A Santa Casa de Misericórdia de Anadia assumiu, no passado dia 1 de janeiro, a gestão do Hospital José Luciano de Castro, em Anadia.
Em pouco mais de duas semanas, quem passa à porta ou entra no hospital facilmente se apercebe da alteração. A dinâmica é muito maior, o parque de estacionamento voltou a estar lotado e atingem-se números em consultas que há muito não se viam.
A equipa, liderada pelo Provedor Carlos Matos, tem pela frente inúmeros desafios mas está confiante na melhoria substancial dos serviços de Saúde prestados à população.
A JB, a administradora do Hospital, Maria João Passão, falou do momento atual e do futuro, ainda que este seja já considerado o “ano zero” para um hospital que está determinado em voltar a ser uma das maiores referências da região na prestação de cuidados de Saúde de excelência.
Como está a decorrer o processo de devolução? Onde têm sentido mais dificuldade?
Maria João Passão (administradora do Hospital José Luciano de Castro) – O processo está a decorrer dentro do previsto e com alguma normalidade. As dificuldades que têm surgido têm a ver com a alteração que houve nos recursos humanos, nomeadamente nas áreas clínica e administrativa.
Com que ajudas estão a contar neste processo?
O Hospital José Luciano de Castro mantém-se no Serviço Nacional de Saúde, portanto o processo de devolução envolveu as entidades signatárias do Acordo de Cooperação, que são a União das Misericórdias Portuguesas, a Santa Casa da Misericórdia de Anadia, a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) e ainda outras entidades do Ministério da Saúde, designadamente a Comissão de Acompanhamento da Devolução dos Hospitais às Misericórdias, a Administração Central do Sistema de Saúde(ACSS) e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS). Todas estas entidades estão a trabalhar em parceria para que os hospitais devolvidos fiquem a funcionar em pleno no mais curto espaço de tempo.
Sabemos que muitos funcionários saíram. Quantos saíram e quantos ficaram?
O Hospital José Luciano de Castro tinha no Mapa de Pessoal 120 trabalhadores, dos quais 63 saíram para ocupar vagas existentes na ARSC, Centros de Saúde e Hospitais EPE e 53 ficaram na Santa Casa Misericórdia de Anadia, em cedência de interesse público, mantendo porém o seu estatuto de trabalhadores em funções públicas. Na sequência deste processo, a Santa Casa da Misericórdia criou 22 novos postos de trabalho, contribuindo assim para a diminuição do índice de desemprego na região.
Ainda há pessoal em falta? Em que áreas?
Nesta data, só falta contratar alguns médicos especialistas, para reforçar as equipas já existentes, dado que a procura nesta primeira semana foi muito superior à programada. À medida que a produção for aumentando, serão criados novos postos de trabalho nas diversas áreas.
Quando estará esta unidade hospitalar a funcionar em pleno?
A Unidade Hospitalar da Santa Casa da Misericórdia de Anadia estará em constante crescimento durante os próximos tempos, procurando responder às necessidades dos utentes do SNS, nas áreas contratualizadas, bem como noutras áreas a desenvolver no âmbito da atividade particular e de acordo com a procura da população.
A Unidade Convalescença vai continuar a funcionar?
A Unidade de Convalescença, com 20 camas, vai manter-se.
Vão ter ou já têm acordo com o SNS?
O hospital está integrado no SNS, nas especialidades que já referimos [ver caixa] e ainda na Imagiologia; e Medicina Física e Reabilitação (fisioterapia) vai abrir com equipa reforçada. Os doentes apenas têm de ser referenciados pelo médico de família e só têm de pagar a taxa moderadora, tal como nos hospitais públicos.
O serviço de Urgências vai ser reaberto?
Está a ser analisada a criação de uma consulta aberta de clínica geral em horário diurno.
Como espera ou vai “cativar” novamente a população e utentes a esta unidade hospitalar?
Na área de influência do hospital, existe um índice elevado de procura não satisfeita nas especialidades que referi e que estão abrangidas pelo SNS.
No final do ano de 2013 os tempos médios de espera para consulta (dias), nos ACES Baixo Vouga e ACES Baixo Mondego eram os seguintes:
Cardiologia 300,6; Cirurgia Geral 430,6; Dermatologia 723; Medicina Interna 716,1; Oftalmologia 248; Ortopedia 272,2; Otorrinolaringologia 456,5; Urologia282,9; e Pediatria, 240,4 dias.
O hospital está a constituir um corpo clínico com profissionais reconhecidos por forma a responder, com qualidade e sem tempos de espera, às expectativas das populações dos ACCES do Baixo Vouga e Baixo Mondego.
Acresce que a Santa Casa da Misericórdia está a avaliar a oferta de serviços através dos subsistemas de saúde, nomeadamente ADSE e seguros. O enquadramento destas ofertas será feito gradualmente e em tempo oportuno por forma a não provocar rotura nos serviços.
Irá haver também uma grande interligação com a população através da realização de diversas atividades nomeadamente rastreios de saúde.
Especialidades e acordos
Que especialidades tem ou vai ter e médicos? Como está a funcionar/ou vai funcionar o bloco cirúrgico e o internamento em cirurgia?
Neste momento estão a funcionar as especialidades constantes do Acordo de Cooperação e que são Anestesiologia, Cardiologia, Cirurgia Geral, Dermatologia, Medicina Interna, Oftalmologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Pediatria e Urologia.
A referenciação para estas especialidades, no âmbito do SNS, tem de ser feita obrigatoriamente pelos Centros de Saúde. Nestes casos, o utente apenas paga a taxa moderadora tal como acontece nos hospitais públicos.
Está também a funcionar a Cirurgia do Ambulatório no âmbito do SNS, nas especialidades de Cirurgia Geral e Ortopedia e brevemente iniciaremos as cirurgias nas especialidades de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Urologia.
Brevemente também, os doentes inscritos para cirurgia no SIGIC, poderão escolher o Hospital de Anadia como hospital de destino.
A curto prazo tornaremos pública a informação sobre as especialidades convencionadas e particulares.
O corpo clínico do hospital é constituído, neste momento, por 20 profissionais experientes e conceituados nas respetivas especialidades.
Catarina Cerca
|