Unidos num gigantesco abraço. Foi desta forma que as comunidades educativas dos dois colégios do concelho de Anadia (Famalicão e Mogofores), ambos sediados na União de Freguesias de Arcos e Mogofores, materializaram a iniciativa levada a cabo na última sexta-feira, dia 6 de maio, por várias dezenas de estabelecimentos de ensino no país, com contrato de associação.
O “abraço à escola” envolveu, no total, mais de mil participantes. Contudo, o primeiro “abraço à escola” fez-se nos Salesianos de Mogofores, envolvendo professores e alunos, logo após o “Bom Dia”. De seguida, alunos, pais, docentes e pessoal não docente rumaram em direção ao Colégio de Nossa Senhora da Assunção (Famalicão) onde se juntaram, no recreio daquele estabelecimento de ensino, a toda a comunidade educativa que os aguardava para darem início a um abraço conjunto, que envolveu um milhar de participantes. Começou no interior deste estabelecimento de ensino e estendeu-se às ruas das imediações por onde desfilaram, desafiando a chuva que teimava em cair de forma persistente.
Só os ricos podem escolher. Dário Tavares, diretor pedagógico do Colégio Salesiano de Mogofores, avançou que “o abraço mostra como os nossos estudantes sentem, vivem e amam a sua escola”. Por outro lado, esclareceu ainda que “a presença de tantos antigos alunos testemunha a importância e a qualidade do tempo passado nestas escolas”, ao mesmo tempo que foi “um grito de repúdio de políticas que querem que apenas as famílias com altos rendimentos possam escolher a escola dos seus filhos. Aos pobres resta encher as escolas do Estado.”
Também Idalina Faneca, diretora pedagógica do Colégio Nossa Senhora da Assunção, avançou que “o cordão humano teve um nível de ordem, disciplina e dignidade, que identifica o Colégio e seus encarregados de educação. É grande o nosso reconhecimento pela colaboração de todos nesta ação, promovida pelo movimento nacional da “Defesa da Escola” e dinamizada por todos nós, alicerçada no direito que os pais têm de escolher a escola para os seus filhos, numa base de igualdade de oportunidades”.
Luta vai continuar. No final desta iniciativa, a única certeza que ficou é que a luta pela defesa destas escolas vai continuar. “O Governo terá de honrar os compromissos assumidos com as famílias e com as escolas. A liberdade não pode estar condicionada pelo facto de uma família ter ou não ter dinheiro ou por se residir nesta ou naquela freguesia. São as escolas que têm de estar ao serviço dos seus estudantes. Nunca a vida de um estudante a ser condicionada por ideologias totalitárias ou corporativistas”, sublinhou Dário Tavares.
Acrescente-se que estes dois estabelecimentos de ensino recolheram ainda centenas de cartas contra o fim do financiamento que se juntaram a muitas mais recolhidas no país, num total de aproximadamente 100 mil cartas, entregues já esta semana no Palácio de Belém e em São Bento.
De destacar ainda que alguns colégios privados já se encontram a preparar providências cautelares para travar este processo. Em causa está o facto do Ministério da Educação deixar de financiar novas turmas (5.º, 7.º e 10.º anos) em colégios privados em zonas onde exista oferta na escola pública, aplicando ainda a regra da limitação geográfica. A publicação do despacho normativo n.º 1H/2016 em abril, sobre as matrículas e frequência de escolas veio aumentar a contestação, já que os privados interpretam esta posição como uma “violação grosseira e unilateral dos contratos de associação em execução, plurianuais, celebrados entre as escolas e o Estado, em resultado de um concurso público concluído em agosto do ano passado e com vigência até 2018.
Catarina Cerca
catarina.i.cerca@jb.pt
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