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NOTÍCIAS | | | 01-04-2003
| Portugal investe pouco em investigação, mas consome muitos telemóveis
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Portugal investe pouco em investigação, mas consome muitos telemóveis
O número de assinantes de telemóveis em Portugal supera o de muitos países à sua frente no índice de desenvolvimento humano, segundo o relatório de 2002 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
De acordo com o relatório, e a nível comunitário, Portugal é dos que menos investe em investigação e desenvolvimento, apenas ultrapassado pela Grécia, o que se repercute no número de cientistas e engenheiros existentes e nas patentes concedidas.
O documento mostra que Portugal ocupa o 28º lugar entre 173 países do mundo relativamente ao índice de desenvolvimento humano (IDH), mantendo-se no último lugar entre os 15 da União Europeia, atrás da Grécia, que ocupa o 24º.
No entanto, no número de assinantes de telemóveis, Portugal, que regista um valor de 665 por 1.000 habitantes, ultrapassa países como o Canadá (que ocupa o 3/o lugar no IDH), Bélgica (4/o) e Austrália (5/o).Mesmo assim, entre os membros da Europa comunitária, no número de assinantes de telemóveis Portugal é ultrapassado por oito países, estando contudo à frente da Dinamarca (631 assinantes), Espanha (609), Alemanha (586), Grécia (557), Bélgica (525) e França (493).
O gosto pelas comunicações é também evidente pelo aumento das linhas telefónicas, que, em Portugal passaram de 243 por 1.000 habitantes em 1990, para 430 em 2000, valor que ultrapassa as existentes em Espanha (421) e na Irlanda (420).
O número não anda excessivamente longe do país que lidera o índice de desenvolvimento humano, a Noruega, onde existiam 532 linhas por 1.000 habitantes em 2000.
No entanto, países como Barbados e Malta, abaixo de Portugal na lista das Nações Unidas, ultrapassam o país neste domínio, com 522 e 437 linhas telefónicas por 1.000 habitantes em 2000 respectivamente.
Se bem que a Internet se popularizou em Portugal na última década (o número de anfitriões subiu de 1,2 por 1.000 habitantes em 1990 para 6,2 em 2000), o cenário é ainda muito diferente do verificado em todos os países à sua frente no IDH, onde o valor ultrapassa sempre a dezena, à excepção da Coreia do Sul, com 8,5 anfitriões por 1.000 habitantes em 2000.
Por exemplo, o Chipre tinha em 1990 menos anfitriões de Internet que Portugal (0,6), chegando a 2000 com quase o dobro do verificado no nosso país (11.9).
Nos Estados Unidos, o número chegou aos 295,2 em 2000, enquanto que em 1990 rondava os 23. Na Suécia (o país mais desenvolvido da União Europeia segundo as Nações Unidas), o número de anfitriões de Internet passou para os 67,3 em 2000, e na Noruega, país que lidera o IDH, para os 101,1.
As despesas de investigação e desenvolvimento (I&D) representavam em 2000, em Portugal, 0,6 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), o que o equipara, ao nível dos Quinze, apenas à Grécia (0,5 por cento do PIB) e à Espanha (0,8).
Aliás, países não comunitários e abaixo de Portugal no IDH como a Eslovénia e República Checa gastaram mais em investigação em 2000, com um investimento que chegou ao 1,5 e 1,3 por cento do PIB respectivamente.
A Suécia foi o país que mais investiu em investigação, 3,8 por cento do PIB em 2000, assim como os Estados Unidos, 2,5, Japão, 2,8, e Israel, 3,7.
Talvez por reflexo do fraco investimento em investigação, ao nível das patentes concedidas a residentes e das receitas de royalties e direitos Portugal registou valores quase residuais no relatório das Nações Unidas.
Em 1998 foram concedidas 6 patentes em Portugal por milhão de pessoas, muito longe do que aconteceu na Coreia do Sul (779), Japão (994), Estados Unidos (289), e Suécia (271), por exemplo.
Até em países muito abaixo de Portugal na lista de IDH, como Lituânia, Bielorrússia, Roménia, Geórgia e Cazaquistão o número de patentes foi bastante mais elevado: 27, 50, 71, 67 e 55 por milhão de habitantes respectivamente.
O cenário teve repercussões nas receitas de royalties e direitos, que por pessoa significou pouco mais de 2 euros em 2000 em Portugal.
Cenário que provavelmente levará algum tempo a alterar, até porque o número de cientistas e engenheiros em I&D era em Portugal em 2000 de 1.583 por milhão de pessoas.
O valor ultrapassa o verificado no Chipre (369), Hong Kong (93) e Grécia (1.045), países acima de Portugal na lista de IDH, mas parece irrisório perante o registado no Japão (4.960), Suécia (4.507), Noruega (4.095) e Dinamarca (3.240).
Elaborado anualmente pelo PNUD, este relatório compara as condições e a qualidade de vida das populações, com base no chamado índice de desenvolvimento humano (IDH), que tem em conta o rendimento por habitante, esperança média de vida, alfabetização, bem-estar dos cidadãos, entre outros factores.
Lusa
(26 Jul / 9:45) |
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