“Mamã, não estejas triste. Isso já passa”. A frase é repetida por Maria João, de três anos, sempre que vê a mãe a chorar. Olga, a mãe, chora quando vê a filha mais em baixo. E é a pequena Maria João, diagnosticada há um ano e meio com leucemia, que tenta animar a pessoa que todos os dias está ao seu lado, que a acompanha nos tratamentos e que vai buscar força à menina “que nem parece estar doente” porque “está sempre a sorrir”.
Foi para os pais que, como Olga e o marido, têm de lidar com um filhos com doenças oncológicas que, em 2014, nasceu a Associação Pais Heróis. Adelaide Silva, a fundadora, apercebera-se da falta de alguém que acompanhasse os pais de crianças com cancro quando acompanhava a sua filha nos corredores do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, e decidiu criar uma associação que pudesse dar algum apoio à rectaguarda familiar de quem tem de lidar de frente com uma situação desta sensibilidade. Apesar de ter uma estrutura familiar que lhe dava todas as garantias, Adelaide Silva, mãe de Maria – que acabaria por perder a batalha contra o cancro - , percebeu que muitos pais passavam por graves dificuldades dos mais variados géneros. Nesse sentido, e notando que, apesar de tudo, havia várias entidades a preocupar-se com as crianças internadas nos IPO, mas nenhuma a salvaguardar os pais dessas crianças, lançou-se no desafio de criar esta associação.
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