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NOTÍCIAS |  | | 01-04-2003
| Atletismo no distrito têm vindo a crescer
| | Atletismo |
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Acácio Oliveira, presidente da AAA, em entrevista
Acácio Oliveira dirige a Associação de Atletismo de Aveiro (AA) desde 1990. Doze anos de dedicação a uma modalidade que, segundo este responsável, tem vindo, no distrito de Aveiro, “a crescer quantitativamente e qualitativamente, ao longo dos últimos dez anos, de forma planeada e sustentada”.
Em entrevista a JB fez um balanço altamente positivo da modalidade num distrito que conta ainda com a colaboração da maioria das autarquias que continuam a ser “ excelentes parceiras da AAA”.
Crítico q.b em relação ao Euro 2004, não deixa de lamentar o facto do atletismo “sair prejudicado em todos os sentidos.” Daí admitir mesmo que “os políticos e autarcas esqueceram-se de tudo o que diz respeito às outras modalidades, colocando-as em risco de asfixia financeira”.
Atletismo no distrito têm vindo a crescer quantitativamente e qualitativamente
JB - As empresas, através da lei do Mecenato, têm contribuído com apoios para AAA?
Acácio Oliveira - A Associação de Atletismo de Aveiro tem estado a ultimar o processo que dará a possibilidade de a AAA utilizar os benefícios fiscais permitidos pela Lei do Mecenato, uma vez que, só há bem pouco tempo atrás, adquiriu o Estatuto de Instituição de Utilidade Pública e ainda porque o processo de enquadramento na Lei do Mecenato é moroso e complexo. Assim, teremos que aguardar mais algum tempo, mas presumo que no início da próxima época tudo esteja tratado para podemos beneficiar dos apoios dados por essa via.
- Que balanço faz deste último meio ano?
- O Atletismo em Aveiro têm vindo a crescer quantitativamente e qualitativamente, ao longo dos últimos dez anos, de forma planeada e sustentada. Os 66 clubes filiados na AAA têm acompanhado essa evolução, procurando, ano após ano, aliar-se ao sucesso da modalidade no distrito através do seu desenvolvimento desportivo, organizativo e administrativo, o que neste último meio ano de actividade trouxe para Aveiro títulos colectivos e individuais que muito nos orgulharam a todos e que há muito não conseguíamos conquistar.
- O atletismo ainda continua a ser um desporto preferido pelos jovens, ou estes desviam as suas atenções para outras modalidades mais recentes, futsal, kickboxing, etc..?
- O atletismo é uma modalidade atractiva e muito diversificada, uma vez que as suas disciplinas permitem correr, saltar e lançar, só por isso podemos dizer que todos os jovens, sem excepção, podem escolher com facilidade a que mais se ajusta às suas características corporais físicas ou psicológicas. A modalidade mais importante a nível dos jogos olímpicos e que mais medalhas trouxe para Portugal, foi, é, e será sempre a modalidade preferida pelos nossos jovens. Só necessitámos é de lhes criar condições nas escolas para a sua prática e ter professores de educação física mais interessados e atentos à realidade das vocações natas dos jovens para prática de uma modalidade que é fácil de praticar e sem grandes custos no equipamento.
Autarquias do distrito têm sido excelentes parceiras da AAA
- As autarquias do distrito têm sabido corresponder às solicitações da AAA?
- As autarquias do distrito têm sido excelentes parceiras da AAA. O diálogo entre a autarquia, os seus clubes e a Associação tem sido bem sucedido e amistoso, por isso estamos de boas relações com as 19 Câmaras Municipais do Distrito, esperando sempre que o diálogo seja uma constante e que as conclusões sejam passos firmes na procura de servir a modalidade da melhor forma em cada concelho, para estímulo dos dirigentes, técnicos e atletas, na continuidade da ocupação dos tempos livres, procurando proporcionando, cada vez mais, melhor qualidade de vida aos seus munícipes.
- E em particular a Câmara de Aveiro?
