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01-04-2003

Agências funerárias morte anunciada


Bairrada

Bairrada Agências funerárias com morte anunciada . Pelo menos 50% das funerárias na Bairrada vão encerrar Pedro Fontes da Costa pedro@jb.pt Os agentes funerários da Bairrada estão a atravessar uma época de crise que poderá terminar com o encerramento de várias Agências funerárias – há quem perspective 50% - caso um artigo da lei que rege o funcionamento do sector não seja alterado. Em causa está uma alínea, do artigo sexto, do decreto lei 206/2001, referente ao quadro de pessoal das funerárias, «que obriga as sedes a terem quatro empregados e as filiais dois”. Mas, nem tudo é desanimador, pois algumas ganharam um novo negócio: os cadáveres resultantes dos acidentes, em determinados concelhos, são transportados por estas, pois os bombeiros negam-se a efectuar o serviço. “Foi um bom ano” Perante um cenário que não é nada animador as pequenas agências de aldeia não têm capacidade económica para suportar este número de trabalhadores, apesar da lei, que veio regulamentar o sector, seja considerada pelos agentes em geral “razoável”. António Carmo, proprietário da Agência Funerária Palhacense, diz que “a lei imposta vai determinar o encerramento de, pelo menos, 50% das agências” e que no seu caso se viu obrigado a fechar as filiais. “Não efectuamos funerais suficientes que nos permitam pagar a quatro funcionários, contabilidade organizada e ainda ter uma loja aberta ao público”. ”Tenho colegas que efectuam dois ou três funerais de dois em dois meses. O encerramento é mais do que certo”, reforça António Carmo. Ana Moreira, que dirige uma agência em Vilarinho do Bairro, com 75 anos de existência, acredita que “a maioria vai fechar”, mas explica que “este foi um bom ano. Morreram muitas pessoas, mas podemos entrar em crise e aí só aguentam as grandes funerárias. Vamos esperar para ver”. Em Cantanhede, Fernando Simões Boiça, proprietário da Agência Boiça, afirma que está preparado e “se for necessário alinho com outros meus colegas e partimos para a greve”, acrescentando que, “pelo menos, metade das agências funerárias vão fechar. É impossível que as pequenas agências se aguentem”. Bombeiros não transportam cadáveres As corporações de bombeiros estão a aderir em massa ao não transporte de cadáveres, resultantes de acidentes, ou não. Argumentam que as ambulâncias são para prestar socorro e não para transportar cadáveres. Pioneira, a corporação de Oliveira do Bairro não abre excepções para ninguém. Fonte desta corporação disse ao JB que “é um princípio que não abdicamos, apesar de inicialmente termos recebido algumas críticas”. Com este aparente abandono, são as funerárias que facturam. Não dizem quanto, mas também não dizem não ao serviço, seja ele a que horas for. Urnas para o ministério da Economia Caso os agentes funerários não sejam recebidos, até ao dia 20 de Setembro, pelo ministro da Economia, esperando uma resposta «positiva« às suas aspirações”, cada carro funerário levará uma urna para ser depositada frente ao ministério. Adelino Pinto, dirigente da associação de agentes funerários do Centro disse à Agência Lusa que o protesto será “um pouco bizarro”. Incluirá representantes de sete distritos da região Centro, num total de 200 carros e igual número de urnas. «A urna representará a morte das pequenas agências e será entregue tal qual como se de um serviço fúnebre se tratasse, com respeito e dignidade«, concluiu. (4 Set / 8:43)

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