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NOTÍCIAS |  | | 01-04-2003
| Suspeito quer ser ouvido em inquérito pela PJ
| | Aveiro |
| | Aveiro/Desvio de fundos
Suspeito quer ser ouvido em inquérito pela PJ
O ex-secretário-geral da Associação de Cooperação para o Desenvolvimento «Sul«, suspeito de desvios de fundos daquela organização de Aveiro, manifestou hoje o desejo de ser chamado para inquérito no âmbito da investigação policial em curso.
«Quem não deve, não teme. E como estou a passar por ladrão e vigarista, gostaria de ser chamado à PJ para inquérito«, desafiou Elias Costa, um cidadão de S. Tomé e Príncipe que se fixou em França após viver, estudar e desenvolver um trabalho associativo em Aveiro.
Sem fornecer detalhes, fonte policial confirmou sexta- feira que a Polícia Judiciária (PJ) está a concluir a investigação deste caso e o actual presidente da «Sul«, Rui Correia, imputou a Elias Costa as suspeitas sobre o alegado desvio de fundos.
Contactado pela Agência Lusa, Elias Costa devolveu as acusações, afirmando que ele próprio também apresentou duas queixas à PJ, «alicerçadas em documentos«, contra Rui Correia «e seus amigos«.
Na versão de Rui Correia, a investigação foi despoletada em Fevereiro de 2000 depois de a «Sul« ser informada por um organismo público da transferência de uma verba para a associação que de facto não dera entrada nos seus cofres.
Rui Correia disse suspeitar que o ex-secretário-geral desenvolveu campanhas de recolha de fundos, registou a Sul em França e abriu uma conta em nome da associação, que poderia movimentar apenas com a sua assinatura, tudo sem conhecimento dos órgãos sociais.
A existência da conta, num banco cuja marca comercial foi entretanto extinta, detectou-se quando os dirigentes descobriram que Elias Costa enviara um e-mail a câmaras municipais, pedindo fundos para uma campanha e indicando um número interbancário (NIB) diferente do usado pela instituição, detalhou Eduardo Nata, outro dirigente da «Sul«.
Na sequência da ulterior queixa, a PJ fez uma busca à residência que Elias Costa tinha em Aveiro.
O cidadão são-tomense confirmou à Lusa ter sido visitado pelos investigadores, que levaram um arquivo-morto, «uma papelada que não serve para nada«.
Negou ter registado a «Sul« em França e admitiu ter desenvolvido campanhas de angariação de fundos, «mas nunca à revelia«, sempre no uso de alegados «poderes reforçados« que lhe teriam sido concedidos pelos órgãos sociais da associação.
Confirmando a abertura da conta referida por Rui Correia, Elias Costa assegurou que ela só podia ser movimentada com três assinaturas.
A sua era uma delas e outras omitiu-as, adiantando apenas que a conta ainda existe, agora no banco que comprou a marca comercial entretanto extinta.
«Estão a tentar inverter tudo. Por isso é que queria ser ouvido em inquérito«, reiterou Elias Costa, que também tem no seu percurso pessoal algumas incursões pela política, tendo sido candidato derrotado ao governo regional da ilha do Príncipe.
Nenhuma das partes quantificou os valores que diz terem sido desviados pela outra.
A «Sul« existe há 11 anos e integra a Plataforma Portuguesa de Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento.
A convulsão por que passa reflectiu-se no abrandamento das suas actividades, mas no seu historial contam-se projectos como o levantamento da cidade velha de S. Tomé, no sentido de se lançarem infra-estruturas de saneamento básico, disse Eduardo Nata, que na «Sul« detém o pelouro das relações internacionais.
Lançou ainda a campanha «Um Dia de Trabalho a Favor de Timor« e desenvolveu acções promocionais do «Comércio Justo«, uma filosofia comercial adversa aos intermediários, detalhou a fonte.
Lusa
(21 Out / 9:32) |
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