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20-02-2015

Poutena: Vadio, projeto vínico de Luís Patrão, destaca-se pela qualidade e irreverência



 

O jovem enólogo Luís Patrão é o rosto do projeto Vadio, que nasceu há uma década na Poutena, freguesia de Vilarinho do Bairro.
Licenciado em Enologia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), juntamente com seu o pai Manuel Dinis Patrão, e esposa, Eduarda Dias, dá corpo e forma a um projeto familiar, de pequeníssima dimensão, mas de elevada qualidade, consistência e personalidade.
Na pequena adega de família, instalada num antigo armazém que em tempos serviu como farmácia agrícola para os agricultores da região, nascem autênticas peças de relojoaria, vinhos de estilo clássico que respeitam a autenticidade da região e o caráter das castas que lhe dão origem.

Nome. Vadio foi o nome escolhido para este projeto e Luís Patrão explica o porquê da escolha. “Não queríamos nada que fosse do tipo Quinta, Casa ou Herdade. Não queríamos nada formal, mas sim algo que rasgasse, que fosse ‘out of the box’ ”.
Vadio foi a designação escolhida para a marca porque tem atitude e irreverência. Um nome que traduz integralmente o espírito do projeto, ainda que para Luís Patrão este seja um projeto pessoal – que desenvolve, sobretudo aos fins de semana – paralelo à sua atividade profissional, já que passa a semana fora, ao serviço da Herdade do Esporão, onde é enólogo residente. Um negócio de família, alicerçado no pai, Manuel Dinis Patrão que, já reformado e com 73 anos, se dedica de corpo e alma à viticultura.

Terroir. Atualmente são cerca de 4 hectares de vinha mas a intenção é aumentar a área de vinha, ainda que esta seja uma tarefa bastante difícil numa região onde as pessoas são muito agarradas à terra. “Por exemplo, para conseguir um hectar, tenho de comprar a 4 ou 5 pessoas diferentes”, adianta.
Assim, tendo como elemento fundamental a recuperação das castas tradicionais e a produção de autênticos e genuínos vinhos DOC Bairrada, Luís Patrão possui duas parcelas de vinha totalmente distintas.
Localizadas em pleno Vale do Forno, estas têm condições geológicas completamente distintas entre si, mas que permitem explorar todo o potencial enológico da região.
A JB revela também que o maneio de cada parcela é planeado atendendo às diferentes composições de solo e castas, em conjunto com o resto dos fatores vitícolas, a fim de chegar a uma completa e equilibrada maturação com a personalidade própria de cada terreno e casta.
“Praticamos uma viticultura assente na sustentabilidade através de um modo de produção integrada, protegendo a biodiversidade da região”, sublinha, destacando ser esta a forma de conceder uma maior autenticidade e caráter aos vinhos. Por isso, a vindima demora muito tempo, vai sendo feita de forma cirúrgica, dependendo do estado de maturação dos cachos.

Prémios e reconhecimento. No final do mês de janeiro, Luís Patrão foi premiado pela WINE – A essência do vinho, uma das publicações especializadas mais prestigiadas de Portugal, com a distinção de Produtor Revelação do Ano 2014. Uma distinção que vem trazer às “luzes da ribalta” o trabalho do enólogo neste seu projeto vínico pessoal.
Segundo a Wine, “vinhos simultaneamente de autor e de terroir, vinhos de reflexão, que mostram que os projetos pequenos, mas bem estruturados e íntegros, merecem ser destacados”.
Prémio e críticas muito positivas têm-se sucedido, o que o leva a fazer um balanço muito positivo. “São 10 anos num negócio que demora muito até começarem a aparecer resultados. Por isso, ao fim de 10 anos, ter este reconhecimento demonstra que estamos a trabalhar de forma acertada, a fazer as coisas bem feitas e como as pessoas gostam”. Por outro lado, reconhece que os prémios “são um importante incentivo, um estímulo, pois não só premeiam o nosso esforço, dedicação e trabalho árduo, como também nos ajudam a mantermo-nos no rumo que traçámos, ajudando também, naturalmente, a vender.”

Vinhos. O projeto Vadio é responsável por um branco, dois tintos e um espumante. Os vinhos brancos fermentam e estagiam em depósitos de inox. Os vinhos tintos fermentam em lagares ou em depósitos de pequena capacidade e terminam com um estágio de pelo menos 18 meses em barrica. Os espumantes são feitos de acordo com o método clássico, tendo um período de estágio mínimo de 12 meses em contacto com as leveduras após segunda fermentação.
“O espumante é um produto de menor volume que encaro como algo que devemos fazer porque estamos na Bairrada e esta foi a primeira região do país na produção de espumante”, acrescenta.
Luís Patrão revela que o perfil dos vinhos tinha de ser trilhado na aposta nas castas da região, num estilo menos comercial e mais clássico, ou seja, voltados para pequenas quantidades, mas de excecional qualidade.
“A nossa aposta é feita em nichos de mercado, apostando nos mercados de exportação, mercados mais maduros, tais como são o Japão, EUA, Bélgica, Brasil, Inglaterra, Suiça e países nórdicos. Assim, noventa por cento da produção destina-se ao mercado externo, o restante encontra-se na restauração e nas garrafeiras de referência.
Reservado qb, Luís Patrão está determinado em fazer crescer este projeto, fazendo-o ganhar dimensão e notoriedade. Ao mesmo tempo, acredita que a Bairrada encontrou o seu rumo. “Sendo esta uma região pequena, tem um património único – a casta baga – que a torna diferenciadora.” Por isso, “o caminho deve fazer-se com projetos como o Vadio, Filipa Pato, Quinta da Vacariça, Quinta da Bágeiras ou Luís Pato”, apostando em “peças de relojoaria.”

Catarina Cerca


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