- A Câmara Municipal de Aveiro têm sido a mais “incomodada” na modalidade, uma vez que é na sua área geográfica que se situa a única pista de sintético do distrito e que, por sinal, se encontra inacabada e com graves problemas de logística. Desde há anos que reivindicamos a sua finalização, mas as promessas têm sido umas e a realidade outra, por isso, esperamos que haja bom senso e seriedade por parte da C.M. de Aveiro no cumprimento dos projectos para que, a curto prazo, a 2ª fase da pista seja concluída e completa uma obra de grande qualidade e utilidade para a modalidade, para a cidade e todo o restante distrito.
- O que se passa com a Pista de Aveiro? Na revista “Mais” aparece uma sátira às condições da pista.
- A sátira feita na revista “Mais” não é senão a transmissão para o papel, através de fotos, de uma triste realidade vivida por todos aqueles que nela entram ou se dão ao trabalho de a analisar com algum pormenor. Aquelas fotos pretendem fazer chegar aos responsáveis o estado de degradação em que se encontra a única pista do distrito (inacabada) e as dificuldades com que a Associação, os juízes, cronometristas, treinadores e atletas se debatem quando têm que a usar para o treino, principalmente na competição. Acho que aquela sátira representa “um grito de revolta de todos os que colocam os seus pés dentro daquela “meia pista de sintético”.
- Portanto, essas condições ainda se mantêm?
- Sim, infelizmente, tudo se mantém na mesma. Resta-nos a esperança que o Sr. Presidente da Câmara, Dr. Alberto Souto, apareça por cá um dia e decida alterar algumas prioridades, beneficiando aquela pista que está a envelhecer de dia para dia.
Euro 2004 veio prejudicar a modalidade em todos os sentidos
- O Euro 2004 diz alguma coisa à AAA?
- O Euro 2004 foi, desde sempre, visto pela modalidade como um acontecimento que nos viria prejudicar em todos os sentidos. Primeiro, porque todas as verbas vindas dos fundos comunitários foram desviadas escandalosamente para o Europeu de Futebol. Gastaram-se milhões na candidatura, gastam-se milhões na gestão, gastam-se biliões na demolição e na construção de campos de futebol para esse evento, destrói-se, lentamente, a economia de um país de uma forma absurda e obcecada. Os nossos políticos e autarcas esqueceram-se de tudo o que diz respeito às outras modalidades, colocando-as em risco de asfixia financeira. A loucura do futebol trará, por certo, num futuro próximo consequências bastantes negativas para a vida da sociedade portuguesa. Esperamos, com ansiedade, que tudo passe depressa e que a história puna os “heróis” deste atentado ao desporto nacional e que alguém saiba, a seguir, corrigir as injustiças praticadas.
- O atletismo no concelho de Oliveira do Bairro já teve pontos mais altos. O que se passa? Será que os melhores atletas foram “confiscados” pelos grandes clubes?
- O concelho de Oliveira do Bairro tem bom atletismo e virá a ter melhor se Câmara acabar a pista na zona desportiva da vila.
Têm-se feito excelentes atletas no concelho, mas todos nós sabemos que quando um atleta se destaca desportivamente os clubes fortes vêm assediar com dinheiro para os irem representar. Não é menos verdade que se aceite, como legítimo, que o atleta sonhe e deseje vestir a camisola de um grande clube, por isso aceitamos, com naturalidade, esta passagem de um pequeno clube para um outro de grande prestígio e dimensão nacional. Por outro lado, vemos sempre esse atleta como nosso embaixador, uma vez que ele vive, estuda, trabalha e treina na terra que o promoveu. Costuma dizer-se que atrás de uns vêm outros: o que será necessário fazer é dar condições aos clubes, dirigentes e treinadores para que tenham boas oficinas para formarem bons atletas e poderem ser capazes de representar Portugal, ao mais alto nível, quer seja no clube da aldeia ou do da cidade.
(30 Ago / 14:00
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