria de ser monitorizado antes da pilha”, disse.
Humberto Rocha discorda de José Luís Cacho. “Não é como ele diz. Basta ver o estudo feito. Dos 29 dias de recolha, um deles ultrapassou o valor normal, passou dos 50 para 71 por cento. Houve ainda seis dias onde foram ultrapassados os limiares superiores de avaliação. Dos 29 dias apenas aproveitaram 13 dias de recolhas porque houve problemas electricos. Desses 13, sete dias tem problemas porque apresentam valores excessivos de poluição que causam alarme na população local”, adiantou.
Humberto Rocha discorda de quem diz que o Petcoke é inofensivo. “Como é possível alguém afirmar que nada se passa com a movimentação do Petcoke?”, questionou.
“Primeiro os navios descarregam aquilo causando uma imensa nuvem negra. Depois os comboios transportam o Petcoke sem qualquer protecção, libertando poeiras”. A APA, sugeriu,“tem de obrigar o concessionário a tomar medidas para minimizar os impactos negativos dos poluentes. Que as entidades responsáveis se preocupem e obriguem a CIMPOR a fazer o que deve ser feito para minimizar o impacto. Que façam um alpendre para meter lá dentro o Petcoke. Espero que não tenhamos de ir mais longe”, ameaçou. “No Brasil e nos EUA os navios foram proibidos de fazer estas descargas. Aqui estamos no terceiro mundo? Tudo se permite?”. “O Petcoke paira sobre a Gafanha e cai na Gafanha”, vincou.
Humberto Rocha assegura que o produto pode causar graves problemas de saúde. “É um derivado do petróleo que tem pequenas partículas que provocam asma, problemas cardio-vasculares. Tem enxofre e elementos cancerígenos. Perante isto as pessoas não devem ter medo destas poeiras?”, reforçou o médico.
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