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28-12-2014

Entrevista: “Derrocada do BES era inevitável”



Diário de Aveiro: O que a levou a investigar o caso Banco Espírito Santo (BES)?
Maria Teixeira Alves: Acompanhei o Banco Espírito Santo pelo menos desde 1996. Talvez até antes, desde que eu sou jornalista - e comecei muito cedo, no jornal “O Independente”, ainda não tinha sequer acabado o curso. Conheço o percurso de Ricardo Salgado desde essa altura. Eu digo no livro, a certa altura, que Ricardo Salgado não só nunca deixou de aumentar a esfera de influência do BES, como posicionou os Espírito Santo no centro do poder dos grandes negócios realizados em Portugal. Eu assisti à evolução do BES e à decadência.
A certa altura começaram a chegar informações complicadas sobre o Grupo Espírito Santo (GES). Primeiro chegou-me a notícia de que a venda da Escom tinha ficado embargada pelos angolanos e que o registo da venda já tinha sido feito nas contas do GES. Avisaram-me da guerra entre Pedro Queiroz Pereira e Ricardo Salgado sobre a Semapa, avisaram-me depois da existência de um fundo de investimento que revelava que o Grupo Espírito Santo estava a ser financiado com dinheiro dos clientes. Falavam-me da dívida da ES International e de uma sobrevalorização dos activos. Na altura, foi muito difícil obter do BES e do GES qualquer esclarecimento a estes assuntos.
Eu aproveitava as conferências de imprensa para tentar obter respostas directamente do presidente do banco, e em directo. Era a única maneira de não fugirem às respostas. Ricardo Salgado confirmou nessa altura que a venda da Escom só tinha produzido um sinal e que ainda estavam a tentar uma solução para uma venda que tinha sido contratada em 2010. Tudo isto, e outras informações, eram para mim sinais que alguma coisa se estava a passar com o GES. Comecei imediatamente a imaginar um livro que contasse a história do que se adivinhava para mim. Ricardo Salgado tinha os dias contados à frente do BES, era o que me parecia na altura e imaginava que registar em livro a sua sucessão atribulada e no meio de uma guerra familiar, era um imperativo. Eram ingredientes demasiado tentadores para um romance. Já tinha escrito da história da guerra de poder do BCP e iria voltar a escrever, mas desta vez com mais profundidade. Pensei e depois surgiu por acaso um telefonema da Zita Seabra, que tem uma editora, e imediatamente lhe propus escrever esse livro. A Aletheia foi muito receptiva a editar o meu livro.

Na sua óptica, a derrocada era inevitável?
Agora, com o que sei, sim. Era inevitável porque a exposição do BES ao GES, quer directamente, quer indirectamente (através dos clientes), era gigantesca. Desde que se soube que a holding primeira de todo o edifício estava falida, tornava-se muito difícil evitar a derrocada. O Banco só poderia ter escapado se tivesse saído da órbita do GES no início de 2014. Mesmo assim haveria sempre o problema dos clientes do banco que foram levados a comprar dívida do GES. Hoje, penso que o grande erro de Ricardo Salgado foi ter imaginado a extinção da Espírito Santo International (ESI) usando para isso a Rioforte. Ricardo Salgado, quando o endividamento do Grupo Espírito Santo foi apanhado pelo Banco de Portugal, tentou uma reestruturação que passava por acabar com a ESI, mas, para isso, esta teve de vender a Espírito Santo Financial Group (ESFG) à Rioforte que para isso se endividou e depois o projecto passava pela Rioforte atingir um pico de dívida entre Maio e Junho de 2014. Para que a ESI desaparecesse, foi preciso endividar a Rioforte, e depois é que vinha o tal aumento de capital da Rioforte -de mil milhões - que haveria de capitalizar a sociedade, e que já tinha o compromisso de fundos da Venezuela para subscreverem 700 milhões. Ou seja, o GES decidiu endividar a Rioforte e decidiu espalhar essa dívida pelos clientes dos bancos do grupo financeiro a contar com um aumento de capital que havia de chegar. Foi como contar com o ovo no cu da galinha.


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